Um relato da tragédia na primeira pessoa
Relato da tragédia, enviado por mail pelo meu amigo Nico:
Madeira mar de nuvens....
Pedro este é o título de um romance sobre a Madeira de um amigo do meu pai. E lá também descreve uns temporais. Também já assisti a alguns. E aquilo era encarado como parte da vida local. Aparecia de vez em quando. Mas desta vez foi mesmo mau. 40 mortos e muitos desaparecidos, desalojados, nunca tinha visto. Aquelas imagens da TV filmadas de cima são da sede da polícia.
A Ribeira Brava, onde a minha irmã Paula vive,foi afectada e foi evacuada, até o Centro de Saúde - onde ela é enfermeira-, apanhou, por isso não havia nada a fazer ali senão sair enquanto era tempo. Foi o que o presidente da câmara decidiu. Até pôs autocarros à disposição. Ela está na casa da mais nova com os miúdos. O marido, que é médico, não sai do hospital, pois é mesmo necessário.
Ainda consegui falar com a mais nova, Rafaela, quando vinha no comboio, mas ela avisou-me que o saldo estava a acabar e que os multibancos não funcionam. As redes móveis estão instáveis, passa-se horas sem contacto. O meu pai não ficou bem, pois viu as imagens da TV - e foi "alarmado" pelos outros velhotes. Na altura da visita eu ligava para elas e ninguém respondia. Ele deve estar num stress tremendo. Alguma da família é do Monte, onde também houve derrocadas. Ele ouviu falar em Ribeira Brava e Monte, por isso nem deve ter dormido esta noite.
O pior daquilo é que muitas das sedes de bombeiros, se bem me lembro estão nos "restos" da cidade e das outras vilas. Foram os primeiros a apanhar.
No Curral das Freiras, nem com helicópteros. Aquele comandante da fragata Corte Real penso que está mal informado, os helicópteros que leva não entram em certas zonas. Ainda vão fazer trapalhada. Só com descida pela rocha.
Nas pontes há sempre algum tipo de ligações, telefónicas, canalizações, etc.
Para pôr aquilo na ordem vai levar tempo. Há níveis subterrâneos que estão ainda alagados. E aquela baixa do Funchal está irreconhecível. Os "místicos e milenaristas" já começam a falar no 2012, para alarmar. Enfim, tontos a aproveitarem a situação. Não há-de faltar também aproveitamentos políticos, de vários tipos.
Um abraço. Nico
Um grande abraço de solidariedade para ti, para a tua família, e, através de vocês, para todos os que sofrem neste momento na Madeira.
Força para todos os madeirenses!
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