Comemoração amarga


Quando comemorava o primeiro aniversário da sua presidência, Barack Obama recebeu uma prenda de todo inesperada, e uma das que menos quereria receber.
O Massachussets, Estado tradicionalmente democrata, que era representado no Senado americano pelo falecido Ted Kennedy, virou à direita.

Scott Brown é o nome do republicano que conseguiu a proeza de conquistar este bastião tradicional do Partido Democrata.
Um ano depois, e com o Mundo ainda embevecido pela aura do mediático presidente americano, os seus compatriotas parecem ter percebido que Obama, afinal, é humano.
"Só" lhe foi pedido que travasse a queda no abismo da economia americana (que podia arrastar sabe-se lá quem e o quê!), ao mesmo tempo que travava uma batalha incessante contra o terrorismo internacional, duas guerras, as quais tinha que ganhar e terminar depressa, corrigisse as trapalhadas que Bush andou a fazer nos seus anos de presidência, que comandasse um Mundo  desesperado por uma liderança forte e carismática, mergulhado numa crise financeira de proporções épicas, com conflitos em várias partes do Globo, com tiranetes e cleptómanos espalhados por todos os Continentes, assolado por tragédias humanitárias resultantes de catástofres naturais ou da má governança de líderes sem escrúpulos e sem visão.
E o homem, no espaço de um ano, não foi capaz de cumprir esta agenda que lhe estava reservada.
Os índices de popularidade interna começaram a descer, enquanto externamente Obama continua a ser sinónimo de simpatia, esperança e popularidade.
Reflexo da queda interna, e de uma péssima campanha eleitoral, os democratas vêem os republicanos conquistar o Massachussets.

Scott Brown derrotou uma baça e apagada Martha Coakley e deixou Obama com um sério problema para resolver.
Muito mais que o simbolismo que a perda de um reduto tradicionalmente democrata representa, a derrota no Massachussets coloca em sério risco uma das grandes bandeiras da administração Obama, na qual era apoiado incondicionalmente por Ted Kennedy - a reforma do sistema de saúde.
Os democratas deixam de ter a maioria no Senado que lhes assegurava a aprovação do programa de reformas no sector da saúde, e os republicanos ameaçam bloquear essa reforma.
Scott Brown, o novo senador, fez deste tema bandeira de campanha, bandeira esta que voltou a agitar fortemente no discurso de vitória que se seguiu às eleições.
Uma prenda de aniversário que Obama gostaria certamente de poder recusar.

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