A dificuldade em distinguir o cidadão José Sócrates do primeiro-ministro José Sócrates.

A semana passada foi dominada pelo "caso Mário Crespo".
Toda a gente opinou (eu também), todos se referiram à questão, ninguém ficou indifrente à polémica.
Como eu previra, houve uma série de vozes a levantar-se em fúria exigindo a cabeça do mensageiro, do(s) coscuvilheiro(s) (sic).
Nada de surpreendente.
Esta é das tais que se costuma dizer que "é dos livros".
Entre essas vozes enfurecidas, estiveram, em plano de destaque, Vasco Pulido Valente e Miguel Esteves Cardoso, ambos nas páginas do "Público".
MEC não nada muito longe, na sua visão, do que escreve, VPV.
Basicamente, se seguirmos o pensamento de ambos, calhandrice (esta também está na berra, não é?) não é o facto de José Sócrates, num almoço com outros membros do Governo, falar, alto e bom som, em "resolver um problema", tendo como interlocutores Nuno Santos e Bárbara Guimarães, sendo que esse "problema" era Mário Crespo e as suas crónicas incómodas.
O que está profundamente errado é alguém escutar esta conversa e ir contá-la ao visado.
Pior, o visado divulgar o teor da mesma.
Em primeiro lugar, parece-me algo complicado distinguir o cidadão José Sócrates do primeiro-ministro José Sócrates, especialmente quando a pessoa José Sócrates se encontra em amena cavaqueira com outros membros do Governo presentes.
VPV e MEC parece que têm outra facilidade em fazer essa distinção.
Felicito-os por isso.
Não menos importante, se houve alguém que escutou a conversa, sou levado a crer que José Sócrates estaria a falar num tom de voz propício a tal.
Não consta que, neste caso, houvesse escutas (sim, daquelas que se destroem muito em Portugal).
José Sócrates terá berrado, desporto que pratica com regularidade com os jornalistas ao que consta, e, quem estava perto, ouviu o que estava a dizer.
Cautelas e caldos de galinha....
Por fim, e não menos importante, se os visados na conversa fossem VPV e MEC, e outros que como eles que se indignaram com o facto de Mário Crespo revelar o teor da conversa, será que procediam de outra maneira?
Guardavam segredo?
Iam perguntar a José Sócrates se estava ofendidinho com eles?
Só quem é ingénuo, ou parvo, ou quer fazer dos outros parvos, é que não percebe que José Sócrates estava a passar mais um dos seus recados.
E fê-lo num tom de voz que lhe é característico quando se dirige a jornalistas - aos berros.
Não estou a defender a atitude de vitimização que Mário Crespo assumiu.
Mas percebo-a bem melhor que a atitude de defesa do comportamento doentio de José Sócrates.
Pergunto-me se VPV não terá repensado aquilo que escreveu depois do que se soube no fim-de-semana através do "Sol"?
Fica a pergunta.
E fica uma outra pergunta/observação - não dá a sensação que o "Público" se anda a portar muito bem desde que José Manuel Fernandes deixou a direcção?






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