Grandes portugueses (vivos)

Envolto em polémicas nos tempos mais recentes, abriu ontem a sessão da Bolsa em Wall Street e passa hoje aqui pelo Devaneios, Zeinal Abedin Mohamed Bava, nascido em 1966, gestor afamado, licenciado em Engenharia Electrónica na University College of London, CEO da Portugal Telecom desde o ano de 2008.
Competente, inteligente, metódico, organizado, mas também maquiavélico e dono de uma enorme ambição, é um dos administradores mais acessíveis e afáveis no trato dentro da PT, onde ocupa, desde 2006, o cargo de vice-presidente.
Pratica a cultura do mérito e segue uma lógica anglo-saxónica mas tem fama de ser implacável com quem falha ou com quem não fez o trabalho de casa antes de uma reunião importante.
Diz-se que é muito duro no trato - mesmo intratável.
Protege os seus mas coloca-lhes a fasquia cada vez mais alta.
Zeinal Bava chegou à PT em 1999, pela mão de Eduardo Martins, um dos históricos que, em 2001, saiu da empresa de candeias às avessas com o antigo protegido.
No final dos anos 90, a PT estava a preparar-se para mais uma das suas cinco fases de privatização, ao mesmo tempo que a PT Multimédia (PTM) estudava a admissão à bolsa.
Como director executivo da Merrill Lynch e, antes, da Deutsche Morgan Grenfell (1996/98) e da Warburg Dillon Read (1989/96), Zeinal Bava tinha, entre as suas tarefas, o papel de conselheiro da telecom portuguesa.
Por isso, quando chegou ao edifício-sede da empresa, nas Picoas, era já um profundo conhecedor da casa que o recebeu.
Com tais credenciais, o seu nome acabou por ser bem acolhido pelo ex-presidente da PT, Murteira Nabo, que o convidou.
A favor da transferência de Londres para Lisboa, foi decisiva a vontade da mulher, Fátima, de instalar na capital portuguesa a base familiar do casal, na altura com filhos pequenos.
Zeinal Abedin Mohamed Bava nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, Moçambique, onde viveu no seio de uma família de comerciantes até ao início da adolescência.
Após o 25 de Abril, faz uma curta passagem por Lisboa mas, cedo, aos 14 anos, foi estudar para Inglaterra. Hesitou entre Medicina e Engenharia, mas acabou por seguir a segunda vocação, completando, posteriormente, a sua formação com um curso de Gestão na Universidade Nova de Lisboa.
Sem ter nascido em berço de oiro, soube penetrar, com relativa facilidade, no círculo restrito de apelidos de onde sai parte dos gestores da PT.
Os históricos apontam-lhe o defeito de só confiar nos novos, sem procurar equilíbrios.
Rodeia-se de quadros muito jovens e muito fiéis, especialmente na área financeira.
Austero nos gastos e muito cioso do controlo dos custos, a coabitação com o anterior CEO da PT, Miguel Horta e Costa, nem sempre foi fácil, em matéria de despesas.
Trabalhador incansável, capaz de passar 14 horas por dia no gabinete, só se lhe conhecem duas paixões: a carreira e a família.
Por regra, não aceita convites para festas ou reuniões sociais.
Mas o trabalho também lhe ocupa parte do tempo livre: ao fim-de-semana, ainda arranja tempo para ir à Fnac e ver com os próprios olhos se os produtos das empresas da PT estão ou não bem visíveis nas prateleiras.
Para os encontros da empresa, veste um pólo e calça ténis.
Durante a semana, os filhos contam com a ajuda do pai nos trabalhos de casa, mesmo que, para isso, tenham de se deslocar ao gabinete do edifício Marconi (sede da TMN) ou ao da sede, nas Picoas.
Os colaboradores já sabem que só aceita encurtar uma reunião para ir à escola dos filhos encontrar-se com os professores.
Os três filhos frequentam o colégio dos Salesianos, um sítio improvável para acolher a prole de um muçulmano.
Na escolha, terá prevalecido a vontade da mulher, católica praticante.
Intrigante é, aliás, a relação de Zeinal Bava com a religião muçulmana, cuja prática adopta, de forma discreta.
Sobre isso não fala; e os colaboradores nada lhe perguntam.
Decisiva, na sua ascensão dentro da PT, terá sido a boa relação com Ricardo Salgado, presidente do BES, o accionista mais influente do grupo de telecomunicações.
O gestor, licenciado em Engenharia Eléctrica e Electrónica pela University College London, tem-se distinguido no panorama nacional e internacional e quem o conhece tece-lhe rasgados elogios, que são confirmados pelo seu invejável currículo, que conta com três eleições para melhor director financeiro da Europa, distinção atribuída pela Institutional Investor.

Fonte: Revista Visão

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