Declaração infeliz
Cheong U, actual Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, adicionou ontem uma nova asneira ao fértil rol do cancioneiro político de Macau.
Em plena Assembleia Legislativa, na discussão da proposta de lei que define o "Regime de prevenção e controlo do tabagismo" (a Lei do Tabaco), quando confrontado com a possibilidade de serem aumentados os impostos que incidem sobre este produto, como forma de dissuadir o consumo do mesmo, Cheong U terá admitido essa possibilidade uma vez que tal aumento poderia ter esse efeito entre os mais jovens e as pessoas com maiores dificuldades económicas.
É este o teor das notícias e da tradução das suas declarações em plenário, o qual não foi desmentido.
A ser assim, o Secretário teve um momento de particular infelicidade.
Já todos ouvimos, e muitas vezes proferimos, a expressão "quem não tem dinheiro não tem vícios".
Num círculo de amigos, no dia-a-dia, não é ofensiva, não levanta grandes objecções.
Que um governante, no exercício de funções, em sede parlamentar, na discussão de uma proposta de lei, diga algo de muito semelhante, aí sim entramos em caminhos que nunca devem ser percorridos.
Vamos lá esquecer campanhas de prevenção, educação e/ou desabituação.
Vamos mas é aumentar os impostos que, com esse aumento, pelo menos os putos e os pobrezinhos não podem fumar.
Realmente, Senhor Secretário, há momentos em que, por muito que se diga o que intimamente se pensa, era melhor ficar caladinho.
Ou então dizer aquelas banalidades do costume.
Os estudos, as consultas populares, as comissões especializadas,....essas coisas que dão para preencher o tempo de antena sem dizer sim, nem não, nem "nim".
Ou dizer pois, que dizer pois também é bom, já é qualquer coisa, sem ser rigorosamente nada.
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