Guillermo Fariñas não vai poder receber pessoalmente Prémio Sakharov
O Prémio Sakharov, criado em Dezembro de 1988, é atribuído pelo Parlamento Europeu a indivíduos e organizações que se notabilizam na defesa dos direitos humanos e da liberdade de pensamento e expressão.
Nelson Mandela, Aung San Suu Kyi, Xanana Gusmão, Liu Jia e as Damas de Branco de Cuba, figuram entre os distinguidos com este prémio.
No passado dia 21 de Outubro, o Parlamento Europeu anunciou que a personalidade distinguida este ano seria o activista (não é dissidente!!) cubano Guillermo Fariñas.
Guillermo Fariñas que, sabe-se agora, o Presidente de Cuba não autorizou a deslocar-se a Estrasburgo para receber o prémio pessoalmente.
A informação foi transmitida pelo Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, na abertura da sessão plenária de ontem.
Jerzy Buzek, que apelou pessoalmente a Raul Castro no sentido de ser concedido o necessário visto a Guillermo Fariñas, indignou-se perante a recusa das autoridades cubanas e afirmou na sessão plenária do Parlamento Europeu -"Esperamos que Catherine Ashton [a alta representante da União Europeia para a política externa] tenha em conta esta recusa em autorizar a deslocação de Guillermo Fariñas a Estrasburgo no relacionamento com Cuba”.
É fácil vaticinar um azedar das já de si tensas relações entre as autoridades da União Europeia e as autoridades cubanas.
À semelhança dos seus parceiros chineses, os governantes cubanos insistem em reprimir quem se opõe, de modo pacífico, às ideias da "nomenklatura" dominante.
Aquele corpo frágil, debilitado, mutilado, aquele rosto já despojado de pestanas e sobrancelhas, é uma ameaça terrível para um regime decrépito, desacreditado.
Mas que teimosamente se recusa alterar a sua linha de rumo.
E se recusa a reconhecer os mais básicos direitos e as mais simples liberdades aos seus cidadãos.
Estou curioso para conhecer as reacções dos camaradas portugueses a mais este atropelo à liberdade e direitos humanos.
Desta vez cometido pelo regime ditatorial cubano.
Menos de uma semana depois de atitude em tudo semelhante tomada pelos governantes chineses.
Liu Xiaobo, Guillermo Fariñas, fisicamente afastados de cerimónias em que é honrada a resistência pacífica que protagonizam a regimes tiranos, são exemplo de tenacidade, de honra, de valores, de liberdade, de coragem.
E, enquanto tal, enormes embaraços para os regimes que os oprimem.
Caro Pedro
ResponderEliminarAinda não tinha-mos digerido a situação do Liu Xiabo, vem mais essa.
Só consigo classificar de repugnantes, este tipo de atitudes.
Abraço
Típicas de regimes totalitários que sentem o "prazo de validade" a esgotar-se.
ResponderEliminarAbraço
Estas atitudes, embora inqualificáveis e merecedoras do maior repúdio, têm no entanto um lado B. A politização destes prémios está a minar-lhes a credibilidade e qualquer dia ninguém lhes dá importância. Refiro-me ao caso de Fariñas, de quem o ocidente construiu uma imagem que não corresponde à realidade.Mas também a Obama, que ainda ninguém percebeu porque recebeu o Nobel da Paz, quando nada tinha feito para o justificar.
ResponderEliminarConcordo Carlos.
ResponderEliminarMas, e agora será o lado C, no caso de Fariñas é óbvia a intenção de colocar mais um prego na urna de um regime moribundo.
E que, há já muito tempo devia ter desaparecido.
Obama, como na altura referi, foi um prémio à esperança, algo descabido.
Mas foi, sobretudo, uma reacção primária ao fim de uma era terrível que teve como protagonista essa coisa estranha chamada George W. Bush a tentar "a litlle presidentin'".
Um abraço