Indisponibilidade para correr riscos


Esta expressão, na sua simplicidade, resume muito do que se passou ontem em Alvalade.
Nem Sporting, nem Benfica, quiseram correr riscos.

No caso do Benfica, a opção estratégica de Jorge Jesus até é compreensível.
O Benfica leva 11 pontos de vantagem sobre o rival e era ao Sporting que competia  "correr atrás do prejuízo".
Daí que a estratégia de nítida 'tracção atrás" montada por Joge Jesus tenha de ser compreendida e aceite.
Revela falta de ambição, dirão os seus críticos.
Revela pragmatismo, continuo a pensar eu.
Entre os méritos de Jorge Jesus, está indiscutivelmente o de ter sabido avaliar muito bem os recursos humanos de que dispõe, o de não ter caído na ilusão e popularismos fáceis.
Jorge Jesus quer, acima de tudo, ser campeão.
Mais agora após o afastamento precoce da Taça de Portugal.
Com o resultado de ontem, sensaborão para os adeptos, afastou definitivamente um outro potencial candidato ao título da corrida.
Algo que o próprio treinador benfiquista afirmou no final do jogo e que só não vê quem não quiser.
Xeque-mate ao Sporting, dado com muita frieza e visão.
Daí que, ao contrário do Benfica, seja incompreensível a acomodação do Sporting a um resultado que definitivamente afasta a equipa da rota do título.
O Sporting, que tinha tudo a perder neste jogo, mostrou-se acima de tudo preocupado em não perder o jogo.

Péssimo cartão de visita de Carlos Carvalhal nesta sua apresentação em Alvalade.
Com a estratégia que montou, e as opções que tomou ao longo do jogo, Carvalhal foi o primeiro a admitir que acredita pouco na equipa.
Eventualmente, que acredita pouco em si próprio.....
E foi extremamente egoísta.
Carlos Cavalhal, antes de mais, não queria apresentar-se perante os sócios do Sporting, com uma derrota em Alvalade perante o rival da Segunda Circular.
Em Alvalade esteve o treinador do Setúbal, do Belenenses, do Marítimo, não o treinador ambicioso que o Sporting exigia.
E estes factos ainda assumem maior gravidade quando se estava perante um jogo em que o Sporting tinha tudo a perder e muito pouco a ganhar.
Uma equipa que está a 11 pontos de distância do topo da classificação, se ainda tem alguma ambição, é inadmissível que não jogue tudo para ganhar aquele jogo.
Ainda que, nesse processo, o venha a perder.

Se restavam dúvidas, ontem ficaram definitivamente dissipadas - o Sporting é uma equipa sem classe, com um treinador sem classe, que vai lutar por um lugar na Liga Europa da próxima época, uma participação digna na Liga Europa da época em curso, e uma possível vitória na Taça de Portugal e/ou na Taça da Liga.
Objectivos inteiramente compreensíveis e aceitáveis para um Marítimo, um Belenenses, um Setúbal.
Nunca para o Sporting!
Com este resultado, o Porto pode aproximar-se dos lugares de topo, e o Braga pode assumir a liderança isolada da prova.


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