Politiquice
Vasco Rocha Vieira, último Governador de Macau, concedeu uma entrevista à Lusa que, presumivelmente, seria um desabafo do general, dez anos após a transição de poderes em Macau.
Bem espremidinha, duas conclusões a tirar:
- Rocha Vieira e Jorge Sampaio tinham uma relação gélida (não é novidade nenhuma);
- A bandeira que o general segurou ao peito, encontra-se numa gaveta em casa do então seu ajudante de campo (é novidade, mas é puro "fait divers").
Depois de conhecido o conteúdo da entrevista, e o episódio da bandeira, Carlos Monjardino veio, muito solicitamente, oferecer-se para expor a mesma no Museu do Oriente.
Isto, claro, se alguém lho solicitar.
Passemos a decifrar mais um episódio de pura politiquice.
Rocha Vieira queria que Jorge Sampaio o recebesse para o general fazer o balanço da sua governação.
Era uma tradição que o Governador de Macau fizesse o balanço dos seus anos de governação perante o Presidente da República quando cessava as suas funções, tradição que Jorge Sampaio quebrou com Rocha Vieira.
E quebrou porquê?
Porque o general quereria promover, publicamente e de modo simbólico, o fim do império.
Muita imprensa, a bandeira colada ao peito, a ser entregue pelo último Governador ao Chefe de Estado.
Sampaio percebeu a ideia, previu o espectáculo, e estragou a festa a Rocha Vieira, alguém que nunca lhe foi nada querido.
Os anos passam, Rocha Vieira revela que a bandeira ainda se encontra na mesma gaveta onde foi colocada, e surge Carlos Monjardino na novela.
A bandeira poderá ser colocada no Museu do Oriente, se tal lhe for solicitado.
Neste "se" reside toda a habilidade e sagacidade de Carlos Monjardino.
Quem é que lhe pode/deve solicitar esse favor?
Obviamente Cavaco Silva, actual Presidente da República.
Algo que Carlos Monjardino sabe perfeitamente que Cavaco nunca fará.
A bandeira serve como pretexto para mais um joguinho de política rasteira, com protagonistas conhecidos.
Um episódio nada edificante, algo pueril, e que deixa muito mal a imagem do País.
Sobretudo porque surge (não é por acaso...) em vésperas de se comemorarem os dez anos de transição de poderes.
Politiquices à parte, o Museu do Oriente em Lisboa é lindo.
ResponderEliminarCaro Dr. Pedro Coimbra
ResponderEliminarEscrevi no meu blogue, sobre a entrevista de Rocha Vieira à Lusa, que ele devia estar calado. E não retiro o que disse.
E explico-lhe em primeira mão a minha posição. O meu jornal "Macau Hoje" foi essencialmente crítico da administração de Rocha Vieira. Nunca recebeu subsídios mensais num total de milhões de patacas à semelhança de um outro diário e um semanário. Tenho a veleidade de assumir que poderia escrever uma Biografia do cidadão Vasco Rocha Vieira porque o conheci desde antes do 25 de Abril. Um dia, telefonei-lhe a perguntar se autorizava que eu fosse o autor de uma sua Biografia, obviamente com credibilidade, porque publicaria também as nódoas da sua carreira político-militar. Respondeu-me que "Já está alguém a tratar disso"...
A história da bandeira, o tal fait-divers que muito bem o meu caro Pedro Coimbra salienta, serviria certamente para um capítulo tenebroso de um livro que daria pano para mangas...
Grane abraço
Um abraço grande a ambos pelos comentários tão simpáticos.
ResponderEliminarVárias vezes o senhor JES relatou esta história, por isso é altura de perguntar: mas porque é que é preciso pedir autorização para escrever o livro? se todos aqueles que escrevem biografias pedissem autorização mais de metade dos livros não se escreviam; se sabe tanto não prometa, escreva!
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