Os plantéis dos quatro
Depois de ontem aqui ter deixado escrito que me parece muito cedo para entregar títulos ao Benfica, hoje vou tentar analisar os plantéis dos quatro candidatos ao título, o momento de cada uma das equipas, a gestão e a filosofia seguidas até agora, e o que se pode razovelmente prever para o futuro.
Antes do mais, acentuar que creio que se pode realmente pensar numa luta a quatro, incluindo novamente o Braga no núcleo de pretendentes ao título, tradicionalmente restringido a três.
Não acredito, como não acreditava na época passada, que os minhotos venham a ser campeões.
Mas vão seguramente andar envolvidos na luta pelos quatro primeiros lugares.
Seguindo a classificação final da Liga, aqui ficam algumas ideias.
O Benfica, campeão em título, parte como favorito à renovação do título conquistado na época passada.
Mantém o mesmo treinador, Jorge Jesus, que conseguiu devolver ao clube o hábito de vencer, que conseguiu arrumar uma casa que andava há muito tempo em constante convulsão.
Jorge Jesus impôs-se perante dirigentes, adeptos e jogadores, e é hoje o líder incontestado de um renovado Benfica.
Apesar de ter perdido Angel di María, o Benfica mantém a base da equipa que foi campeã.
A saída do craque argentino foi compensada com as entradas de outros dois jovens argentinos - Franco Jara e Nicolás Gaitán.
A equipa poderá vir a ser formatada de uma outra forma, porque o peso e a influência de "Angelito" eram inegáveis, mas não parece resultar grande perda para o plantel benfiquista, e para a forma de jogar da equipa, com a saída do astro argentino.
Mais importante, porque a partida de di María era mais do que previsível, e foi tratada atempadamente, foi conseguir manter David Luiz e Fábio Coentrão no plantel.
Perder estes dois jovens, metade da defesa titular da época passada, seria uma enorme dor de cabeça para Jorge Jesus.
O treinador foi deixando claro que não queria perder os jogadores, falou com ambos, com os responsáveis pelo clube, e conseguiu manter ambos na estrutura.
Complicado será agora substituir Ramires se se confirmar a partida deste.
Já aqui escrevi várias vezes que, na minha opinião, um dos grandes segredos do futebol do Benfica da época passada, esteve na maneira como funcionava a dupla Javi García/Ramires, e no facto de essa dupla se constituir como uma forte base de sustentação de todos os movimentos da equipa.
Sem Ramires, Jorge Jesus terá que procurar uma alternativa válida, algo que, convenhamos, não se revela fácil.
Muito do futuro deste Benfica passa agora pela maneira como for resolvido este problema.
Debilidade clara no plantel do Benfica é a falta de um guarda-redes de qualidade.
Roberto tarda em convencer, Moreira é uma promessa eternamente adiada, Júlio César não parece ser guarda-redes para um clube da dimensão do Benfica.
Se Roberto se revelar o guarda-redes que se dizia ser, tudo bem.
Caso contrário, o Benfica é bem capaz de ter que voltar ao mercado lá mais para o final do ano.
Ainda assim, é fácil perceber que o Benfica se irá manter fiel ao modelo de jogo que utilizou na época passada, um futebol bonito, acutilante, de constante movimento, muito vivo, com a equipa a procurar marcar golos, e a marcar muitos!, de forte pressão, de nervo.
Um futebol que reflecte totalmente a personalidade do treinador.
Os minhotos, grande surpresa da Liga na época passada, prometem agitar a prova novamente este ano.
Apesar de terem perdido Eduardo (Génova) e Evaldo (Sporting), os bracarenses apostam tudo na manutenção da grande maioria dos jogadores que lhes garantiram sucesso na última época.
Mas não são só os jogadores que se mantêm.
É toda uma estrutura directiva e técnica que tem dado provas de competência e profissionalismo, que tem sido a base desse sucesso sustentado.
A contratação de Quim parecia afastar o fantasma que a partida de Eduardo deixara.
No entanto, Domingos parece manter alguma dúvida acerca do sucessor de Eduardo, com Mário Chaves na luta.
O Braga contratou muitos jogadores.
Ainda assim, Domingos mantém-se fiel a uma estrutura consolidada com Rodriguez, Mossoró, Madrid, Vandinho e Alan, todos jogadores experientes, a permitirem a fácil integração dos que chegam de novo.
A notícia, posta hoje a circular, que dá conta que Luís Aguiar ficará um ano em Braga, a confirmar-se, é mais uma boa nova para os braguistas (é assim que Marcelo Rebelo de Sousa quer que se diga).
Fácil prever que vamos ter um Braga muito semelhante ao da época passada, sem vedetas mas com um forte colectivo, a jogar um futebol muito prático, objectivo e eficaz.
Não é muito bonito, mas dá pontos.
Duas dúvidas - até que ponto a veterania dos elementos nucleares não se fará sentir numa época desgastante, mais a mais se o Baraga se qualificar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.
É que, na época passada, o Braga teve apenas que se concentrar na Liga.
Se, nesta época, houver outros desafios, será este plantel suficiente?
A confirmar lá mais para a frente.
O Porto está na situação oposta à do Benfica e do Braga.
Um novo treinador, com diferentes concepções de jogo, sem currículo, uma grande indefenição à volta do plantel.
Vive-se uma situação perfeitamente atípica no Estádio do Dragão.
Os tempos de estabilidade, de programação atempada da época, de rápida definição do quadro de jogadores, deram lugar a um mar de dúvidas.
A primeira de todas é André Villas-Boas.
O treinador chega ao Porto sem qualquer currículo que justifique a contratação, tem ideias e uma concepção do futebol, e do próprio jogo, claramente diferentes das de Jesualdo Ferreira, é uma enorme incógnita.
Com um discurso acutilante, desempoeirado, Villas-Boas pode ser tudo - desde uma enorme surpresa a um enorme flop.
É esperar para ver.
Se há dúvidas acerca do treinador, as dúvidas acerca da composição do plantel são mais que muitas.
E nada habituais no Porto.
As "novelas" em torno da contratação de Walter e Kléber, das saídas de Bruno Alves, Meireles, Fucile, provocam uma instabilidade nada habitual no FC Porto.
Parece claro que Bruno Alves e Meireles vão sair.
Merecem-no, merecem fazer o contrato das suas vidas.
Fucile ainda não se percebeu se sai ou fica (compare-se com a situação de Fábio Coentrão...).
Se a previsível partida de Meireles já foi compensada com a contratação de Moutinho, é cada vez mais claro que uma também previsível partida de Bruno Alves obriga a uma ida ao mercado.
Mas quando?
Idem para uma possível saída de Fucile (Miguel Lopes e Sapunaru não conseguem preencher a vaga).
Há um excesso de médios no plantel (aquele meio-campo precisa de uma cura de emagrecimento), e falta um ponta-de-lança.
Até quando se ficará à espera de Kléber?
E será que Kléber é um jogador que justifica tal indefinição?
Mais dúvidas - qual a condição física do "Cebola" e de Mariano (continuo a achá-lo um jogador vulgar e extremamente irregular)?
Um defeso perfeitamente atípico até do ponto de vista financeiro, com o Porto a gastar cerca de 25 milhões de euros na aquisição de passes de jogadores sem que ainda tenha realizado qualquer venda significativa.
Costuma ser ao contrário.
Demasiadas dúvidas, demasiadas nuvens, muito pouco de concreto para que se possam fazer grandes previsões.
O Porto é uma equipa em profunda transformação, com um plantel ainda em formação, um treinador a tentar justificar o voto de confiança recebido.
Indefinições e incertezas que se estendem ao Sporting, neste caso ainda agravadas com o aparente abandono de um paradigma que vinha sendo seguido desde o consulado de José Roquette.
A aposta decidida nos talentos saídos da Academia de Alcochete parece ter dado lugar a uma aposta arriscada em jogadores experientes, de alguma veterania até (Pedro Mendes, Maniche, Pongolle, manutenção de Polga e Liedson).
Jogadores que, nalguns casos, levantam sérias dúvidas inclusivamente no seu comportamento fora do campo.
Aliem-se a estes factores de incerteza o enorme ponto de interrogação que é o treinador Paulo Sérgio, uma segunda escolha depois de falhada a contratação de André Villas-Boas, e alguma convulsão que se sente no interior do clube, e que a saída de Moutinho só veio confirmar, e temos os ingredientes para um Sporting que é, em plenitude, uma imensa dúvida.
As contratações de Jaime Valdés e de Zapater são também jogadas de risco.
Dois jogadores, hipoteticamente talentosos, mas que ainda não provaram nada,
Como o são as saídas de Moutinho e Veloso, o empréstimo de Pereirinha.
Perante tal quadro, qualquer previsão é arriscada, qualquer juízo precipitado.
Ainda assim, a ideia que fica é a de um plantel pouco convincente, com claras debilidades, sem referências.
Juízos e análises a necessitarem de revisão e actualização ao longo da época.
Com o Benfica e o Braga já mais arrumados em termos de ideias, de plantel, de estrutura técnica e directiva, e o Porto e o Sporting ainda à procura de soluções e de uma identidade algo perdida, julgo que o Benfica e o Porto possuem plantéis, em qualidade e quantidade, superiores aos dos de Braga e Sporting.
São os dois principais candidatos à conquista do título, com o Benfica a partir como favorito, e os outros dois a "correrem por fora".
Conjecturas e teorias que o tempo se encarregará de confirmar.
Ou desmentir.
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Este ano o título decidir-se-á sul- é a minha convicção. Ao contratar Vilas Boas, Pinto da Costa volta a começar tudo de novo. Será um ano sabático sem honra nem glória, resta saber se o novo treinador (????) se aguentará até final da época.
ResponderEliminarO Braga este ano voltará a lutar pelas competições europeias. Domingos é um grande treinador ( como gostaria de o ver no nosso FC Porto!) mas vai ter muita dificuldade em aguentar uma equipa em três frentes com este plantel.
O Sporting vai ser a grande surpresa da primeira metade da Liga. Resta saber se aguentará a pedalada. No entanto, com um calendário muito favorável até à décima jornada, se fizer bons resultados poderá ganhar alento e fazer frente ao Benfas, que será campeão com uns 10 pontos de avanço.
É pena ver o meu clube afastado do título logo à partida, apesar de ter uma equipa muito superior a qualquer uma das de Jesualdo ( mesmo com a saída do Bruno e, eventualmente do Meireles) mas essa é a realidade que prefiro encarar desde início para evitar decepções. Como gostaria de estar enganado, Pedro...
No sábado já vamos poder ver como se vão comportar as equipas a jogar a sério.
ResponderEliminarOs jogos de pré-época impressionam-me pouco.
Já é por demais evidente que o Porto tem que ir buscar um central.
E tem que ir buscar um central para entrar no onze e ser uma voz de comando, não uma esperança.
Não será fácil...
O Sporting, sinceramente não sei o que vai sair dali.
Ao Braga não se pode pedir muito.
O que fez a época passada já seria muito bom.
O Benfica parte claramente à frente.
Mas a prova é uma prova de fundo, não de velocidade.
Vamos ver.
Tenho um feeling que vai ser uma prova bem disputada.
Oxalá assim seja.
E dentro do campo, não cá fora.