Grandes portugueses (vivos)

Se o Benfica tivesse ontem confirmado o título de campeão de futebol, a personalidade hoje em destaque seria outra (não será complicado adivinhar quem...).
Como não confirmou o título, e o Porto ganhou o jogo e estragou a festa, a personaliade em destaque é, provavelmente, a mais controversa até hoje referida neste espaço.
Herói ou vilão, amado ou odiado, Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, nascido na freguesia de Cedofeita, Porto, em 28 de Dezembro de 1937, é o presidente do Futebol Clube do Porto desde 1982, e é o presidente de clube mais titulado da história.
Quaisquer que sejam os sentimentos acerca da pessoa, este é um facto que não se pode escamotear.
Jorge Nuno fez a escola primária no colégio Almeida Garrett, tendo simultaneamente aulas particulares de Inglês e Francês.
Aos 10 anos vai estudar para o Instituto Nun'Álvares, mais conhecido por Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, um colégio jesuíta.
De regresso ao Porto, consegue o seu primeiro emprego aos 19 anos, no Banco Português do Atlântico, onde foi colega de Artur Santos Silva.
É mais ou menos por essa altura que inicia a sua ligação ao FC Porto como dirigente, mantendo contudo o seu emprego no banco e trabalhando mais tarde como vendedor de tintas e resinas, até passar a dedicar-se a tempo inteiro ao dirigismo.
É por influência do tio Armando Pinto, entusiasta de futebol que fora presidente do Famalicão, que Jorge Nuno Pinto da Costa começa a interessar-se por futebol.
É o tio quem paga os ingressos do FC Porto x Sporting de Braga, o primeiro jogo a que Jorge Nuno, com 8 anos, assiste no Campo da Constituição, na companhia do seu irmão José Eduardo.
Desde então não mais se desligou do clube, nem mesmo quando se encontrava longe do Porto, procurando sempre que possível ouvir o relato das partidas.
Quando completa 16 anos, em Dezembro de 1953, a avó materna inscreve-o como sócio do FC Porto.
Após o regresso ao Porto, Jorge Nuno acompanha religiosamente os jogos do clube, sobretudo de futebol e hóquei em patins.
Com cerca de 20 anos, é convidado pelo responsável pela secção de hóquei em patins para ocupar o lugar de vogal, e aceita.
Em 1962 passaria a chefe de secção, cargo que viria a acumular com o de chefe da secção de hóquei em campo.
Em 1967 passa a ser também chefe da secção de boxe, onde conhece Reinaldo Teles, na altura atleta da modalidade.
Em 1969, é convidado por Afonso Pinto de Magalhães a integrar a sua lista para as eleições desse ano como director das modalidades amadoras.
Assim, Pinto da Costa assume pela primeira vez um cargo eleito no FC Porto, de 1969 a 1971.
No final desse período, apesar de ter sido convidado por Américo de Sá a candidatar-se com ele, recusou o convite por considerar que o novo candidato deveria apresentar-se às urnas com uma lista totalmente renovada.
Em 1976, em conversa com um grupo de amigos e apesar de não se encontrar a desempenhar funções no FC Porto, alguns deles - boavisteiros - provocavam Pinto da Costa por o seu clube ter deixado que o futebolista Amarildo, praticamente contratado, "fugisse" para o Boavista.
Em resposta, Pinto da Costa disse apenas que "largos dias têm cem anos", decidindo nesse preciso momento - soube-se mais tarde, aquando da publicação da sua autobiografia - regressar ao dirigismo desportivo.
Conversou com o presidente Américo de Sá e comprometeu-se a fazer parte da sua lista nas eleições seguintes como director do departamento de futebol.
Ainda antes das eleições, acertou com José Maria Pedroto, treinador do Boavista, o seu regresso ao FC Porto, onde já havia sido jogador e treinador.
Em Maio desse mesmo ano, Pinto da Costa volta a ser dirigente do FC Porto.
 É com Américo de Sá como presidente, Pinto da Costa como director do futebol e Pedroto como treinador que o FC Porto consegue quebrar, em 1977-78, o jejum de 19 anos sem vencer um campeonato nacional. Apesar disso, o final da década de 70 é um período conturbado para o FC Porto, e Pinto da Costa e Pedroto acabam por deixar o clube em 1980.
Em Dezembro de 1981 as coisas continuam a correr mal ao FC Porto, e é então que um grupo de sócios se une com o objectivo de convencer Pinto da Costa a candidatar-se à presidência do clube.
O "sim" demora a surgir, mas perante a insistência dos sócios Pinto da Costa acaba por aceitar, convidando Pedroto para voltar a treinar a equipa principal.
Candidatando-se em lista única, Jorge Nuno Pinto da Costa vence as eleições de 17 de Abril de 1982, tornando-se o 33º presidente do FC Porto.
No mesmo ano, o hóquei em patins do clube, que não havia vencido qualquer título desde a sua implementação em 1955, vence a Taça das Taças, arrancando para um período de ouro que se prolonga até aos dias de hoje.
 Em 1984, o FC Porto chega à sua primeira final Europeia de futebol, na Taça das Taças, contra a Juventus, da qual sai derrotado por 2-1.
Em 1987 vence a Taça dos Clubes Campeões Europeus e a Taça Intercontinental, e depois a Supertaça Europeia relativa à mesma época, já no início de 1988.
A década de 90 seria gloriosa para o futebol portista graças à conquista de oito campeonatos, cinco deles consecutivamente - o Penta, feito inédito no futebol português.
Já no século XXI o clube azul e branco aumentaria o seu palmarés internacional, vencendo a Taça UEFA em 2003 e a Liga dos Campeões em 2004 sob o comando de José Mourinho e a Taça Intercontinental do mesmo ano já com Victor Fernandez.
 No ano de 2009 conquista o segundo tetracampeonato da sua presidência e da história do clube, com a equipa sob o comando de Jesualdo Ferreira.
Com uma vida pessoal bastante atribulada, mas que aqui não interessa minimamente realçar, Pinto da Costa vê-se envolvido em vários escândalos, em intermináveis processos judiciais, em contínua polémica.
Capaz de suscitar sentimentos extremos, Pinto da Costa é, indiscutivelmente, uma das grandes personalidades (vivas) portuguesas.
Aos 72 anos, já anunciou formalmente a sua candidatura a mais um mandato como presidente do Futebol Clube do Porto.

Palmarés


Futebol (49 Títulos)

2 Taças dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões (1987 e 2004)


1 Supertaça Europeia (1987)


1 Taça UEFA (2003)


2 Taças Intercontinentais (1987 e 2004)


17 Campeonatos Nacionais (cinco deles consecutivos, de 1994 a 1999, constituindo um marco inédito no futebol português)


10 Taças de Portugal


15 Supertaças Cândido de Oliveira


1 Liga Intercalar

Andebol (16 Títulos)

5 Campeonatos Nacionais


3 Taças de Portugal


3 Taças da Liga


5 Supertaças

Basquetebol (26 Títulos)

5 Campeonatos Nacionais


11 Taças de Portugal


5 Taças da Liga


4 Supertaças

1 Torneio dos Campeões

Hóquei em Patins (55 Títulos)

2 Taças dos Campeões Europeus (1986 e 1990)


2 Taça das Taças (1982 e 1983)


2 Taças CERS (1994 e 1996)


1 Supertaça Europeia (1987)


18 Campeonatos Nacionais


13 Taças de Portugal


17 Supertaças António Livramento

Voleibol (4 títulos)

2 Campeonatos Nacionais


2 Taças de Portugal

Natação

17 Campeonatos Nacionais de Clubes

Atletismo

1 Campeonato Nacional de Clubes em pista coberta (Femininos)

Ciclismo

1 Título de Campeão (individual) da Volta a Portugal


2 Títulos de Campeão (colectivo) da Volta ao Algarve

Bilhar

2 Medalhas de Prata na Liga dos Campeões Europeus (3 Tabelas)


5 Medalhas de Bronze na Liga dos Campeões Europeus (3 Tabelas)


15 Campeonatos Nacionais de Clubes (3 Tabelas)


7 Taças de Portugal de Clubes (3 Tabelas)


6 Supertaças Nacionais de Clubes (3 Tabelas)


1 Campeonato Europeu de Clubes (Pool)


9 Campeonatos Nacionais de Clubes (Pool)


13 Taças de Portugal de Clubes (Pool)


8 Supertaças Nacionais de Clubes (Pool)

Boxe

4 Títulos

Halterofilismo

2 Títulos

(Fonte Wikipédia)

Comentários

  1. Estou muito grato a Pinto da Costa, por ter feito do nosso FC Porto um clube de projecção mundial, mas confesso que as suas aventuras amorosas, a par da política de Entreposto que implantou no clube me desagrada já há alguns anos. Não estaria na altura de dar o lugar a outro e de fazer uma renovação?

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  2. Inteiramente de acordo.
    Aliás, em conversa de amigos, já por várias vezes abordei esse tópico.
    E a conclusão a que chego é sempre a mesma - Pinto da Costa está agarrado ao lugar, até porque, enquanto presidente do Porto, estará a salvo de mais aborrecimentos.
    Quando deixar de o ser, terá a PSP à porta no mesmo dia.
    E ele sabe isso.
    Só assim se compreende que siga a política do eucaliptal - seca tudo à volta dele e não está a preparar minimamente a sua sucessão.
    Não são Reinaldo Teles, ou Adelino Caldeira, que lhe poderão suceder.
    E o discurso, regionalista e bairrista, também já está gasto e é passadista.
    O Porto cresceu, tem projecção mundial, já não é o clube da região.
    Abraço

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