De um português de setenta anos (ou mais)...
De um português de setenta anos (ou mais)...
Não sei a origem...
Não sei o autor...
Ainda assim... publico.
Gosto particularmente da última frase!!!!
A GERAÇÃO ENRASCADA
O grande homem é aquele que não perdeu a candura da sua infância...
Pertenço a uma geração que teve de se desenrascar.
Nasci ao som do rufar dos tambores da 2ª Guerra Mundial. Os clarins e as sirenes faziam o toque de à rasca, anunciando mais um bombardeamento.
A Santa da minha Mãe, pariu-me de cócoras. Quando se sentiu à rasca, muniu-se da tesoura e do baraço e fez tudo sozinha.
Chegou por casualidade uma vizinha e ajudou aos últimos preparativos, talvez um caldo de galinha velha, que era o prémio de qualquer parturiente.
Hoje, as que se rotulam de à rasca têm seis meses de licença de parto. Essa vizinha, que durou cento e tal anos, passou a vida a contar-me isto, vezes sem conta.
Aos miúdos, faziam uns calções com uma abertura na rectaguarda, e, quando estivessem à rasca, baixavam-se, o calção abria e fazia-se em escape livre e andava sempre arejado.
Aos dezoito anos, ainda o comboio passava em Mirandela e tive o azar de fazer cargas e descargas dos vagões para os camiões. Os adubos vinham em sacos de 100 kg, as pernas tremiam mas tinha que me desenrascar. Os mais velhos sabem do que falo, o trabalho era duro incluindo as cegadas, mas....fazia-se tudo a cantar.
A mesma geração, fez as três frentes da guerra colonial, morreram nove mil e quinze mil ficaram mutilados e a cair aos bocados, chamaram-lhes Heróis, mas dizem desenrasquem-se.
O 25 de Abril foi feito por essa mesma geração, bons líderes, povo unido e desenrascaram-se muito bem.
Por fim, a debandada da emigração para toda a Europa, atravessando montes e vales íamos chegando a todo o lado. Vivíamos em contentores e barracas, o tacho onde se lavavam as batatas era o mesmo para se lavar o nariz, mas não nos desenrascámos nada mal.
Depois veio a geração rasca. Drogas, rendimentos mínimos e vergonha de trabalhar.
Agora, dizem ser a geração à rasca, querem ser todos Doutores, arrastam-se anos à volta dos cursos, passam as noites nas discotecas e nos bares e faltam às aulas, os parques universitários estão cheios de carros de luxo, ficam por casa dos Pais até aos trintas e "quem aos vinte não é e aos trinta não tem, aos quarenta já não é ninguém".
São uns enrascadinhos, não querem assumir a responsabilidade de uma família, vagueiam de noite, dormem de manhã e a Mãe chama-os para almoçar. O Pai vai recheando a conta, porque um Pai é um banco proporcionado pela natureza.
Eu não quero medir tudo pela mesma rasa e acredito muito na juventude, aconselho-os a que se caírem sete vezes se levantem oito, porque o Governo está à rasca, a oposição está enrascada e a juventude não se desenrasca.
Os que cantam, Homens da Luta, é uma luta sem comandantes e o povo vencido jamais será unido.
Façam pela vida... E, não estejam à espera que o mar arda, para comer peixe grelhado!...
Estimado Amigo Pedro Coimbra,
ResponderEliminarUma pura realidade.
Eu vivi da mesma forma do que relata o autor desconhecido.
Perttenci à geração enrascada e mete-me dó ver esta juventude que tem tudo e nada faz.
Enfim, mudam-se as famílias (divorcios) e temos uma geração de preguiçosos, mas com canudo, que não serve para nada.
Abraço amigo
A geração à rasca, enrascada, é um mito que serve de desculpa para muita coisa.
ResponderEliminarAquele abraço
Concordo com a última frase mas queria destacar outras duas de que gostei:
ResponderEliminarEsta: ""quem aos vinte não é e aos trinta não tem, aos quarenta já não é ninguém""
e esta "povo vencido jamais será unido!"
Grandes verdades*
Não sei quem escreveu este texto, Catarina.
ResponderEliminarMas é excelente.
Uma grande lição de vida.
Lindo! Vai constar no meu blogue. Obrigado por partilhar. :)
ResponderEliminarForça, FireHead.
ResponderEliminarAdorei ler este texto.
Gostava de saber quem é o autor.