Acutilante comunicado difundido pelo Conselho de Administração da Sociedade Portuguesa de Autores
SPA CONDENA A POSSÍVEL
EXTINÇÃO
DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E
TELEVISÃO
O
Conselho de Administração da SPA encara com a mais justificada
preocupação as declarações do Dr. António
Borges, em entrevista à TVI, que
apontam claramente para a concessão a
privados do serviço público de rádio e
televisão e para a extinção do Canal 2 da
RTP, ao mesmo tempo que estranha e
lamenta que este pré-anúncio não tenha
sido feito pelo ministro da tutela,
responsável político por toda esta
operação.
A
confirmar-se a opção enunciada pelo assessor do governo para as
privatizações, poderemos estar em presença
da efetiva extinção do serviço
público de rádio e televisão em Portugal,
o que representará um grave
retrocesso em relação ao que se passa em
toda a Europa da União e em
relação ao que foi conquistado em
democracia, depois do 25 de Abril de 1974.
Se a
RTP 2 vier a ser extinta, centenas de milhares de pessoas ficarão
privadas,
diariamente, do acesso a informação e
programação cultural, cívica e científica
que
de outro modo nunca estará ao seu alcance. Por outro lado, há que
saber
qual
o destino a dar a cerca de 1500 postos de trabalho que esta operação
privatizadora irá pôr em causa, podendo
acrescentar ainda mais desemprego ao
já
existente e que atinge valores alarmantes.
Por
todas estas razões, a SPA, que representa cerca de 25 mil autores
portugueses de todas as disciplinas,
considera indispensável que o ministro
Miguel Relvas explique, com clareza e
carácter de urgência, em sede
parlamentar, o que o governo pretende, de
facto, fazer, que o Presidente da
República tome posição sobre este assunto
e que o mesmo faça o secretário de
Estado da Cultura, Francisco José Viegas,
escritor e jornalista que, durante
anos,
fez programas culturais na rádio e na televisão, designadamente num
quadro de serviço público.
É
também importante que seja conhecida a posição oficial do CDS/PP
sobre
esta
matéria, uma vez que opiniões até agora conhecidas de deputados e
dirigentes do partido da coligação
governamental são reveladoras de um
profundo incómodo com as declarações de
António Borges.
Este
modelo de concessão a privados e de extinção de um canal não levanta
apenas questões de natureza mediática ou
cultural, sendo, no essencial, um
problema político, e também de Estado, o
que leva a SPA a apelar aos seus
associados no sentido de que, pelos meios
ao seu alcance, tomem posição
sobre
a morte anunciada do serviço público de rádio e televisão em
Portugal,
que
seguramente muito os irá afetar.
Defender a continuidade do serviço público
de rádio e televisão constitui um
ato de
defesa dos princípios e dos valores democráticos e a condenação de
uma
dinâmica privatizadora que, como alguém já disse, parece querer fazer
passar o Estado à clandestinidade. E vale
a pena perguntar: se, como afirmou o
gabinete do ministro Miguel Relvas, é
positivo tudo o que representa poupança
para
o Estado, logo para os contribuintes, será que foi esse o critério
seguido
no
“caso BPN”, que a todos penaliza e envergonha ?
Lisboa, 24 de Agosto de 2012
O
Conselho de Administração
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