Poema erótico de Drummond de Andrade
É espantosa a força erótica, a expressão do desejo presente neste expressivo poema.
Só aos grandes poetas é permitido fazer um tal uso da linguagem!
Aqui vai... sem mais.
'Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo
de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste no meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar.
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do teu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, mosquito Filho da Puta!'
Caro Pedro
ResponderEliminarConhecia o Poema. Desconhecia o autor que é um dos meus poetas preferidos.
Abraço
Uma maravilha, Rodrigo.
ResponderEliminarReflecte precisamente o que todos pensamos e sentimos.
Com a genialidade do Drummond de Andrade.
Um abraço