Mudar para ficar tudo na mesma


Sonny Lo, politógolo, actualmente a leccionar no Canadá, defende hoje, em crónica publicada no "Ponto Final", a introdução de alterações no âmbito do sufrágio indirecto como forma de corrigir algumas deficiências no sistema político da RAEM.

Constatando que certos grupos sociais ficaram arredados, ou pouco representados, na Assembleia Legislativa, o analista defende que a solução passa pela reformulação da eleição através do sufrágio indirecto.

Acompanho Ricardo Pinto e Frederico Rato quando expressam uma visão diametralmente oposta e dizem que não vão por aí.

E, tal como Ricardo Pinto e Frederico Rato, ao contrário do poema, eu também sei por onde é que vou.

O sufrágio indirecto já provou à saciedade que não é solução para restaurar equilíbrios perdidos com o sufrágio directo e as nomeações.

O sufrágio indirecto está definitivamente transformado num campo dominado por determinadas associações, minado por interesses corporativos, onde se favorecem manobras de bastidores cada vez mais obscuras.

A solução não passa pela alteração do sufrágio indirecto, passa pela sua eliminação, pura e simples, complementada com um alargamento do sufrágio directo e universal.

Se houver equilíbrios a restaurar, esses serão restaurados através do mecanismo das nomeações, pelo menos equanto essa aberração ainda se mantiver.

Alterar o mecanismo do sufrágio indirecto só vai resultar numa mudança.....das moscas!!

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