Li Changsen, o ensino da língua portuguesa e a pescadinha de rabo na boca
Li Changsen é presidente da Comissão para o Ensino e Investimento de Português do Instituto Politécnico de Macau.
E também director - executivo do Centro de Estudos Culturais Sino-Ocidentais.
Em entrevista ao jornal Hoje Macau, afirma que "os portugueses não prestaram a devida atenção ao ensino da língua portuguesa".
Esmiuçando, Li Changsen fala na ausência de uma política de ensino e divulgação da língua portuguesa em Macau.
Ao contrário do que aconteceu com a potência administrante em Hong Kong e com a língua inglesa naquele território.
Ponto 1 - ausência de uma política de ensino da língua portuguesa em Macau.
Não é novidade, não é nada que não tenha sido afirmado já inúmeras vezes e pelas mais variadas pessoas.
Mas, em boa verdade, essa é só uma parte da realidade.
Porque, se é certo que a política de ensino da língua não foi a melhor, tal também se ficou a dever ao quase completo desinteresse na aprendizagem da mesma.
E é muito difícil ensinar algo, neste caso uma língua, a quem não quer aprender.
A língua portuguesa sempre foi encarada apenas como um instrumento de acesso e promoção no seio da Administração Pública.
E, mesmo nessa vertente, a partir de década de 1990, passou a perder importância.
Porque estaria, dizia-se, condenada a desaparecer rapidamente.
A população local nunca se preocupou minimamente em aprender português, nunca manifestou qualquer interesse na aprendizagem da língua.
Ao contrário do que (Ponto 2) aconteceu em Hong Kong.
Não tanto por influência das autoridades britânicas, antes por se encarar o inglês como uma língua útil.
A língua que é normalmente utilizada no comércio internacional.
Na década de 1990, e depois de 1999 ainda mais, o português foi encarado, há que o afirmar sem tibiezas, com desprezo.
Porque a "língua estrangeira" (terminologia dos Serviços de Protecção Ambiental) que se devia aprender era o mandarim.
Um cenário que se alterou quando o Governo Central, repetidamente afirmou, e ao mais alto nível, a importância da língua portuguesa.
E da ligação da China aos países lusófonos com Macau a poder desempenhar o papel de charneira nesse processo.
Inclusive na aprendizagem e treino da língua.
Só então renasceu algum interesse na aprendizagem e utilização do português.
E, mesmo assim, com algumas bolsas de resistência que são de todos conhecidas e facilmente detectáveis.
O crescimento do número de alunos interessados em aprender português é incontestável.
Mas tal facto facto não pode ser atribuído a mérito das autoridades locais.
Será sim, se quisermos ser honestos, mérito das autoridades centrais.
Concordo a 100% com o que ele diz. Tina
ResponderEliminarPois é.
ResponderEliminarEu não.
Não se ensinam línguas por decreto.
E, quando não há interesse na aprendizagem...
Ninguém sai bem nesta história.
Apontar só para um lado, claramente falha o alvo.
E não é justo.
Pedro Coimbra,
ResponderEliminarGostei de ler este post e concordo, não houve uma política eficaz no ensino da nossa língua em Macau.
Estou farta de matutar e não me lembro de nenhuma música brasileira. Adorei o desafio e é difícil porque não chego a conclusão nenhuma. É do Jobim?
:)
ana,
ResponderEliminarMais do que isso, nunca houve vontade de aprender a nossa língua.
Obrigar alguém a aprender, ainda para mais uma língua, e uma língua difícil como é o português, é impossível.
E foi isso que o Prof. se esqueceu (convenientemente) de dizer.
Resposta ao desafio - Toquinho :)))
Não é verdade. O português não é uma língua difícil. Mais difícil são o francês e o holandês. Em todas (ex)colónias francesas e holandesas, os colonizados tiveram que aprender a língua. Naturalmente, os chineses nunca haviam de aprender uma língua que não tem prestígio nem lhes dá nenhuma vantagem económica. Mas em termos de estragégia política, o governo português tinha a obrigação de difundir a língua, nem que fosse para comunicar melhor com a população. Uma parte da corrupção que existia devia ao facto de a população não dominar a língua, pelo que não conseguiam perceber absolutamente nada sobre os procedimentos administrativos e pagavam para lhes facilitar a vida...Tina
ResponderEliminarOu seja, fazer o que foi feito em Hong Kong - obrigar as pessoas a aprender o português.
ResponderEliminarÉ possível que tenha sido um dos erros da administração portuguesa.
Não ter imitado os ingleses nesse aspecto - queiram, ou não, têm que aprender a língua.
Msa, digo eu, talvez não seja má ideia perceber que Hong Kong era uma colónia britânica.
Macau uma feitoria (o termo é do Carlos Melancia) portuguesa.
Sempre com supervisão da China.
China que só revelou vontade política na aprendizagem do português muito recentemente.
Descontextualizar os factos pode ser um erro crasso, não é?
E, ligar a falta de vontade de aprender a língua a possíveis práticas de corrupção, é confundir a Estrada da Beira com a beira da estrada.