Roma, Coimbra, Londres, a Cathay Pacific e o regresso a Macau
Novo ano, nova energia, o regresso a Macau e as venturas e desventuras destes dias de pausa.
1
Apaixonados por Roma!
Uma cidade linda, um museu a céu aberto como bem sentenciava o taxista que nos conduziu do aeroporto até ao hotel.
Um taxista que era um daqueles personagens que gostamos sempre de conhecer nas cidades que visitamos.
A paixão que nutre pela sua Roma é tão intensa quanto a revolta que sente com os privilégios de que goza o clero na cidade.
"Aos padres tudo é permitido", dizia com revolta.
E mostrava-me exemplos.
Alguns dos quais realmente aberrantes.
"A sua mulher e as suas filhas falam italiano?"
Quando lhe disse que não, imediatamente desabafou - "são uns filhos da p***!! Mas, deixe-me que lhe diga, as p***s ainda servem para alguma coisa. Os padres não!!"
Perante o meu sorriso, confessou - "estou aqui desde a noite de ontem. São quase oito da manhã e sabe bem conversar com alguém. Ando nesta profissão há muitos anos. Assim sendo, já percebo facilmente se o passageiro quer, ou não, conversar. Se não quer, calo-me. Se quer, gosto de conversar, de ter alguma companhia."
Comecei a gostar de Itália logo ali, dentro do táxi, a caminho do hotel, no diálogo que facilmente se estabeleceu.
E que terminou na porta do hotel com uma profecia - "Se esta é a primeira vez que vem a Roma, não será a última. Quem vem a Roma uma vez fica sempre com vontade de voltar."
Confesso que essa vontade realmente existe.
Mas, mais do que Roma, estende-se a Florença, Veneza, Milão.
Cidades que não foi possível visitar nestes três dias de estadia mas que ficam definitivamente no roteiro para uma visita no futuro.
2
Deixámos Roma e dirigimo-nos a Lisboa, a caminho da minha cidade natal, Coimbra.
Coimbra que estava ainda na ressaca de duas demissões até agora muito mal explicadas.
Carlos Encarnação abandonou o cargo de presidente da Câmara Municipal; Jorge Costa o cargo de treinador da Académica.
Carlos Encarnação diz estar farto de desavenças com o Governo.
Jorge Costa fala em problemas familiares.
Mas fica no ar a ideia que há qualquer coisa por revelar nos dois casos.
A seu tempo se saberá o quê.
Os dias em Coimbra permitiram rever familiares e amigos.
Mas, como sempre, fica muita gente por visitar, muitos desencontros.
Fica para próxima, é a frase que invariavelmente se repete nestas ocasiões.
De Portugal, ficam alguns traços fortes.
A tão afamada crise parece que ainda não chegou ao bolso das pessoas tal é a febre consumista que se nota.
Para a qual também contribuem preços muito convidativos, campanhas publicitárias agressivas e bem conseguidas, o receio do fim de um longo período de abundância.
A campanha presidencial é outro tema incontornável.
Os debates não têm ponta de interesse, o actual Presidente só não será reeleito à primeira volta se houver um cataclismo.
Francisco Lopes é o típico candidato do PCP.
A mesma prosa gasta, massuda, aborrecida, repetitiva, que já ouvimos desde 1974.
Dita por Francisco Lopes como já foi dita por dezenas de outros comunistas e como será dita no futuro por outros tantos.
Defensor de Moura está na campanha com um tom agressivo, a raiar a falta de educação e de respeito pelos adversários.
Também pertenço ao grupo dos que pensam que Defensor de Moura só está na campanha para dizer aquilo que Manuel Alegre não pode dizer.
Manuel Alegre que, por sua vez, não consegue mobilizar o eleitorado de esquerda.
A vitimização, que funcionou na última eleição, vira-se agora contra o candidato que se apresenta ao eleitorado apoiado por uma esquerda que apresenta como projecto único impedir a vitória de Cavaco.
Quem poderá beneficiar com esta estratégia é Fernando Nobre.
Poderá ser ele "o Alegre de 2011".
Cordato, educado, independente, culto, inteligente, com obra feita, Fernando Nobre tem contra si o facto de não se saber movimentar no terreno político.
Ainda assim, poderá conseguir um resultado surpreendente.
Cavaco, para além do passeio triunfal que se adivinha, aparece com um ar crispado, irritado com os ataques dos adversários.
Uma faceta da sua personalidade que vinha conseguindo manter na penumbra durante todos estes anos mas que está agora totalmente à vista.
Tolerância, em boa verdade, só no discurso.
Os debates televisivos servem de mote para outra das impressões marcantes destes dias em Portugal - alguns programas televisivos que são atentados à inteligência.
Mas que, curiosamente, são líderes de audiências.
Lixo importado, adapatado à martelada por gente sem qualquer imaginação ou capacidade.
Expoente máximo, uma coisa inenarrável que ajuda a TVI a ser líder de audiências - A Casa dos Segredos.
Mete dó!
O último dia do ano, passado no quarto 208 do Hotel Roma, com a mulher e as filhas, foi original e feliz.
2011 chegou bem!
3
Depois da neve que encerrou Heatrhow, não tivémos qualquer problema na passagem por Londres.
Ficou a confirmação de uma má impressão que já tinha ficado na ligação Hong Kong/Roma - a Cathay Pacific disponibiliza um óptimo serviço de entretenimento a bordo, o serviço prestado pelo pessoal de cabine é bom, a cadeira muito má.
Quem concebeu aquela cadeira foi muito infeliz.
O espaço é diminuto, a ideia de fazer deslizar a parte de baixo, e de não inclinar as costas, provoca um desconforto enorme.
Não gostei e não quero repetir.
Como não gostei, mas isso já nem é novidade, do péssimo serviço que é prestado no Terminal Marítimo na recolha de bagagens e nos táxis.
Como é possível continuar a falar-se numa cidade voltada para o turismo quando se espera uma eternidade pelas bagagens, que são trazidas em levas, por carregadores, num processo perfeitamente arcaico?
Para, depois de chegarem, se procurar um táxi e perceber que não há espaço para colocar as mesmas na bagageira, imunda, cheia de porcarias que ninguém vê?
Por acaso até estavam no local dois funcionários dos serviços competentes.....
A fazer o quê, confesso que não percebi.
Solução?
Alugar dois táxis.
Uma vergonha que parece não ter fim.
Como parece não terem fim aquelas viaturas sem conforto, sem comodidade, sujas, feias e com condutores mal educados.
O contraste com o que tinha visto antes, quer em Itália, quer em Portugal, é demasiado chocante para não merecer uma forte crítica.
Acabaram as férias.
Que seja o início de um Maravilhoso 2011!!
Bem-vindo de regresso! Feliz Ano Novo! Gostei do relato!
ResponderEliminarComo todos os períodos de férias, soube a pouco.
ResponderEliminarHoje estamos todos com sono, consequência do jet lag e de uma noite quase em branco.
Bem vindo de regresso. Sempre que vou a Portugal interrogo-me a mim próprio onde anda a tão falada crise
ResponderEliminarExactamente o que aconteceu comigo, caro Hugo.
ResponderEliminarVão-me dizendo que só se fará sentir este ano.
Veremos....
Abraço
Gostei da profecia, porque só estive uma vez em Roma e gostava de lá voltar.
ResponderEliminarBom Ano!
Gábi
Gábi,
ResponderEliminarAcho que o taxista tem razão.
Ficou o bichinho a roer.
Como aconteceu com Paris.
Um Bom Ano também.
Estimado Amigo pedro Coimbra,
ResponderEliminarBem vindo a Macau, adorei seu relato de sua viagem a terras lusas.
Eu me fiquei pelo Reino do Sião, aqui cheguei dia 2, mas com este frio, estou de novo de partida, não na Cathay Pacific, pois se está recordado eu lhe disse que a CP, não é aquela companhia que fazem uma propaganda genial.
Quanto ao serviço no terminal marítimo, é bom apresentar queixa junto das entidades competentes, pois é uma vergonha e eu sei como os cules trabalham.
Depois os táxis, enfim é Macau com todas as suas especificidades.
Um abraço amigo
Caro Cambeta,
ResponderEliminarNota-se muito mais o frio aqui que na Europa.
Efeitos da humidade.
O Terminal Marítimo, e os táxis, por mais queixas que se façam, não passam da mesma miséria.
Até dá pena.
E tinha realmente razão acerca da Cathay.
Voos de longo curso naquela companhia aérea acho que nunca mais.
Um abraço