Espectáculo e emoção nos apuramentos da Holanda e do Uruguai
Um dia de emoções fortes, de grande espectáculo, de incerteza nos resultados, de erros, de decisões dramáticas, de Futebol.
Um dia que começou com um jogo vibrante entre a Holanda e o Brasil.
Este foi um jogo que confirmou que, no futebol, um jogo tem duas partes.
Que podem ser totalmente distintas.
O Brasil dominou na primeira parte, marcou um golo por Robinho, num lance em que Felipe Melo fez um passe excepcional e a defesa holandesa foi muito lenta a reagir, dominou e podia ter marcado mais um ou dois golos antes do intervalo.
Os holandeses, algo aturdidos com a entrada fulgurante dos brasileiros, pareciam incapazes de reagir e só por uma vez, logo ao seguir ao golo de Robinho, estiveram perto de marcar.
Depois do intervalo, as equipas apareceram transfiguradas.
Os holandes para melhor, os brasileiros para pior.
Com Robben renascido (passou ao lado da primeira parte do jogo), endiabrado, e Sneijder a confirmar uma qualidade de jogo, de passe, uma visão periférica únicas, os holandeses viraram o resultado, venceram o jogo, com justiça, e eliminaram os brasileiros do Mundial sul-africano.
Robben dinamitou aquele lado esquerdo brasileiro, "amarelou" Michel Bastos e obrigou Dunga a queimar uma substituição para não ver o lateral esquerdo expulso, "expulsou" Felipe Melo, ganhou inúmeras faltas, incluindo a que deu o primeiro golo, foi realmente diabólico.
Sneijder pensava o jogo holandês, fazia a gestão da bola e do tempo, e ainda teve tempo para estar nos dois golos (marcou o livre que resultou no primeiro golo e marcou ele próprio, de cabeça!!!, o segundo).
Do outro lado, Felipe Melo marcou o golo do empate na própria baliza (culpas para a saída extemporânea de Júlio César) e foi expulso depois de pisar Robben, num acto perfeitamente tresloucado e completamente irresponsável.
Dunga parecia atávico, tirou do campo Luís Fabiano, e mandou entrar Nilmar (para quê esta substituição directa a perder?), não voltou a mexer na equipa ou a reagir.
Os holandesses seguem para as meias-finais porque foram melhores, mais sólidos, mais frios.
Os brasileiros regressam a casa cabisbaixos, Dunga já anunciou que não vai continuar à frente da "canarinha", mas ainda se vai falar muito deste jogo, e das suas incidências, nos próximos tempos.
E eu começo a ter um "feeling" que vamos ter uma reedição da final de 78, um apetecível Argentina/Holanda.
Vamos ver se os alemães estão de acordo.
"Peço emprestado" o início da crónica do "maisfutebol" para escrever sobre o jogo entre o Uruguai e o Gana.
"Gyan.
É impossível começar a crónica de outra forma. O avançado ganês provocou o momento mais dramático deste Mundial, provavelmente um daqueles instantes que fica na história do futebol. No último suspiro de um jogo trágico, na última jogada, no último remate, teve uma grande penalidade histórica. E falhou.
Provavelmente acusou o peso da responsabilidade. Ele sim - Gyan, repete-se - que teve nos pés a inédita presença de uma equipa africana entre as quatro melhores selecções do Mundo. Todo o continente lhe caiu sobre os ombros. Gyan atirou forte, a bola bateu na trave e voou para as nuvens. Com ele voou o sonho de uma vida."
Num jogo dramático, os uruguaios foram mais felizes e seguem para as meias-finais.
Empate (1-1) nos 90 minutos, com Gyan a falhar a tal grande penalidade na última jogada do jogo.
Empate no prolongamento, com os uruguaiaos a jogarem com dez jogadores depois da expulsão de Suarez (fez penálti e foi bem expulso por Olegário Benquerença).
A vitória dos uruguaios na marcação de pontapés da marca de grande penalidade.
Quarenta anos depois, com três jogadores que actuam no campeonato português (Fucile, Álvaro Pereira e Maxi Pereira), os uruguaios chegam às meias-finais de um Mundial.
Vão defrontrar os holandeses, e a selecção europeia é claramente favorita.
Para o Gana, fica a honra de uma grande prova, fica o drama que ter estado tão perto e não ter chegado onde nenhuma selecção africana tinha conseguido.
Glória aos vencedores, honra aos vencidos.
Peço emprestada outra frase feliz da crónica do "maisfutebol" para finalizar - "Por isso é que o futebol é um jogo inigualável. Que prende e entusiasma. Que apaixona, sobretudo. "
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