As soluções aparecem quando a sensatez impera


Wodjan Shaherkani vai mesmo tornar-se na primeira mulher saudita a competir nos Jogos Olímpicos.
Depois de toda a polémica que envolveu a atleta, forçada pela lei islâmica a competir envergando o tradicional hijad, exigência que a Federação Internacional de Judo liminarmente recusava, argumentando que punha em perigo a integridade física da atleta, incluindo o risco de estrangulamento, a solução foi aquele que parecia desde o início deste problema a óbvia - adaptar o hijad (ainda não se sabe exactamente como) e permitir a participação da atleta.
Participação que, mais do que justa e merecida, encerra um simbolismo que tem de ser realçado.
Num país que continua a negar às mulheres a mais elementar dignidade, ver chegar a uns Jogos Olímpicos uma mulher (são duas porque Sarah Attar vai competir nos 800 metros) é um facto que a todos deve alegrar.
Quando o Barão Pierre de Coubertin enunciou o ideal olímpico não estaria por certo a imaginar uma situação semelhante à que teve agora Wodjan Shaherkani como protagonista.
Mas, entre outros valores, estava a apelar ao entendimento entre povos, à capacidade de dialogar e de ceder, ao ultrapassar de barreiras ideológicas, políticas, religiosas, em favor de uma sã competição a nível desportivo.
Esse sonho tem vindo a ser beliscado com demasiada frequência.
Felizmente, com Wodjan Shaherkani, a sensatez imperou e o sonho tornou-se realidade.
A saudita até poderá ser eliminada imediatamente na prova em que vai competir.
Mas vai poder competir.
E isso é que é realmente importante.
Histórico, mesmo.

Comentários

  1. Estimado Amigo Pedro Coimbra,
    Mais uma fase histórica nos Jogos Olímpicos, fiquei contente por poder ver uma, aliás duas senhoras da Arábia Saudita a poderem competir.
    Este acto me leva a pensar como funcionam as religiões, a belo prazer de quem manda, e não do que Jesus ou Mahomed disseram.
    O casamento dos sacerdotes católicos foi proibido por uma Papa, n doutrina Islamica "Ó profeta, dizei a vossas esposas, vossas filhas e às mulheres dos crentes que quando saírem que se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que se distingam das demais e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo".
    Abraço amigo

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  2. Amigo Cambeta,
    Ver duas mulheres sauditas a competiram nos Jogos Olímpicos é um momento que deveremos lembrar no futuro.
    Estes Jogos, até agora, estão longe do brilhantismo, em termos de organização e resultados, dos Jogos de Pequim.
    Mas ficarão na História por serem os Jogos em que duas mulheres sauditas puderam finalmente competir numa Olimpíada.
    Aquele abraço


    Anónimo,
    No comments!

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  3. É incrível que nunca me tivesse lembrado desta situação ! Para alem de todas as restrições de todo o tipo a que estão sujeitas estas mulheres, ainda há de facto esta, de serem impedidas de competir desportivamente por não poderem usar os equipamentos habituais ! ...
    Não me lembrava a mim, nem lembraria ao diabo ! Felizmente que "As soluções aparecem quando a sensatez impera" ! :)))
    .

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  4. Mas é isso mesmo, Rui - são coisas que não lembrariam ao diabo.
    Lembram a alguns tresloucados que ainda existem neste Mundo.
    Aquele abraço

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  5. Ou seja, vamos ter uma ninja a lutar Judo nos Jogos Olímpicos... com a graça de Alá e do seu (pseudo-)profeta Maomé!

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  6. Em bora o espírito de Coubertin ( "o importante é competir") esteja um pouco desvirtuado, a verdade é que esta é uma boa notícia

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  7. "Mesmo em número pequeno, [Arábia Saudita, Brunei e Qatar] estão mandando mulheres para competir. Vejo isso como um progresso", disse Lisa Maatz, diretora de políticas públicas e relações governamentais da Associação Americana de Mulheres Universitárias (AAUW, na sigla em inglês), uma organização de defesa dos direitos das mulheres dos Estados Unidos.

    Concordo que é um momento histórico, Pedro, contudo fica um sabor amargo, ao saber que a pobre se tem de se vestir como uma múmia. Pura e simplesmente RIDÍCULO! Pior do que na Idade-Média!

    Que felicidade eu ter nascido no seio de uma família católica.

    Preferia ser uma sem-abrigo num país ocidental do que uma princesa num país como a Arábia Saudita.

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  8. FireHead,
    Devagarinho, com pequenos passos, pode haver mudanças.
    Este não sei se é um pequeno passo, ou se é um grande salto.
    O que sei é que as mulheres vão poder competir.
    Porque conquistaram esse direito.
    E isso é extraordinário!


    Carlos,
    Neste caso o importante é mesmo elas poderem competir.
    O resultado é perfeitamente secundário.


    ematejoca,
    Estas situações, como já referi na resposta ao comentário do FireHead, demoram muito tempo a alterar.
    Obviamente que é revoltante que ambas tenham que competir, com bem refere, vestidas de múmias.
    É degradante e deve ser horrível mesmo do ponto de vista do conforto.
    Mas já é algo positivo.

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