Agora é mesmo grave - a ONU zangou-se com Israel

O bloqueio israelita na Faixa de Gaza é cruel, desproporcionado e injustificável.
Mais, é, por si só, gerador de uma situação de instabilidade que se alastra a outras zonas do Mundo, que incita à violência, à escalada armamentista.
Ontem, o regime israelita atacou uma frota de activistas pró-palestinianos que transportava auxílio humanitário para a martirizada zona de Gaza.
De uma forma bruta, o regime israelita matou e feriu civis inocentes.
A comunidade internacional reagiu imediatamente.
O Conselho de Segurança da ONU reuniu de emergência e ouviram-se declarações terríveis como "necessidade de uma explicação cabal", "condenação veemente", "consternação" e "profunda preocupação".
Ban Ki-moon falou num "banho de sangue" e o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, país de origem de maior parte dos activistas, fez uma declaração dura, falando mesmo em "terrorismo de Estado".
A declaração final que resultar desta reunião é bem possível que considere o bloqueio a Gaza "inceitável e contraproducente".
Israel está isolado na cena internacional.
Hoje, gostava de sublinhar.
Sim, que amanhã, ou depois, já não será bem assim.
E é aqui que residem os grandes problemas, para os quais não se vislumbra solução, simplesmente porque não há vontade e ímpeto político nesse sentido.
Em primeiro lugar, a suprema inutilidade da ONU na forma como está configurada actualmente.
Soft law, soft power, são expressões que já todos ouvimos, que são de todos conhecidas.
A ONU é hoje uma organização que sofre de excesso de peso, de uma enorme burocracia, um sorvedouro de dinheiros públicos, um areópago onde frequentemente se produz uma retórica vazia, uma organização ineficiente e sem qualquer credibilidade.
As "terríveis declarações"(?) supracitadas que consequências práticas terão?
Provavelmente uma condenação formal da acção do Governo israelita, que até poderá ser, no limite, acompanhada de uma declaração, quiçá uma carta!!, na qual a ONU exprima a sua indignação.
E assinada pelo Secretário-Geral.
Se Israel ignorar esta carta, poderá mesmo ser enviada uma outra a deixar claro perante o Governo de Israel que a ONU agora está mesmo zangada com os israelitas.
Isto, obviamente, após várias reuniões do Conselho de Segurança e sob o voto de protesto de Israel, cujos representantes até poderão abandonar as reuniões a meio.
E é aqui que entram na equação os Estados Unidos.
Sejamos claros - enquanto Israel sentir o apoio americano, o regime israelita continuará a praticar os mesmos desmandos que vem praticando há muitos anos.
Simplesmente porque se sente impune.
Mais que impune, apoiado.
Uma comunidade internacional que se apresenta tão pressurosa a exigir uma intervenção da China junto do regime norte-coreano, tem de exigir, sob pena de enorme hipocrisia, a mesma atitude do governo americano perante Israel.
Depois dos acontecimentos de ontem, têm agora a palavra essa comunidade internacional (será possível que, por uma vez, a ONU não se revele totalmente inútil?) e Obama.
Uma boa oportunidade para o mediático presidente americano demonstrar que é capaz de responder afirmativamente ao enorme capital de esperança que o Mundo depositou na sua eleição.
E de deixar claro que não concentra a sua atenção apenas em três fenómenos - na frente interna, com a tragédia ambiental no Louisiana; e, na vertente externa, nos conflitos afegão e iraquiano.
Manifesto, antecipadamente, o meu pessimismo.
Infelizmente, não creio que se vá para além das missivas exprmindo a zanga da ONU.

Comentários

  1. Também estou pessimista, mas se tudo ficar na mesma, um dia destes ainda vamos ver Israel atacar o Irão. E depois, não sei não...

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  2. O meu maior receio é esse Carlos.
    É ver os loucos iranianos metidos na equação directamente.
    Com tantos loucos nos dois lados, o conflito pode agravar-se e, pior que isso, alastrar.
    E, francamente, vai sendo tempo de dar uma sapatada na ONU.
    Começa a ser penoso o que se vê no dia-a-dia da organização.

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  3. O que queria que a ONU fizesse? Declarar guerra a Israel?!...
    O apoio americano a Israel é subjectivo. Inclusive há indícios históricos que provam que não é bem assim. Talvez por isso Israel decidiu fazer o que fez, condenável, sem dúvida. No entanto, não o vejo criticar a conduta dos pseudo-humanitários que traziam umas "granaditas" nos bolsos para o que desse e viesse... Aliás, como é possível considerar uma seita terrorista como o Hamas de humanitários?!...

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