A China exposta

A Expo Xangai, que hoje abriu as portas, tem que ser vista como muito mais que uma Exposição Universal.
Para além dos números, impressionantes, está em causa o presente e o futuro de uma Nação, e o seu papel no contexto internacional.
O que, a partir de hoje, está exposto em Xangai, é o orgulho chinês, o estatuto que a China já assume no contexto universal e aquele que ambiciona vir a assumir no futuro.
Depois dos Jogos Olímpicos de Pequim, a China mostra ao Mundo que o gigante, em termos geográficos e demográficos, quer ser também um gigante em termos políticos e económicos.
Mais ainda do que o que já é.
Não sendo tradição chinesa a expensão militar, a grande China pretende demonstrar que está preparada e disposta a assumir um papel de liderança no século XXI, contestando o domínio americano e europeu.
Para o conseguir, mostra toda a sua força, exibe-se com opulência, esmaga o observador.
Foi isso que se passou com o simbólico fogo-de-artifício de ontem à noite em Xangai.
A dimensão e os custos (o maior e mais caro de sempre), a espectacularidade, tinham como propósito impressionar quem estava presente ou assistia através de outros meios.
Simbólico, sem dúvida, simbologia que vai continuar nos 183 dias que durará a Expo, também a maior e a mais cara de sempre.
A China fará tudo o que se revelar necessário para que não haja falhas, para que não subsistam dúvidas que é uma potência extraordinária, para caminhar resolutamente no sentido de ser reconhecida  como o Reino do Centro  (中國 - Zhōngguó), o significado literal dos caracteres que identificam a nação chinesa.
Mais, que esse crescimento se fará de forma sustentável e amiga do ambiente, como claramente o denuncia o tema escolhido para a exposição (Better City, Better Life), respondendo assim a críticas que frequentemente lhe são dirigidas.
A nível interno, mais do que uma oportunidade para reabilitar e reordenar a cidade de Xangai, de a repensar em termos urbanísticos para o futuro, o momento é mais um momento de grande orgulho patriótico, de catarse colectiva, particularmente necessário depois das tragédias que afectaram algumas zonas do país e das revoltas políticas que ainda subsistem noutras, com especial incidência para a região do Tibete.
A nação chinesa estará, por estes dias, reunida à volta de uma vontade colectiva de se mostrar pujante, orgulhosa, arrogante até.
E, nesse particular, há que reconhecer que o povo chinês é único.
O conceito de harmonia estará vivo e presente, haverá pacificação, custe o que custar, e será dada continuidade à disputa entre Xangai e Pequim no sentido de ver qual das duas cidades assume o estatuto de liderança dentro da China Continental.
A liderança política de Pequim deverá manter-se, procurando Xangai manter a liderança económica que lhe é disputada pela capital do país.
E a China Continental mostra-se, uma vez mais, a Taiwan.
E mostra-se disposta a receber a "província renegada" no seu seio, como fez com Hong Kong e Macau, cujos pavilhões não é por acaso que ficam sitaudos ao lado do pavilhão da China.
A mãe China estende a sua asa protectora aos filhos pródigos.
E mostra que há espaço para mais um se lhes juntar, completando finalmente a reunião familiar.
Nunca uma Expo terá tido um significado tão simbólico como o que está presente na penumbra da exposição que hoje se inaugurou.

Comentários

  1. O Dragão adormecido acordou, e hoje em dia já ninguém os consegue travar.
    Parte do tesouro americo foi comprado pelo governo chinês.
    Só acordou tarde, porque os mandões do mundo, americanos, sempre os travaram de entrarem em várias organizações mundias.
    Nós, eu, tal como o Senhor que vive em Macau faz já uns bons anos, temos acompanhado a evolução deste enorme país, ele será num amanhã, em termos políticos o maior, e a América que se cuide!...
    Um abraço amigo

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  2. É essa a mensagem que esta Expo, como antes os Jogos Olímpicos, encerra.
    A China quer ter o peso político e económico que a sua dimensão geográfica e domográfica têm.
    Abraço

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