Selecção portuguesa também quer contribuir para o Mundial mais enfadonho da história?

Poderá haver algo pior que as insuportáveis vuvuzelas neste Mundial?
Se me fizessem a pergunta antes de começarem os jogos, eu respondia convictamente com um rotundo não.
Agora, que já se joga há quase uma semana, sou obrigado a admitir que é bem provável que sim.
A qualidade dos jogos, a qualidade de alguns jogadores e seleccionadores, a total ausência de espectacularidade, os erros disparatados que se sucedem, o cansaço e enfado de muitas vedetas presentes neste Mundial.

E o jogo de ontem, que marcou a estreia das selecções de Portugal e Costa do Marfim neste Mundial, foi o exemplo perfeito do que acabei de escrever.
Duas selecções com jogadores que jogam nas melhores equipas do Mundo; que são pagos a peso de ouro; que são jogadores de top; com dois seleccionadores experientes, famosos e muito bem pagos; passaram um jogo inteiro a  procurar não perder, e, com alguma sorte, um golpe de génio, uma bola parada, um ressalto, quem sabe, por acaso (sublinhado a grroso no "POR ACASO), até ganhar.
Mais que o resultado (0-0), o que me desiludiu foi essa total falta de ambição, esse receio de perder o primeiro jogo, uma total ausência de ideias e soluções, a procura do jogador que poderia, de repente, por acaso, resolver o jogo - Ronaldo no equipa portuguesa, e Geremi na equipa marfinense.
Ronaldo que até foi protagonista, logo aos 10 minutos, do único momento de verdadeiro futebol.
Aquela finta, o remate, potente e colocado, noutro jogo, mereciam o golo e a vitória portuguesa.
Neste não, porque as duas equipas tiveram o prémio que sempre buscaram - o empate que tudo adia.
E, do jogo(???) propriamente dito, não há muito mais a escrever.
Sobram outras incidências nada agradáveis que não se podem deixar passar em claro.
O seleccionador
Carlos Queiroz deu ontem total razão aos seus críticos.
A equipa não tem ideias, não tem um fio de jogo, não tem meio-campo, os jogadores estão nervosos (cuidado Ronaldo!!), não respeitam o seleccionador (Deco como expoente máximo), as substituições que faz são disparatadas (Ruben Amorim era suposto fazer o quê?!), não revela ambição, não tem capacidade para mudar o ritmo de jogo e alterar a táctica que concebeu.
Não me falem em Scolari!!
Mas Queiroz tem que melhorar, muito!!, a sua performance.
Caso contrário, I've got a feeling....
Os jogadores.
Ontem fiquei impressionado com o puto Fábio Coentrão.
É duro, tem vontade, querer, tem raça, técnica, fibra de campeão.
Tinha indicações para não subir mais?
Essa é a minha dúvida.
Bela exibição.
Eduardo, e os dois centrais, não tendo tido muito trabalho, não cometeram erros.
Já não é mau.
Ronaldo, muito castigado pelos marfinenses, tentou.
Mas não se lhe pode pedir que faça tudo sozinho.
E não pode perder a cabeça como o fez ontem.
Mais a mais, sendo capitão de equipa.
Estes constituem o bom e os aceitáveis.
Agora vem o mau.
OS MAUS.
Paulo Ferreira está em nítida linha descendente na sua carreira, claramente em final de carreira, com um défice de velocidade tremendo (cada vez que Geremi acelerava era uma aflição).
E Miguel não é alternativa credível.
O meio-campo foi uma nulidade.
Pedro Mendes correu muito, recuperou bolas, mas não me lembro de ter acertado um passe.
Meireles, se a memória não me falha, acertou um.
Deco, que tinha a tarefa de pensar e distribuir o jogo, nunca percebeu a quem era suposto entregar a bola.
Amuou com a substituição, tem razão em pensar que o seleccionador fez uma péssima opção quando o mandou encostar à direita, mas tem que saber respeitar hierarquias.
E a sua exibição também foi de uma pobreza franciscana.
Tiago veio fazer o mesmo que Deco, com a agravante de ainda ser menos incisivo que o luso-brasileiro.
E chegamos ao trio atacante.
Danny foi um completo erro de casting.
Titular só porque fez um bom jogo contra os Camarões?
Completamente desadaptado, sem saber o que se queria dele, não teve uma única acção acertada.
Simão veio dar continuidade à asneira.
Liedson andou ali completamente perdido.
No meio dos matulões marfinenses, sem apoio, sem que a bola lhe chegasse, o luso-brasileiro terá saído do campo completamente esgotado, mas sem uma única acção digna de registo.
De Ronaldo já se escreveu o que havia a escrever.
Falta a incógnita Ruben Amorim.
O que é que Queiroz queria dele?
Quando o vi aquecer, pensei que Queiroz iria encostar Coentrão à direita, passar Paulo Ferreira para defesa esquerdo, e Ruben Amorim para a lateral direita.
Não foi assim e confesso que ainda não percebi realmente o que queria Queiroz.
Uma exibição demasiado pobre, sem garra, sem chama, sem sentido, sem ambição, num jogo aborrecido, sonolento, feio, triste.
Depois disto, só pode melhorar.
Não é??
No outro jogo do Grupo, o Brasil ganhou à Coreia do Norte (2-1), mas, para não variar, fez um jogo muito pobre.
Os brasileiros jogaram com uma sobranceria tremenda, quase como se estivessem na praia em Copacabana, isto contra uns coreanos que deixam o corpo e alma em campo.
São, técnica e tacticamente, umas nulidades.
Mas correm como se não houvesse amanhã.
Maicon, aos 55 minutos, e Elano, aos 72', marcaram os golos canarinhos; Ji Yun-nan, aos 89', apontou o solitário tento da equipa asiática, adversária de Portugal na próxima jornada.
Em mais um jogo muito fraco (porque é que havia de ser diferente?), a Eslováquia e a Nova Zelândia empataram (1-1).
O primeiro ponto dos neo-zelandeses na história dos mundiais foi conseguido graças a um golo de Winston Reid já em tempo de descontos.
Os eslovacos adiantaram-se no marcador aos 50 minutos, por Robert Vittek, convenceram-se que tinham o jogo ganho, e deixaram fugir a vitória mesmo nos instantes finais do jogo com uma desatenção patética dos seus defensores.
Como vem sendo hábito, um jogo de uma pobreza confrangedora e com erros imperdoáveis a este nível.

Comentários

Mensagens populares