Os recados de Hillary
"Se os americanos devem poupar mais e pedir menos, as economias asiáticas devem consumir mais."
Estas são palavras proferias por Hillary Clinton ontem em Hong Kong.
Neste seu périplo pela Ásia, a Secretária de Estado norte-americana tem deixado alguns recados nos locais que visita.
Este, em Hong Kong, é particularmente simbólico e significativo.
Em território chinês, Hillary Clinton avisa os asiáticos, particularmente a China, que, se querem ver as suas economias continuar a crescer, têm que permitir que as economais dos outros países, particularmente a americana, também cresçam.
Não é um discurso novo.
As circunstâncias político-económicas em que é proferido é que o são.
Enquanto, a nível interno, democratas e republicanos não se entendem acerca dos limites de endividamento da economia americana, e as agências de notação financeira, tão zelosas a puxar as orelhas dos países europeus, assobiam para o lado quando se trata da economia americana, à beira de chegar ao nível de puro calote, Hillary Clinton tenta, na vertente externa, dar um empurrão à economia americana.
Como?
Ameaçando as economias emergentes, entre as quais se destaca a chinesa, maior detentora de títulos de dívida americana.
Se não auxiliarem os Estados Unidos, através de um maior consumo e um menor aforro, vão sofrer.
Isto porque, se os Estados Unidos, e a Europa, não consumirem, a quem vão os asiáticos vender os produtos que produzem (quem pensa que os mercados internos destes países, incluindo a China, são auto-suficientes, está desfasado da realidade)?
E, se não venderem, que problemas internos vão enfrentar?
E ainda, se não consumirem, se não injectarem dinheiro nas economais americana e europeia, como vão os americanos e europeus pagar os juros dos empréstimos que lhes foram concedidos?
Hillary Clinton, em bom rigor, trouxe para a Ásia o discurso do seu marido.
Esqueçam, por momentos, as questões políticas.
As divergências acerca de problemas relativos ao respeito pelas liberdades individuais e os direitos humanos.
Concentremo-nos em problemas puramente económicos que a todos interessam e que a todos dizem respeito.
Ou, dito de outro modo, Hillary veio à Ásia repetir a frase que o marido celebrizou - "it's the economy, stupid!"
Pedro
ResponderEliminarQuem anda muito tempo com um coxo começa a coxear.
Beijo
Não conhecia a expressão, Adélia.
ResponderEliminarMas é muito fiel e reflecte perfeitamente a situação.
Bjs