Os ricos precisam de si
Pedro Ferreira
Esteves
Belmiro de
Azevedo, Vasco de Mello, Pedro Queiroz Pereira. Investidores chineses,
investidores angolanos, fundos de investimento internacionais. Ongoing,
Visabeira, Joaquim Oliveira. Uns mais ricos, outros menos ricos, todos com algo
em comum: perante a desconfiança internacional, e os coletes-de-forças dos
bancos, todos precisam dos pequenos aforradores portugueses para financiarem as
empresas de que são donos.
Belmiro de
Azevedo, Vasco de Mello, Pedro Queiroz Pereira. Investidores chineses,
investidores angolanos, fundos de investimento internacionais. Ongoing,
Visabeira, Joaquim Oliveira. Uns mais ricos, outros menos ricos, todos com algo
em comum: perante a desconfiança
internacional, e os coletes-de-forças dos bancos, todos precisam dos pequenos
aforradores portugueses para financiarem as empresas de que são donos.
O que surgiu como uma solução nova, pela EDP, tornou-se na mais recente moda entre as grandes
empresas portuguesas: as obrigações para
particulares, vendidas aos balcões dos bancos como um outro qualquer produto
financeiro. Mas não é um produto qualquer. É um produto que publicita um
juro bruto que paga líquido. É um produto que recua anos nas melhores práticas
de prestação de informação. É um produto que procura ignorar a mais básica
questão de todas: se os investidores
internacionais não confiam o seu dinheiro a Portugal, porque é que os poucos
portugueses que ainda o têm haviam de confiar nas maiores empresas do País,
todas vítimas da má avaliação que o mundo faz da República Portuguesa.
As emissões de obrigações da EDP,
Semapa,
Zon, Brisa,
Sonae e PT oscilam entre os 150 e os 300 milhões de
euros, cada. Têm um mínimo de investimento de 1000 euros e pagam juros até um
máximo de três anos. Anunciam juros de entre 6% e 7%, mas são valores que não
incluem os custos associados, nomeadamente as comissões dos bancos e os impostos
do Estado. Descontando estas inevitabilidades, pagam pouco mais de 4%,
como revelou ontem a edição do Negócios. Se descontarmos a "esperteza saloia"
implícita, tudo bem. Os investidores continuam a ser soberanos nas suas
escolhas. Desde que as façam de forma informada.
E é neste ponto que
parece que recuámos aos tempos em que bancos, entretanto falidos ou
nacionalizados ou intervencionados, ofereciam juros de depósitos de 6% e mais.
Quem quiser saber quanto custa investir nestas
obrigações esbarra numa parede espessa de falta de informação. Ela
existe, cumpre a lei, é preciso é procurá-la. Os reguladores talvez acabem por obrigar os bancos e
as empresas a serem mais explícitos na informação sobre estas obrigações, mas
como no passado, já será demasiado tarde e demasiado "popular".
Esta iniciativa lembra outras, mais dramáticas. Como as
"obrigações de guerra" que o Exército norte-americano "oferecia" para pagar a
2.ª Grande Guerra. A América precisava dos americanos. As grandes empresas precisam dos portugueses.
Mas à cautela, fica aqui um dos riscos associados às emissões, incluído nos
prospectos obrigatórios, mas que devia estar em letras garrafais nos anúncios
promocionais das operações: "As obrigações
poderão não constituir um instrumento financeiro adequado a todos os
investidores".
Se eu não fosse rico prontificava-me para os ajudar, mas assim tenho de me colocar ao lado deles e pedir ajuda :-)))
ResponderEliminarExactamente o que se passa comigo, Carlos :)))
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