Águas turvas


A notícia foi dada em primeira mão no blogue Pau Para Toda A Obra (http://pauparatodaaobra.blogspot.com/2010/08/sagres-proibido-em-macau.html) na passada semana - estava vedada a entrada em Macau ao Navio-Escola Sagres.
O motivo para tão bizarra tomada de atitude?
Sendo um vaso de guerra, a Sagres não poderia aportar a Macau porque estão interditas tais operações a quaisquer navios de guerra.
Esta foi a primeira explicação avançada para fundamentar a recusa.
Desde logo, a primeira dúvida que se coloca, é a de perceber se efectivamente a Sagres é um navio de guerra.
Pegando nas palavras do comandante Proença Mendes, uma vez que a Sagres faz parte do arsenal de embarcações pertencentes à Marinha portuguesa, e nesse estrito entendimento, deverá ser considerada um vaso de guerra.
Mas, como é óbvio, e de todos conhecido, a Sagres só mesmo no papel pode assumir esse estatuto.
Na realidade, aquela magnífica embarcação é, na descrição feliz da Isabel Castro, "(...) uma acção de charme ambulante (...)".
E é nessa qualidade que está agora presente em Xangai.
Não por ser um temível vaso de guerra.
Ontem, em declarações à Rádio Macau, o comandante Proença Mendes avançava com outra justificação - um "imbróglio jurídico" (sic) resultante do facto de a Região Administrativa Especial de Macau não ter no seu ordenamento jurídico uma norma que habilite a aportagem da Sagres.
Atento, Paulo Reis publica nas páginas do Hoje Macau o Artigo 116º da Lei Básica.
Da leitura do mesmo, o que é que resulta?
Muito claramente, que, se houver vontade política de Pequim, essa autorização é facilmente concedida.
Como aliás já aconteceu com outros vasos de guerra (estes sim!!) em Hong Kong, facto que Paulo Reis também não deixou passar em claro.
E, se pensarmos bem, essa autorização seria o corolário lógico do facto de Pequim reservar para si as decisões que concernem a matérias de representação externa e de defesa das duas Regiões Administrativas Especias.
Nada de mais lógico se pensarmos que se trata de matérias que se relacionam umbilicalmente com o exercício de funções de soberania.
Nestes domínios, funciona o País, não os dois sistemas.
E surge hoje nova explicação, a terceira, desta vez pela voz do embaixador de Portugal em Pequim, José Tadeu Soares - o problema seria então "a falta de condições técnicas" (sic), isto é , as águas à volta de Macau não apresentariam condições para que o navio as pudesse navegar e aqui pudesse aportar.
E as pergunta impõem-se - a Sagres já esteve anteriormente em Macau.
A última vez, segundo as informações recolhidas, em 1993.
De então para cá houve uma tão grande alteração do estuário do Rio das Pérolas que torna agora impossível a navegabilidade e a aportagem do navio?
E, se houve, o comandante da Sagres, os serviços da Marinha portuguesa, desconheciam esse facto quando pediram autorização para vistarem Macau?
Entre o temível vaso de guerra, o "imbróglio jurídico", a "falta de condições técnicas" (o que é que virá a seguir?), em que é que ficamos?
É que, eu gostava de ver a Sagres em Macau.
E gostava que outras pessoas tivessem a possibilidade de ver o navio, de facto muito bonito.
E também gostava, se não for pedir muito, que me explicassem porque é que não podemos ver o navio aqui.
Mas que me explicassem mesmo.
Nada de explicações do género "com papas e bolos...", está bem?

Comentários

  1. Acho que já sei o que aconteceu. Fizeram uma pesquisa no google sobre a Sagres. Como estava tudo em português tiveram que usar o tradutor do google e "cafundiram" tudo!
    O mesmo aconteceu com o embaixador sobre a desculpa enviada por Pequim. Também traduziu no google e o resultado foi esse.

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  2. Caro Pedro

    Agradeço sensibilisadamente a sua referência. Acredite que me valeu grandes insultos, alguns vindos de Macau. Que era mentira, uma invenção minha, que era impossível alterar uma rota que estava estabelecida e autorizada há meses, que eu era um raivoso, um filho da puta e um incompetente que odiava Macau, etc, etc, etc, que me dispenso de mencionar por decoro.
    Imagina a minha felicidade por saber que há sapos que foram engolidos...

    Abraço

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  3. Luís,
    A última versão é que o problema é uma das pontes.
    Não se pode passar lá por baixo.
    Perguntinha de algibeira - que tal não passar lá por baixo?
    Sei lá, ir para Coloane, por exemplo...
    João,
    É uma história perfeitamente rocambolesca.
    E, a cada justificação(??) que sai, mais patética se torna.
    E, quem confunde este triste episódio com Macau, anda realmente muito desatento.
    As autoridades de Macau, nestas matérias, não têm mesmo voto nenhum.
    As ordens, em casos destes, são dadas bem mais a norte.
    Vou ficar a aguardar os próximos desenvolvimentos.
    Agora a culpa é da Ponte da Amizade, a qual, pelos vistos, também é pouco amiga.
    Abraço

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  4. Eu soube da notícia através do Jornal Tribuna de Macau, nos dias que correm a China é que manda, mas é um facto real, que o navio Sagres, devio à altura dos seus mastros não consegue passar nem pelo vão da Ponte da Amizade, já para não falar na Ponte Nobre de Carvalho, mesmo se podesse passar, não existem em Macau cais onde podesse atracar.
    Coloane onde?
    A Sagres já veio a Macau por duas vezes e atracava à antiga ponte do Terminal Marítimo do Porto Exterior, com o novo Terminal não existem qualqueres hipóteses, isto em termos de navegabilidade, e de cais de atracação, o resto, já não sei explicar.

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  5. A altura máxima do vão da Ponte da Amizade é de 30 metros, o Navio Escola Sagres oum dos seus mastros atinge a altura de 45,1 metros.
    O navio Escoloa Sagres tem de calado 6,2 metros, e como tal só ficando fundeado bem longe de Macau, tal como acontecia aos navios India e Timor, quando vinham a Macau.
    Esta a minha explicação plausível, de política nada entendo.
    Como deverá saber eu pertenci aos quadros da PMF durante 25 anos e sei ao que me refiro em termos náuticos.
    Abraço amigo

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  6. O sr. Cambeta, com a sua experiência e sabedoria, deu uma explicação que parece, de facto, aos meus medianos conhecimentos sobre o assunto,bastante plausível. E o pedrinho não apresenta uma teoria como resposta ao sr. Cambeta? Coloane? Ahahah! O Pedrinho vai atrás do sensacionalista severino e depois faz figura de urso. Falam gratuitamente só pela gabarolice. E se tivesse investigado ficaria a saber que a notícia que agora deu à estampa trouxe grandes engulhos ao embaixador em Pequim. Isto, porque a Marinha portuguesa já sabia desde Maio que o Sagres não poderia aportar em Macau. E só agora é que os tipos da marinha tornaram pública a situação só para criar confusão. Parece que o embaixador em Pequim está piurso com a situação, porque já sabiam desde Maio que não seria possivel a passagem por Macau. Mas esta gente é sensacionalista, o que é que se pode fazer?

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  7. Confesso que desconheço se é possível ou não a navegabilidade do navio nas águas adjacentes a Macau.
    Quando me referi a Coloane, estava a pensar em Ká Hó.
    Não é tecnicamente possível?
    Aceito perfeitamente a explicação do meu amigo Cambeta.
    Mas, para além dessa explicação técnica, haverá outra, de índole política, que levou a estas trocas e baldrocas que em nada enalteceram os intervenientes.
    Se o que o Anónimo refere é correcto, então está respondida uma das perguntas que deixo no texto.
    A Marinha portuguesa conhecia esta impossibilidade e resolveu criar confusão.
    Não fui eu, nem o João Severino.
    Os irresponsáveis, pelo que informa, são outros.

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  8. Caros Watsons,

    O Sagres sempre fundeou ao largo, nunca atracou. tal como podem ver nas imagens...

    http://avozdaabita.blogspot.com/2007/02/sagres-em-macau-em-1979.html

    Será o chinês a encobrir o português ou o tuga ao chino? Nasceram foi um para o outro, com tantas semelhanças e cumplicidades, enfim, os pais dos macaenses.

    É elementar.

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  9. Nas fotos o sagres fundeado ao largo, vê-se perfeitamente o jetfoil ao fundo aportado no porto exterior:

    http://avozdaabita.blogspot.com/2007/02/sagres-em-macau-em-1979.html

    Não vale a pena lançar areia para os olhos e a foto é de 1979...as máquinas de hoje fazem dragagens, limpezas bem mais eficientes e há muito dinheiro para isso.

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  10. Por duas vezes, que eu esteja recordado, o Navio Escola Sagres atracou à Ponte Cais do Porto Exterior, não fundeou. Nessas duas vezes em que a Sagres esteve em Macau eu prestava serviço no Terminal Maritimo.
    Se alguém possue fotos com a Sagres fundeada em Macau, deverá haver um erro grasso.
    Nem mesmo o porto de águas profundas, Ká Hó, que de profundas águas nada tem, é um barrete, ainda nos dias de hoje, só a maré alta é que alguns navios, de pequeno porte conseguem atracar. Mas isso é outra história, já que Macau nunca teve porto de águas profundas.
    O antigo canal de acesso ao Porto Exterior, andava constantemente a ser dragado.
    A vedeta da PMF que comandei essa, por vezes se me descuidava, ficava encalhada, e o calado da mesma pequeno.

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  11. Pequim, 18 ago (lusa) -- O navio-escola "Sagres" chegou hoje a Xangai, na costa leste da China, completando mais uma etapa de uma viagem de quase um ano à volta do mundo.
    Chegada a Xangai
    0 twitterO navio português atracou cerca das 13:00 (06:00 em Lisboa) num cais do centro de Xangai, perto do "Bund", a famosa marginal neo-clássica da cidade.

    "Chegámos sob uma grande chuvada, com relâmpagos e trovões, mas correu tudo bem", disse à agência Lusa um tripulante do navio.
    Como se pode deduzir por esta informação, não está em causa a política, para a não permissão do Navio Escola Sagres, vir a Macau.

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  12. As explicações do amigo Cambeta deixam tudo muito claro.
    O que me surpreende é o facto de o comandante da Sagres não ter explicado esta situação, tendo antes falado no "imbróglio jurídico".
    Porque é que não disse, quando foi entrevistado pela Rádio Macau, que as águas não têm profundidade e a Ponte da Amizade não permite a passagem do navio?
    Depois, foi a vez do embaixador de Portugal em Pequim.
    Falou, abstractamente, em condições técnicas.
    Mais uma vez, porque é que não foi claro e concreto, mais a mais, se, como referia o Anónimo de ontem, a situação já era conhecida da Marinha portuguesa desde Maio?
    A própria Capitania dos Portos.
    Porque é que também não explicou nada e sae refugiou num simples "desconhecimento"?
    Porque é que, todos, assumiram um comportamento irresponsável e não explicaram as coisas de um modo simples e claro como o amigo Cambeta faz?
    Adensaram o mistério, empolaram um caso que, afinal, nunca existiu.
    Para quê?
    Com um comportamento irresponsável como este podem criar-se embaraços e incidentes diplomáticos muito sérios.
    Ao Anónimo de ontem, depois das explicações do amigo Cambeta, e do comportamento irresponsável de quem exerce funções ao nível da representação externa do País, bem diferente de quem se diverte escrevendo num blogue, eu agora gostava de acrescentar como resposta uma frase que ficou célebre, proferida pelo anterior seleccionador português - "e o burro sou eu"??!!

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  13. Sabe amigo Pedro, Alentejano sou eu, e Burro, aliás se fizeram de burro, exerci as funções de Comandante de Divisão Policial e Fiscal de Macau, mas tinha somente o posto de Chefe, lugar esse que só podia ser desempenhado por um Comissário Principal, nada ganhei a não ser aborrecimentos.
    As leis em Macau tinham dois bicos, umas para benificiarem os portugueses em comissão de serviço em Macau e as outras essas não eram extensivas a quem cá estava e pertencia aos quadros do governo de Macau.
    A Lei da reforma foi uma delas, que não foi extensiva a Macau, eu trabalhei em Portugal numa empresa civil e descontei para a Previdência Social, em portugal esse tempo era contado para efeitos de aposentação, mas nós em Macau, no meu caso concreto, e penso ter havidos mais casos, essa lei não nos veio benificiar.
    Alentejano sim, e acapotado de burro pelos governantes, porque de burro nada tenho.
    Enfim, as tais especificidades de Macau.

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  14. Caro amigo Cambeta,
    Os seus esclarecimentos, simples e concretos, clarificaram tudo.
    O que fica por esclarecer é o porquê de certas pessoas, que desempenham cargos de grande responsabilidade, terem um comportamento tão leviano.
    Mas isso já são questões que nos ultrapassam.
    Abraço

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  15. Fotografias do NRP SAGRES III fundeado ao largo de Macau:

    http://avozdaabita.blogspot.com/2007/02/sagres-em-macau-em-1979.html

    E se por ventura o mne fez o pedido de autorizacao ao governo de macau em vez de pequim? art 116 da lei basica é claro, deve-se pedir autorização ao governo central.

    E se depois já não houvesse tempo para remediar?

    Não é nem a ponte, nem a profundidade, talvez azelhice e ignorancia.

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  16. Anónimo das 19.39,
    A norma da Lei Básica que cita é muito clara e concreta.
    Mas essa necessidade já decorre do facto de, em matérias de defesa e negócios estrangeiros, o beneplácito de Pequim ser sempre necessário.
    O que é facilmente compreensível.
    Seria emabaraçoso, no mínimo, que as RAES se relacionassem com países com os quais a China não tem relações diplomáticas, por exemplo.
    Mas, a ser verdade que a Marinha portuguesa já conhecia a impossibilidade de se deslocar a Macau desde Maio, como afirmava o Anónimo de ontem, quem, e porquê, levantou esta celeuma?
    Quem é que anda a brincar com assuntos muito sérios?
    E porque é que não foram imediatamente esclarecidos quando vieram a público, deixando adensar a ideia que havia má vontade de Pequim?
    São essas as perguntas que agora gostaria de ver respondidas.

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  17. O JTribuna de Macau informou que desde 2009 houve um ACORDO tácito entre os Chefes do Estado Maior da Armada de PT e RPC.
    Se sabemos à priori que não iríamos ter um ok, então é a diplomacia que tem de trabalhar, das duas uma, nunca se inscrevia Macau no roteiro, houve havendo acordo tácito, algum chico esperto cheio de vaidade e armado em sabichão inquinou ou não soube conduzir todo o processo.
    Não vejo qualquer hostilidade anti-portuguesa da parte chinesa. Xangai também contou com a nossa portuguesa administração, senão vejamos a Bandeira da Câmara Municipal de Xangai:

    http://www.myspace.com/talesofoldshanghai

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flag_of_the_Shanghai_International_Settlement.svg

    Sendo assim, o NRP SAGRES III não entraria em Xangai.

    Ora com os Britânicos e Hong Kong, a história pia de outra forma, o vaso de guerra, fragata do tipo 23, HMS Kent, esteve a 2 de Setembro de 2008 no Japão, a 18 de Setembro de 2008 em Hong Kong, e depois a 29 de Setembro de 2008 em Tsingtou/Qingdao.

    http://www.royalnavy.mod.uk/operations-and-support/surface-fleet/type-23-frigates/hms-kent/news/*/targetBlock/4272/viewPage/5/

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  18. Anónimo das 00:43,
    Mais uma razão para não se deixar adensar este mistério, se deixar pairar no ar a sensação que havia algum problema com as autoridades chinesas.
    Por isso já aqui referi várias vezes que julgo que há gente, qua ocupa cargos sensíveis, que anda a brincar com assuntos sérios.
    O que aqui relatei é algo de muito factual.
    E o que solicitava, e solicito, enquanto cidadão, é uma explicação clara para todo este imbróglio.

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  19. Independentemente do apuramento da verdade, uma publicidade deste teor na opinião pública nacional portuguesa e internacional, a quem beneficia e a que países beneficia (do pensamento estratégico geopolítico)?

    Relato dos factos:

    1. A RPC foi insinuadamente insultada pela opinião pública portuguesa (por apurar se com ou sem razão);

    2. Portugal é publicamente humilhado após a promoção do celeuma, Portugal desdobra-se para minimizar danos, Portugal tenta sintonizar posições mas acredito que nem todos os cargos de assessoria técnica portuguesa têm profundo conhecimento do sistema de funcionamento do relacionamento com os assuntos asiáticos (a meu ver mal), são todos especialistas em África, Américas e EUROPA;

    3. Macau que já recebeu por várias vezes o NRP Sagres, não tem nenhum problema técnico em voltar a receber de novo, pois como afirmou um anterior anónimo, há sempre a possibilidade de fundear ao largo, e hoje as condições são melhores do que as de 1979, da primeira visita. Mas fez-se de Macau o bode expiatório. Se por um lado foi Portugal que disse que não havia condições do porto, os chineses só afirmaram que "não havia condições" e ponto final sem adiantar um caracter a mais. A ideia que se passou de Macau, foi a de uma região do terceiro mundo que nem uma barcaça consegue receber. Macau ficou a perder sem piar para salvar a face a de Portugal e da China, como compete a uma boa filha dos dois. No final da história, ficaram os três a perder;

    4. Resta saber a nível geopolítico, a quem interessa meter pedrinhas na engrenagem para:

    a. Denegrir as comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses à Ásia. A quem deverá incomodar tais recordações nas actuais tensões geopolíticas no sudeste-asiático e ásia-pacífico?;
    b. Criar ruído no estratégico eixo de projecção de forças e interesses lusófonos e chineses na Ásia (BRIC);

    5. Porque razão rebentar o assunto à beira da chegada a Xangai do navio?

    6. a. Portugal a ter toda a razão, deverá manter low profile e lançar a cartada de retaliação em momento oportuno e em sede própria, tornando-se num activo político-diplomático;
    b. Portugal a ter meia razão e a China a ter meia razão, será preferível o assunto estar esquecido, a bem da imagem dos dois;
    c. China a ter total razão, Portugal deveria estar caladinho que nem ratinho;

    7. Pela atitude diplomática chinesa, houve até uma atitude de certa cumplicidade com Portugal no esquecimento do caso, com uma mega recepção em Xangai, cidade administrativamente também governada por Portugal em tempos idos e no Dilema do Prisioneiro, ganham os dois se estiverem calados.

    Conclusão: A todos os níveis é óptimo que hajam situações deste género, pois só comprova que Portugal é um país que representa algum-qualquer-tipo-de-ameaça, derivado à sua superior "capacidade de influência", que em comportamento organizacional é sinónimo de poder, de softpower, de continuar a ser um player a ter em conta, temido.
    A inveja normalmente cria situações complexas de maledicência, truques baixos, armadilhas.

    "é melhor um príncipe ser temido do que amado, mostrando que as amizades feitas quando se está bem, nada dura quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas nunca de caráter material "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai, do que a perda da herança." - "O Príncipe", Cap.XVII de Maquiavel

    e como dizem os bons britânicos, o que os portugueses também assim devem fazer pelo seu País:

    "Scatter her enemies
    And make them fall;
    Confound their politics,
    Frustrate their knavish tricks,
    On Thee our hopes we fix,"
    ...
    "Not in this land alone,
    But be God's mercies known,
    From shore to shore!"

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  20. Caro Nicolau,
    É um prazer recebê-lo por aqui e ler a sua análise.
    Deixou uma série de questões, algumas dúvidas pertinentes, que, essas sim, deveriam ser esclarecidas.
    Não o foram, pelo menos até agora, ficou-se pelo acessório, a fumaça, o fait-divers.
    Eram essas questões essenciais que gostaria de ver respondidas.
    E respondidas pelos dois lados.
    Mas acredito que nunca vão ser cabalmente esclarecidas.
    O que só contribui para alimentar a ideia que houve má vontade da parte chinesa em ter aqui a Sagres.
    E que Portugal já sabia que ia receber uma resposta negativa mas optou por receber esse não publicamente.
    Cumprimentos

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  21. Caro Pedro,

    Obrigado.

    Mais um pormenor a reflectir:

    A quem interessaria que à chegada do navio a Díli, Portugal já tenha sido humilhado, fraco, a China tornada a má da fita, e Macau resumida à total insignificância terceiro-mundista e esquecida?

    Valerá ainda saber das duas uma, ou por acaso aconteceu surgir toda esta conjuntura, ou foi gerado por algum interesse de particulares, ou trabalhinho encomendado por algum(ns) Estado(s)...nunca se sabe. Só se sabe que Portugal, China e Macau os três perderam com este escândalo. Ou foi tiro no pé irrefelectido ou tentativa de assassinato.

    A História de Portugal é fértil em azelhas, em traidores, e nesta categoria, tal como os soviéticos chamavam aos activistas comunistas ocidentais, - Os Useful Idiots.

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  22. Pedro,

    Darei amanhã, dia 22 de Agosto uma recepção em homenagem a um velho amigo vindo de Portugal, o João Maria, deverá conhecer.
    Terei todo o gosto em receber a sua visita, da sua família e amigos, em princípio o nosso Cônsul não terá agenda, já não digo por esquecimento (risos).

    Da Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida ao Tap Siac, vire para Estrada do Cemitério, é no 2A, siga pelo caminho principal, é logo à primeira esquina do lado esquerdo, estarei para vos receber. Caso não dê com o caminho, ligue 2837 2804 para falar com Mei Fu TCheung "Síng Sáng" (Senhor Mei Fu TCheong).

    cpts,
    NM

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  23. Anónimo das 19:38
    No fim de contas, foi isso mesmmo que aconteceu - todos saíram mal neste episódio.
    Caro Nicolau,
    Muito grato pelo amável convite.
    Muito dificilemnet poderei comparecer.
    O domingo é o dia em que a famíla se reúne em minha casa.
    Sogos, cunhados e sobrinhas, vêm aqui passar o dia comigo e com as minhas filhas.
    Um abraço a ambos

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  24. carlos fernando silva30 de agosto de 2010 às 01:48

    Caro Dr. Pedro Coimbra

    Lendo estes e outros escritos o que me admira é como sendo um assunto tão pertinente se ofendeu a pessoa que deu e bem a notícia em primeira mão. Há gente mesmo com a inveja e maldade no corpo.

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