Um dia com tantas notícias para comentar

Há dias em que temos a sensação que nada acontece.
Pelo menos, nada que verdadeiramente nos desperte a atenção.
O dia de hoje representa o oposto desses dias.
De Macau para Portugal.

1
Em Macau (e Hong Kong) a actualidade é dominada pelas notícias que envolvem Stanley Ho, o seu império negocial, a sua numerosa prole.
Anteontem, a Bolsa de Hong Kong agitou-se com a notícia que dava conta do facto de o magnata ter alienado grande parte da sua fortuna.
Beneficiários desta medida - a segunda e terceira concubinas (mulher só teve uma - Clementina Leitão Ho) e os respectivos filhos.
De imediato se levantaram algumas vozes, de gente ingénua, a sugerir que Stanley Ho estava definitivamente a fazer cumprir a sua vontade, a dividir a sua imensa fortuna, a deixar claro o que pretendia.
Tudo ainda em vida.
As mesmas vozes que também insistem em afirmar que o magnata já terá previsto tudo o que acontecerá depois da sua morte, que os testamentos estarão há muito preparados e serão ciosa e religiosamente cumpridos.
Não será assim.
Nem por sombras.
Também já há muito contesto estas ideias perfeitamente naif.
Não sei se Stanley Ho já deixou documentada a sua vontade, o que pretende que aconteça após o seu desaparecimento físico.
Sei, tenho a certeza, que ninguém irá cumprir uma linha que seja desses hipotéticos documentos.
Aliás, o desaparecimento físico de Stanley Ho vai gerar um período conturbado em Macau.
E é bom que Macau esteja preparado para essa inevitabilidade.
À enorme prole que já é conhecida, acrescerá um infinidade de hipotéticas novas amantes, e respectivos filhos, que só se darão a conhecer após a morte do magnata.
Investigações de paternidade, processos judiciais em catadupa, discussões intermináveis, são demasiado fáceis de adivinhar.
Actualmente, ainda com o magnata vivo, assiste-se a uma "santa aliança" entre a segunda e terceira concubinas, que eram inimigas figadais, para afastar a quarta concubina (Ângela Leong) que estava a conseguir demasiado poder por estar tão próxima de Stanley Ho.
O acidente que o magnata sofreu, alterou radicalmente este cenário.
A segunda a terceira concubinas uniram-se, afastaram a quarta, e procuraram agora garantir a maior percentagem dos bens da imensa fortuna do patriarca.
Não sei se Stanley Ho está consciente de todas estas guerras.
Se está, confesso que tenho pena do magnata.
Não porque ache que os ricos são, no fundo,  uns coitados.
Nada disso.
Apenas porque, no final da vida, aos 89 anos e com a saúde debilitada, Stanley Ho, como qualquer idoso, necessitaria de colo, de mimo, de carinho.
Que a sua família, tão numerosa, lhe deveria proporcionar.
Não há colo, não há mimo, não há carinho.
Existem apenas as guerras palacianas a que estamos a assistir.
E isso é muito triste para qualquer ser humano.
Rico ou pobre.

2

Ainda em Macau, a Assembleia Legislativa apercebeu-se repentinamente da necessidade de rever os pressupostos que conduzem à atribuição de liberdade condicional aos reclusos.
Que não pode ser como tem sido, que a lei portuguesa é diferente, que os tempos são outros....enfim, os argumentos não são novos.
É necessário que se faça regularmente o balanço da aplicação da legislação em vigor.
Neste domínio, como em todos os outros.
Como tal, saúdo esta iniciativa dos nossos parlamentares.
A propósito, só uma pergunta - quando poderá Wang Kuok Koi sair em liberdade condicional?
Não que esteja a insinuar que as duas coisas possam estar de alguma forma ligadas.....

3 

De Portugal, chegam notícias que, em boa verdade, não sei se surpreendem.
Carlos Silvino, o Bibi, resolveu agora revelar que foi coagido, drogado até, para apontar como culpados todos os outros arguidos condenados pelo mais hediondo dos crimes - a pedofilia.
Afinal, nenhum daqueles senhores, apontados a dedo, e com pormenores escabrosos,  por Carlos Silvino e pelos meninos da Casa Pia, cometeu nenhum dos crimes pelos quais foram condenados em Tribunal.
São todos inocentes, vítimas.
Vítimas até das fantasias eróticas dos meninos da Casa Pia.
Que sonhavam ser repetida e selvaticamente sodomizados por senhores ricos e famosos.
Quando julgamos que já assistimos a toda a nojice que é possível existir, haverá sempre um Carlos Silvino a lembrar-nos que também o nojo e o horror não têm limites conhecidos.

Comentários

  1. Caro Amigo Pedro Coimbra,
    Estou plenamente de acordo sobre a sua opinião quando ao assunto do Dr. Stanley Ho, muita coisa irá ocorrer e muitos anos levará a se resolver.
    Quanto ao Wang Kuok Koi, conhecido por Pang Há Koi, ele foi preso, graças ao Director da PJ, que alegou ter sido ele que fez explodir a sua viatura, quando praticava desporto no circuto da Guia.
    Todos sabemos que foi o Pang Há Fei, quanto a liberdade condicionda a lhe ser dada, isso é da responsabilidade dos dirigentes judiciais, veremos até onde a justiça chegará.
    O Carlos Silvino e as suas bonbagens de sempre, afinal que são os culpados. A justiça em portugal já sabemos como funciona, veja se o caso da face oculta, que até o então presidente da republica, O Sampaio, saiu em defesa de um criminoso, enfim!...
    Um abraço amigo

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  2. Conheço bem toda a história do Wang Kuok Koi.
    A esposa do director da Judiciária (Marques Baptista) era a minha chefe na época.
    Foram tempos complicados.
    Como serão os que se seguirem à morte de Stanley Ho.
    O Bibi desceu às profundezas do reles.
    Talvez um dia saibamos porquê.
    Um abraço

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