Um Dia Isto Tinha Que Acontecer, por Mia Couto



"Existe mais do que uma! Certamente! 
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. 
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. 
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?"

Comentários

  1. Gosto muito de Mia Couto. Foi uma “descoberta” muito agradável que fiz há uns 2/3 anos quando ouvi falar nele pela primeira vez num dos blogues que visito e comecei a ler os seus livros. Respeito as suas experiências e conhecimentos. Porém, creio que talvez esteja a generalizar demais aqui. Existem pais que fizeram/fazem tudo isso. Será a maioria? Não creio. Ou talvez esteja a viver numa sociedade diferente. Uma sociedade que valoriza o trabalho dos jovens/jovens adultos e onde estes começam a trabalhar muito cedo para os seus gastos pessoais e para pagar os seus cursos universitários.

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    1. acredito que sim, os pais de que Mia Couto fala correspondem à maioria sim. Por acaso já tinha pensado nisso, que actualmente muitas das "incapacidades" da juventude de hoje é devida à má educação recebida e que realmente nao podemos ("nós" a geração "pais") achar "estranho" mas ao texto de Mia Couto gostaria que tivesse acrescentado que grande parte da culpa nao é só dessa geração "pais" é também da geração anterior (tipo dominó) pois trata-se de uma geração altamente rígida e inflexível nos costumes e ideias ensinadas dentro de casa que criou uma geração que nao soube dar limites aos seus rebentos com medo de ser o que os seus pais foram para eles correndo assim, muitas vezes, para a direcção oposta. Mas acredito que estas variações de "educações" nao são pontuais e/ou pessoais são colectivas, é o que se fazia na altura por todos então, é como a sociedade pensava ou pensa, a educação de uma pessoa não é só o que se recebe la em casa não é?...

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  2. "Ou talvez esteja a viver numa sociedade diferente."
    Totalmente diferente, Catarina.
    Há um mundo de diferença entre o Canadá e a Europa em termos de mentalidades.
    E é à Europa, particularmente a Portugal, que Mia Couto se está a referir, julgo eu.
    "Uma sociedade que valoriza o trabalho dos jovens/jovens adultos e onde estes começam a trabalhar muito cedo para os seus gastos pessoais e para pagar os seus cursos universitários."
    Acha que isto acontece na Europa, particularmente em Portugal?
    Não há comparação possível.

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  3. Caro Pedro Coimbra
    Um texto terrívelmente realista.
    Abraço
    Rodrigo

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Como é hábito no Mia Couto, Rodrigo.
    Aquele abraço

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  6. Pedro,

    Conheço o texto há já algum tempo e é um texto que sempre tive vontade de escrever, pois, desde há muito, é assim que via o nosso País.

    Esses putos que tudo tem sem o merecer ou fazer por isso, esses pais que actuando como autênticos cretinos lhes satisfazem as vontades nem que para tal "não comam", enfim,um cem número de situações.

    Caro Pedro,

    eu acho que este é, aliás, um problema não só português, mas latino - França, Espanha, incluídos - e que deverá para bem da sociedade ser erradicado, demore o tempo que demorar isto deverá ter um fim que será positivo para ambas as partes.

    Abraço e desculpe-me ter alongado, mas hoje estou para escrever muito e esta "carta" sempre mexeu comigo!

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  7. Concordo e subescrevo quase inteiramente o texto do Mia couto, e digo quase pois acho que a culpa não é só desses jovens mas também. penso que esses jovens tem a sua cota parte de culpa , poi estariamos mais uma vez a desculpabiliza-los como sempre lhe fizeram os pais e a escola que os tratava como ums "coitadinhos" dos meninos que podem estudar muito..... etc, e lá foram crescendo como diz o texto e muito bem que são a geração mais bem preparada de sempre.
    PS: só quero aqui ressalvar, os jovens por que os há, que lutaram para ter o que têm.

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  8. Já conhecia este texto e só posso dizer que está muito bom. :)

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  9. Ricardo,
    O mimo nunca fez mal a ninguém.
    É necessário.
    O excesso, como todos os excessos, é pernicioso.
    Inclua a Itália nesses países.
    Já ouviu falar nos "mamone"?
    Se não, procure para ver o que são.
    Aquele abraço e escreva sempre o que quiser que todos gostamos de ler

    TeKanelas,
    Como em tudo, há excepções.
    Mas esta é a regra.
    Muito bem detectada e explanada pelo Mia Couto.

    FireHead,
    Excelente texto e excelente análise sociológica

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  10. Pedro,

    já ouvi falar dos "mamone" e não sei porquê não escrevi a Itália que, obviamente, está incluída.

    Abraço

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  11. Vi uma peça no 60 minutes (Lesley Stall) sobre eles.
    A Lesley Stall não conseguia disfarçar uma enorme vontade de rir com a postura de alguns.
    Aquele abraço

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  12. Mia Couto, um grande escritor, nasceu na cidade da Beira, Moçambique, filho de pais portugueses. Sempre residiu em Moçambique, agora no Maputo (capital de Moçambique) e não no Canadá. Viaja, suponho mais como escritor do que como biólogo.

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  13. Sem dúvida uma perfeita observação da realidade, acrescentaria um outro grande mal criado por esta sociedade que é a falsa ilusão das igualdades entre os jovens. Considero que quem estuda mais, trabalha mais, esforça-se e encara a vida com realismo terá de ser recompensado.
    Terão também de ser aceites as diferenças entre aqueles que por alguma razão possuem mais recursos pois isso faz parte de todas as sociedades, não dando lugar a qualquer tipo de inveja.

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  14. Julgo ser um ensaio feliz em alguns sentidos mas muito infeliz em tantos outros.

    Sendo jovem, daqueles que se inflama com as condições que tenho para singrar profissional e económicamente numa sociedade de corrupção e engano, vejo-me com uma dívida entre mãos, provocada por tantos que eu não conheci, vejo a dívida pública do Estado a aumentar, e os meus pares num desemprego, fruto de uma falsa austeridade, que vinca a diferença entre pobres e ricos, assim como deixa às claras a injustiça social, em nome da tal dívida que agora é minha.

    A juventude abastada, abastada continua, afinal os ipads e iphones são útilizados por quem pode, procurasse o Mia Couto nas manifestações por tais caprichos do consumismo e por cada gadget que ele encontrasse eu apresentar-lhe-ia uma família no desemprego, jovens letrados com fome, pais sem emprego e velhos sem casa ou medicamentos.

    Os pais impotentes e frustrados ( das gerações anteriores à minha), são os que votaram em políticos de charme, que nunca souberam o que é solidariedade e comunidade, tinham tempo para as novelas porque o emprego era garantido e a reforma um direito... os jovens que vão para a rua, procuram independência e não a dependência nefasta que o acomodar de seus país, funcionários públicos, amorfos e escritores de cordel exemplificavam como forma de levar a vidinha... afinal a banda larga, alarga horizontes e fugir parece ser melhor remédio, ou acabamos na melhor das hipoteses iguais a eles.

    O desemprego em catadupa e o salário mínimo mais baixo da europa é culpa dos jovens de 30 anos como eu?... Os lucros anuais dos bancos nos últimos 10 anos, que cobririam 10 vezes os valores deste ano, assim como o congelamento de salários, ou aumento das contas de luz, transportes públicos, gasolina, alimentação com sobrecarga de iva ... é culpa dos jovens de 30 anos como eu?....

    Sendo trabalhador independente todos os dias procuro clientes, todos os dias me procuro mais empreendedor, tenho trabalho, porque procuro o trabalho, não tenho contratos para pintar quadros e olhe que talento não me falta, ou ficar sentado à espera que o dia acabe num queixume que antigamente é que se estava bem.... de facto as gerações antes da minha não se queixavam, pois sabiam que a dívida e as preocupações iriam para os seus filhos... sim essa sociedade existiu em todas as nossas casas... a classe média portuguesa, preocupava-se em ter mais que o vizinho, sem querer saber do amanhã... corrijo a sociedade mundial não quis saber e ainda não quer saber... caricatamente ainda recentemente, jovens manifestantes à procura de emprego, encontraram-no em plena manifestação deixando todos os outros para trás.

    Petróleo, poluição... buracos do ozono, crude nas águas... que interessa? As gerações vindouras limpam... e é bem fácil gritar com políticos, ou com quem grita com os políticos enquanto se têm a casa de Verão... sim porque dantes comprar casa era fácil não era Sr. Mia Couto?... e se por sorte... em herança recebece mais que uma... talvez eu pudesse ser pintor, talento não me faltaria, mas falta-me o pão...

    Muitos jovens e menos jovens que criticam este mundo, preferiram o sol da praia, que ir votar... quanto a isto eu jovem de 30 anos vejo-me impotente de mudar, resta-me educar a minha filha, mas nunca dizer que a culpa é dela... do meu país ser assim, corrupto e agradado em ser roubado todos os dias.

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  15. eh mesmo do Mia Couto este texto???

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    1. Não, não é. Foi escrito pela autora de um blog "Assobio Rebelde" a 9 de Março de 2011 e começou a circular na net como tendo sido escrito por Mia Couto, que já várias vezes o desmentiu e aqui nese link surge um post da autora reafirmando que ela é a autora do texto e não Mia Couto. http://assobiorebelde.blogspot.pt/2011/03/geracao-rasca-assobio-rebelde-mia-couto.html

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    2. Obrigado pela sua informação.
      E chapelada à autora!!!

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  16. Adoro o texto e já o li por várias vezes em locais, tempos e situações diferentes. Tal como referido acima, é a triste e genérica realidade, com as suas excepções, como em qualquer regra.

    Caro Dmir Glavovich Larko, percebo a frustração pois também me incluo no grupo de pessoas que luta diariamente por uma vida um pouco melhor.
    Tenho 27 anos e apesar de ter feito a faculdade às custas da minha mãe, muito o valorizo, e muito "NÃO" ouvi na infância, adolescência e até na vida adulta.
    Logo que terminei a faculdade comecei a trabalhar e assim que possível consegui a minha independência, por um lado para deixar de ouvir os "NÃO" que tão pouco me agradavam, acabando por descobrir que não os ouvia mas que tinha de os pensar...
    Apesar de tudo acho que ainda não tenho muito de que me queixar (o ordenado vai dando para pagar as contas e mais alguma coisa) no entanto tenho noção de que muitos dos meu colegas de escola tiveram versões muito diferentes de infância e adolescência!
    Presenciei eu (ninguém me contou) meninas bonitas a dormir na carteira da frente das salas de aula, e os professores calados porque a menina estaria muito cansada e era melhor dormir aquela aula do que estar cansada o dia inteiro.
    Ouvi eu com os meu ouvidos, a mesma menina bonita, a falar ao telemóvel com a mãe durante uma aula, aos gritos com a senhora porque tinha de esperar um pouco à porta da escola no fim das aulas!
    Atrevesse-me eu a levantar a voz ou refilar mais do que a conta e para alem do castigo certo, só não levava uma "galheta" se tivesse sorte!

    O respeito precisa-se e é muito bonito! Pensar no mal dos outros antes de chorar pelo nosso "vamos indo menos bem" também não faz mal a ninguém e queixas infundadas quando se ganha 4000 euros ao mês tenham dó de mim!!!

    Acho que é destas situações aberrantes e que infelizmente acontecem que o autor fala!

    Relativamente a culpa, morre sempre solteira, pois é de todos e de ninguém! A verdade é que a dívida pública cresceu a par e passo com a dívida privada, todos os dias há pessoas a declarar falência financeira e não estou a falar de empresas!
    Pessoas que perderam o emprego, que não têm como pagar o carro, casa, créditos pessoais e afins em que se meteram! Em que as creches, escolas ou outros têm mesmo de ser pagos porque não têm como ficar em casa com os filhos a menos que desistam de procurar trabalho!
    A minha mãe é funcionária pública, a minha irmã e cunhado também e posso garantir que trabalham mais do que muitos funcionários de empresas privadas, em que chega a hora de saída e já estão de casaco vestido...
    Não são a regra, pois não, esse é o verdadeiro problema deste país, todos querem emprego e ninguém quer trabalho, deixando para a semana o que já devia ter sido feito a semana passada!

    A propósito disto deixo um texto traduzido por mim do inglês:

    "Esta é uma historia acerca de quatro pessoas: Todos, Alguém, Qualquer um e Ninguém.

    Havia um trabalho importante para ser feito e pediram a Todos para o fazer.

    Todos tinham certeza de que Alguém o faria. Qualquer um poderia tê-lo feito, mas na realidade Ninguém o fez.

    Alguém zangou-se, pois era trabalho de Todos! Todos pensaram que Qualquer um poderia tê-lo feito e Ninguém duvidava de que Alguém o faria.

    No fim das contas, Todos culparam Alguém porque Ninguém tinha feito o que Qualquer um poderia ter feito."

    Espero que o autor não se chateie, mas irritam-me pessoas que acham que se sentem pessoalmente acusadas por coisas genéricas!
    Até parece que o mundo gira à volta delas e não à volta do sol...

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  17. O que este senhor se esquece é que a geração bonita a que eles se dizem pertencer foi a que causou isto tudo, porque ganharam aquilo que não podiam nem mereciam e agora......mostram-se dum egoísmo atroz ao recusarem-se a participar numa solidariedade integerecional e ceder um pouco para que os jovens possam ganhar um pouco mais, O que este senhor se esquece é que ele e a geração a que pertence foi-lhes dada oportunidades e cunhas fartas para trabalhar...hoje = 0. O que este senhor se esquece é que, para pagar a conta que foi deixada pela sua geração, se a nova geração não ganhar nem tiver a possibilidade de produzir, a velha geração vai morrer sozinha, sem que ninguém dê conta....provavelmente só após alguns largos meses ou anos é que se descobre que anda por ali um cadáver no apartamento tal como está a acontecer agora. É isto que querem????

    Da geração deste senhor faz parte José Sócrates, Dias Loureiro, Duarte Lima, Francisco Louçan, Carlos Cruz, Isaltino e por aí fora, tudo gente boa, aos quais se podem juntar Cavaco Silva, Mário Soares, o assalariado Amorim, Joe Berard, Manuel Alegre (provavelmente o que está aqui escrito é anti-constitucional) e a tralha comunista que fala muito mas só defende quem tem bons trabalhos mas que não gosta de trabalhar. Sentem-se orgulhosos deles???

    Se nós somos a geração rasca, a geração que agora ronda a casa dos 50 são a geração trampa, que cresceram com os subsídios do cavaqusitão, com o facilitismo do guterres e agora....que ocupam cargos relevantes e de chefia dentro das empresas, quando têm de mostrar que valem alguma coisa borram-se todos perante as dificuldades, mostram uma tamanha ignorância, incapacidade de reacção e perseguem todos aqueles que mostram que sabem mais que eles de forma a manterem os seus postos.

    Querem mesmo discutir as diferenças entre gerações? Estou farto destes merdas que só atingiram a popularidade porque na altura deles a mediocridade era a exigência e agora vêm com uns discursos moralistas. Queria ver se começassem agora se conseguiam fazer-se sentir.

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    1. Concordo, este artigo limita-se a dizer que os jovens estão mal e que apesar de terem estudos, são incultos, que nos deram tudo para termos sucesso... mas acabaram por nos estragar com mimos.

      É triste haver pessoas que vêm tantos jovens a batalhar para terem um emprego, quando na geração desse senhor isso era garantido... assim como a geração desse senhor também teve a vida mais facilitada para adquirir crédito e é da geração dos tachos...
      Este senhor provavelmente na casa dos seus 30 anos já poderia ter a sua família, porque poderia sustentá-los, poderia trabalhar para o seu carro... e a sua casa, pois bem na minha geração não podemos ter família nos nossos 30 anos, pois as gerações anteriores deram poder aos corruptos e ladrões e destruíram o país, deste modo nem sequer um emprego estável podemos ter.

      Os nossos jovens têm a coragem de ir para fora havendo uma grande vaga de emigração qualificada... eu por exemplo estou na Alemanha, quando este senhor provavelmente não teve de sair de um país sem oportunidades para ele.

      A nossa geração é mais culta sim que as gerações anteriores, também somos mais viajados e contactamos com outras culturas e falamos mais línguas.

      Acho triste alguém ter esta visão distorcida sobre a realidade. Já que o senhor quer falar sobre gerações, então sem dúvida a geração do dito senhor é uma das causadoras da situação de hoje e se a nossa geração está à rasca, é por causa das gerações de trampa anteriores.

      Desculpem o desabafo mas é ridículo culparem-nos por algo que foram os próprios que originaram.

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    2. Marcia Xavier,
      O texto não é da autoria de Mia Couto.
      Aparece até alguém a comentar (Maria dos Anjos Polícia) que diz ser a autora.
      Como já referi anteriormente, não me revejo no teor do mesmo.
      Tenho 49 anos, vivo em Macau, e vi a minha geração fazer coisas inenarráveis
      Sentar-se, apontar o dedo as mais jovens, é pura e simplesmente desonesto.
      Esteja à vontade para comentar e desabafar sempre que quiser.

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  18. Não há regra sem exceção. Eu criei assim a minha filha confesso, mas a minha sobrinha que tem agora 35 anos, não teve pais que lhe quisessem pagar os estudos, por isso teve que o fazer sozinha, tirando dois cursos de nível superior. Nunca teve qualquer cunha para empregos e hoje criou a sua própria empresa, também sozinha. É uma batalhadora, talvez por nunca ter com quem contar. Tenho um grande orgulho da minha sobrinha.

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  19. Mia Couto? Um escritor de merda com dor de cotovelo dos mais jovens e a fazer generalizações. Sim, entachados de merda, já percebemos que têm medo da juventude que sabe usar o cérebro e que vos quer derrubar a todos, porque, ao contrário de nós, vocês nada têm de jeito a dizer ou a fazer por este país.

    Cumpre manter eternamente o zé jovem mal pago, mal estudado e adormecido com drogas, álcool e outras coisas mais, para os Mias Coutos poderem continuar a somar tachos em jornais, conferências, faculdades e etc..

    Onde e como gasto o meu dinheiro é cá comigo; não se preocupe esse palhaço frustrado do Mia Couto, que se há pessoas que prezam a frugalidade, sou eu.

    Já me alonguei, que o Dmir Glavovich Larko disse tudo. Também eu ouvi muitos "NÃO!" e não é por isso que concordo com este texto risível, exemplo acabado de um imbecil entachado em busca de protagonismo que só consegue através de um meio cultural medíocre, ele próprio recheado de entachados.

    Fora isso, bom blog. Parabéns.

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  20. Testo generalista e extremamente preconceituoso. Para alguma da classe alta, na qual Mia Couto se insere, assim possa ser, mas para a generalidade dos Portugueses não há carros oferecidos com depósitos cheios. O texto é também revelador duma grande ignorância histórica, onde há 40 anos atrás o analfabetismo era gritante.

    Repete a máxima analfabeta da distinção entre trabalho e emprego, onde em bom português, emprego é a alocação de alguém a um trabalho ou função, ou seja, o trabalho existe, ou exerce-se, não se possui, ao contrario do emprego (alocação). Querer um trabalho é como "fazer o comer" em vez de "fazer a comida", restos da labreguice da outra senhora.

    Continue assim que ainda é capaz de conseguir um lugar no governo atual. Gosto do seu texto pois reflete a imbecilidade da sua classe, e porque é sintoma de que a mesma está a definhar para grande contentamento meu. Que rastejam e comam a terra é o que eu vos desejo.

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    1. Já sexagenário e valorizando sempre a delicadeza, para não dizer educação, começo por lamentar os comentários insultuosos, os quais, nunca e em qualquer situação não demonstram mais do que FALTA DE RESPEITO PELOS OUTROS, o que implica também INCAPACIDADE DE ACEITAR OUTRAS OPINIÕES e saber, SEM INSULTAR, expôr as suas.
      Acho que, de um modo geral, o autor do texto em questão fez uma análise bastante realista à geração a que se refere. Os corruptos deste país nunca, quanto a mim, devem ser apontados como termo de comparação, o que não leva a nada. Contudo, REUNIRMOS ESFORÇOS PARA QUE HAJA JUSTIÇA E ACABE O ALTO PODER DESTE TIPO DE "GRUPELHO" OPORTUNISTA,CORRUPTO E CRIMINOSO, será mais eficaz do que apenas apontá-los. Nesse aspecto, o que temos nòs feito para os derrubar???

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    2. certissimo.. os chuelcos da burguesia tuga estão a ficar revoltados porque estão a ver o fim das mordomias..

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  21. Quem é que manda um punhado de resposta ao tal Mia Couto?

    Sim, porque eu não tenho que saber quem é e pouco me importa. Tão somente já vi que pouco ou nada percebe da vida. O que ele fala e generaliza não é a maior parte da sociedade, embora exista. Não Sr. Mia, a maioria dos jovens não fez isso que o Sr. acha. E mais lhe digo, tenho um iPhone, um iPad, um BMW, uma mota quatro e tantas outras coisas que o Sr. e outros quando me vêm dizem logo, olha o mimado, filhinho do papá. O problema é que não passa de inveja, pois tudo foi comprado com o dinheiro do meu trabalho.

    Para quem não é Português e vive da poesia, você mia muito!!!

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    1. Basta ter um pouco de inteligência para verificar que você não faz parte do grupo de jovens referido neste texto!
      Parem de ser tão egocêntricos..
      E SIM, VOCÊ É EXCEPÇÃO À REGRA! Quantos pais eu não conheço que deixaram de comprar roupa para si próprios só para poderem comprar iPhones, carros e para poderem pagar as propinas de um curso que se sabe à partida não terá saída mas para qual os filhos entraram só para dizerem que tem um curso..
      Abraço

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  22. Obrigada por aqui divulgar este meu texto, que publiquei, inédito, no meu blogue, Assobio Rebelde, em 9 de março de 2011.
    Já não posso agradecer que a autoria tenha sido atribuída a Mia Couto, facto que o próprio desmentiu muito rapidamente.
    Maria dos Anjos Polícia

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  23. A muitos jovens de hoje "pica a cevada na barriga"...

    E digo isto porque vejo graves lacunas de compreensão, reconhecimento e de respeito pelas gerações que lhes proporcionaram, com inúmeros sacrifícios, todo o conforto de que hoje usufruem e de que se permitem escarnecer, dando-se ao luxo de acusarem as gerações, que tanto se sacrificaram por esta, de andar a "sacar" o país quando pretendem ter uma justa reforma para a qual descontaram, com o argumento intelectualmente desonesto do tão propalado "factor de sustentabilidade"...

    Muitos acham bem que quem trabalhou durante quarenta ou cinquenta anos, cumprindo as regras que assinou e fazendo os descontos estipulados, sejam agora alvo de uma quase "criminalização" de quem não tem culpa nenhuma do estado a que o país chegou!

    Vergonhoso...

    Mas desejo a esta geração que está agora a "gatinhar" na vida e no mercado de trabalho, aquilo que a minha geração sonhou para ela, a anterior para a minha e a antes dela para ela...

    Que não perca, esta "geração à rasca" que escarnece e desrespeita a geração anterior (e apenas esses), porém, que as respectivas certezas um dia, quando forem pais e estiverem a deixar "voar" os seus rebentos, talvez venham a ter as mesmas dúvidas que hoje têm as gerações que tanto criticam e que muito pouco demonstram respeitar!

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  24. Este texto não é de Mia Couto
    Aqui fica o desmentido:
    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=535545033159218&set=a.298941346819589.66688.298257536887970&type=1&theater

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