O grande embuste?


E se, afinal, a aprovação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo não fosse mais que uma estratégia deliberada para provocar a aprovação simultânea da adopção por parte de casais homossexuais?
Marcelo Rebelo de Sousa, no seu habitual espaço de comentário na RTP, que vai ser suspenso (já está anunciado e deve-se a "critérios de programação e necessidade de pluralidade de opinião"), mimoseou a controversa lei com o epíteto de "aborto jurídico" uma vez que é bem provável que seja uma lei inconstitucional.
E inconstitucional porque viola patentemente o princípio da igualdade.
Nao deixaria de ser uma enorme ironia que o argumento que foi constantemente invocado para aprovação da lei se viesse a tornar no fundamento da sua inconstitucionalidade.
Defende Marcelo Rebelo de Sousa que, ao impedir a adopção por parte dos casais gay, a lei recentemente aprovada viola o princípio da igualdade, enfermando assim de uma inconstitucionalidade patente.
Mas Marcelo vai mais longe na sua análise.
O comentador lança a suspeita de essa hipotética inconstitucionalidade ter sido intencional, deliberada.
A ser assim, o comentador aponta o dedo ao Partido Socialista e afirma que esta manobra faria parte de uma estratégia que teria como finalidade desviar as atenções da crise económica que se vive no país.
Se o raciocínio de Marcelo Rebelo de Sousa estiver correcto, julgo que a última finalidade seria outra.
Deixar a economia e o mau estado das finanças públicas em segundo plano é importante para os estrategas do PS.
Para a esquerda, seria uma jogada de mestre forçar a aprovação do direito à adopção por parte de casais do mesmo sexo como condição de aprovação da lei do casamento gay.
Sócrates, e o PS, até nem queriam.
Mas, como o Tribunal Constitucional consideraria a lei inconstitucional, a única forma de ultrapassar essa inconstitucionalidade, e assim cumprir a promessa eleitoral feita, seria inserir na lei o direito à adopção.
A confirmar-se, estaríamos perante um cenário simultaneamente maquiavélico e brilhante.
Confesso que não ficaria nada surpreendido se se confirmasse um xeque-mate destes.
Só viria confirmar, muito mais cedo do que eu previa, aquela que é a verdadeira intenção que está omnipresente na discussão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adopção como já deixei aqui escrito.
E estou curioso para ver como reage Cavaco Silva, que precisa do apoio de algum eleitorado de esquerda para assegurar um segundo mandato, perante todo este imbróglio.
Até agora, e no que diz respeito ao requerimento submetido à Assembleia da República para referendar a questão, ciosamente guardado numa qualquer obscura gaveta, o Presidente foi de um silêncio eloquente.




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