PODER & ASSOCIADOS - Paulo Morais (Correio da Manhã)
As grandes
sociedades de advogados adquiriram uma dimensão e um poder tal que se
transformaram em autênticos ministérios-sombra.
É dos seus
escritórios que saem os políticos mais influentes e é no seu seio que se produz
a legislação mais importante e de maior relevância económica.
Estas sociedades
têm estado sobre-representadas em todos os governos e
parlamentos.
São seus símbolos
o ex-ministro barrosista Nuno Morais Sarmento, do PSD, sócio do mega escritório
de José Miguel Júdice, ou a centrista e actual super-ministra Assunção Cristas,
da sociedade Morais Leitão e Galvão Teles.
Aos quais se
poderiam juntar ministros de governos socialistas como Vera Jardim ou Rui
Pena.
Alguns adversários
políticos aparentes são até sócios do mesmo escritório.
Quando António
Vitorino do PS e Paulo Rangel do PSD se confrontam num debate, fazem-no talvez
depois de se terem reunido a tratar de negócios no escritório a que ambos
pertencem.
Algumas destas
poderosas firmas de advogados têm a incumbência de produzir a mais importante
legislação nacional. São contratadas pelos diversos governos a troco de
honorários milionários. Produzem diplomas que por norma padecem de três
defeitos.
São imensas as
regras, para que ninguém as perceba, são muitas as excepções para beneficiar
amigos; e, finalmente, a legislação confere um ilimitado poder discricionário a
quem a aplica, o que constitui fonte de toda a corrupção.
Como as leis são
imperceptíveis, as sociedades de jurisconsultos que as produzem obtêm aqui
também um filão interminável de rendimento.
Emitem pareceres
para as mais diversas entidades a explicar os erros que eles próprios
introduziram nas leis.
E voltam a ganhar
milhões. E, finalmente, conhecedoras de todo o processo, ainda podem ir aos
grupos privados mais poderosos vender os métodos de ultrapassar a Lei, através
dos alçapões que elas próprias introduziram na legislação.
As maiores
sociedades de advogados do país, verdadeiras irmandades, constituem hoje o
símbolo maior da mega central de negócios em que se transformou a política
nacional.
Paulo Morais (Professor Universitário)
Caro Pedro
ResponderEliminarUma monstruosa realidade...
Abraço
Rodrigo
Não posso estar mais de acordo, Pedro!
ResponderEliminarAbraço
Rodrigo,
ResponderEliminarPaulo Morais expõe aqui os tentáculos de um polvo que todos percebemos existir.
E que não conhece exclusividade de cores partidárias.
Aquele abraço
Ricardo,
Uma situação que o Sousa Tavares também já denunciou várias vezes, fonte de negócios milionários, de duvidosa legalidade, e que sufoca os jovens advogados.
Aquele abraço
Um bocado monopolista esta situação! *
ResponderEliminarMonopolista, Catarina?
ResponderEliminarIsto é vigarice no seu estado mais puro!