A Coreia do Norte só existirá enquanto a China quiser


Quando vejo imagens da Coreia do Norte, nomeadamente daquelas apresentadoras dos Telejornais que dão a ideia de estar a ralhar connosco e não a ler as notícias, assim como do compassado robótico das marchas e dos aplausos, tudo aquilo me parece surreal.
Anedótico, até.
Infelizmente, é muito real.
E cruel.
Na entrevista com Barbara Demick, autora do livro Nothing to Envy, traduzido para português com o título A Noite Longa de um Povo, que valeu à autora o prémio Samuel Johnson no ano de 2010, que o diário "Ponto Final" hoje publica,  somos confrontados com uma realidade bárbara.
 O medo é a tal ponto aterrador que consegue vencer inclusivamente a fome.
Arrepiante!!
Uma das passagens do livro, citada na entrevista, é particularmente tétrica - "Sabe, se uma vida bastasse para nos livrarmos deste regime terrível, talvez tentássemos, mas não vamos fazer nada que comprometa os sobrinhos, os avós, três gerações da nossa família".
Estas são palavras de um dos norte-coreanos que Barbara Demick entrevistou e que espelham, de forma cristalina, o pavor que mantém o regime vivo.
A vingança, terrível, cega, não é exercida só sobre aqueles que ousam opor-se ao mesmo.
É uma maldição que recai sobre as respectivas famílias e que mantém os norte-coreanos em silêncio, subjugados à brutalidade da dinastia Kim.
A mesma que mantém os seus súbditos nas trevas.
Até quando?
Sem rodeios, e como já aqui escrevi anteriormente, até quando a China quiser.

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