Um Mundo onde a experiência cede o lugar à esperança?

Está oficialmente confirmado o que se vinha afirmando há já alguns dias - André Villas Boas é o novo treinador do Porto.
A contratação de André Villas Boas insere-se perfeitamente numa lógica, num trend, que percorre um caminho entre a política e o futebol.
Uma opinião pública farta das mesmas caras, das mesmas ideias, dos mesmos vícios, da mesma geração, ansiava por algo de novo.
A política foi percursora nessa busca por caras novas, ideias frescas, uma nova imagem, uma nova geração.
Na Europa, Blair em Inglaterra; Aznar, depois Zapatero, em Espanha; Sócrates, Paulo Portas, Barroso (agora também Passos Coelho e António José Seguro) em Portugal;  na América do Sul, Morales e Chávez; na Ásia, sempre mais avessa a estes movimentos de renovação, personalidades como Vejjajiva; Rudd na Austrália (Oceânia); sendo Obama, na América do Norte, a apoteose desse movimento, dessa vontade, o símbolo maior desse trend.
Atenção que não estou a avaliar os méritos das pessoas.
Apenas a detectar essa tendência.
Que me parece indesmentível.
Tendência que também se faz sentir no futebol, sobretudo a nível de treinadores.
O sucesso de Mourinho (o equivalente a Obama no futebol), de Guardiola, de Ancelloti, de Prandelli,....criou em muitos clubes a apetência para correr riscos, para apostar em novos treinadores, em gente sem experiência, sem currículo, mas que respresenta um capital de esperança capaz de mobilizar os adeptos, a opinião pública, os próprios jogadores.
O Sporting tentou Paulo Bento, o Benfica descobriu Jesus, o Braga roubou Domingos à Académica.
Que agora perde, na mesma linha de raciocínio, na mesma conjuntura, no mesmo cenário, e com a mesma esperança, AndréVillas Boas.
O Porto, percursor nesta tendência, primeiro com Artur Jorge, depois com Mourinho, ambos com resultados notáveis, segue o paradigma que outros clubes entretanto haviam experimentado.
E, pensando bem, quais são os riscos?
Trata-se de treinadores cuja contratação não envolve grandes encargos financeiros, que transportam uma nova cultura técnico/táctica, uma nova imagem, um novo discurso.
Se não der certo, procura-se outro (aconteceu com Peseiro e Paulo Bento no Sporting; com José Couceiro no Porto).
São treinadores sem currículo? Pois são.
É para preencher esse currículo que lhes são dadas estas oportunidades.
Se não dá certo, não há grandes prejuízos.
Se dá certo, há enormes ganhos.
Os riscos não são muito grandes e os ganhos podem ser fabulosos.
E, como se já não fosse suficiente, há que perceber definitivamente que os clubes portugueses não têm possibilidades de contratar treinadores com grande currículo.
Não só não têm possibilidades financeiras, como esses treinadores preferem outros campeonatos com maior visibilidade e maior competitividade.
Adivinho uma época futebolística interessante com Jorge Jesus no Benfica, Villas Boas no Porto (o seu maior desafio vai ser controlar o balneário, tarefa em que contará com a preciosa ajuda de Pedro Emanuel), Paulo Sérgio (o que me deixa mais dúvidas...) no Sporting, Domingos no Braga, Jorge Costa na Académica.
Também adiro, sem reservas, ao movimento que prefere a esperança à experiência. 

Comentários

Mensagens populares