David Cameron foi apenas...... britânico
Confesso que tenho acompanhado com alguma perplexidade as reacções de indignação perante a posição assumida por David Cameron na chamada "Cimeira do euro".
Os britânicos, que se viram rejeitados pela CEE até à morte de de Gaulle, sempre se comportaram perante a União Europeia como aqueles namorados que fazem de tudo para manter a relação aberta.
Casar?
Não vale a pena.
Estamos tão bem assim....
Cada um na sua casa (que assim pode ser partilhada com outros, o amigo americano no caso dos britânicos), com a sua vida própria (substitua-se vida por moeda), com a sua liberdade e o seu espaço intocados (substituam-se liberdade e espaço por soberania).
O que é que David Cameron fez de diferente nesta cimeira?
Não consigo perceber.
Foi apenas coerente com o que tem sido a linha de comportamento dos britânicos desde 1973.
Primeiro nas Comunidades, depois na União Europeia.
Foi o namorado que, depois de ver aceite o pedido de namoro, adia sine die o pedido de noivado e de casamento.
A diferença, é que o impacto na opinião pública terá sido mais forte como resultado dos tempos conturbados que se vivem.
E que fazem com que se dispense uma maior atenção às decisões que vêm de Bruxelas.
Só isso.
Este comportamento britânico deu até origem a um adjectivo muito peculiar no seio da União - Euroscepticism (eurocepticismo).
Que tem tanto de pomposo quanto de desnecessário.
Para caracterizar tal comportamento, bastava recorrer a expressões bem conhecidas do dia-a-dia - fear of commitment (medo do compromisso) ou mistrust (desconfiança).
Num caso, ou noutro, se a "namorada" não está contente com a relação.....
Honestamente, na minha ignorância, que de politiquices percebo pouco (mas o suficiente para mandar uma papaia para o ar :p), nunca percebi o que ganhava a Inglaterra a estar na União Europeia... É assim tão descabida a minha ideia? Se até a moeda deles valia mais do que o próprio Euro...
ResponderEliminarMas pronto... Eu como já referi não percebo muito disto :p
A grande maioria do povo britânico concorda com Cameron.
ResponderEliminarSabemos que o Reino Unido da Grã Bretanha, mesmo quando aderiu à moeda única (euro), nunca abdicou do sua libra.
Se precisavam da então CEE, eles lá sabem. Pode ter sido, e se calhar foi, uma táctica que dava jeito aplicar no momento.
Saudações do cantinho mais simpático da Europa (des)unida.
Catarina,
ResponderEliminarGanha poder na cena internacional, ganha face, ganha mercados para exportar e de onde importar.
Não esqueça que os ingleses compram (muito!!!) aos ingleses e aos franceses.
Mas sempre com desconfiança.
E passamos ao António,
Não nos podemos esquecer nunca do duplo não de de Gaulle à entrada dos britânicos na então CEE.
Essa ferida ficou aberta.
E a perda de face também.
Assim se explica muito do comportamento britânico a partir daí.
O Miguel Esteves Cardoso, ele próprio um bocado "bife", quando foi candidato pelo CDS nas eleições europeias, explicava essa postura, que achava que Portugal também devia seguir, com o gato siamês dele - ele alimentava-o, dava-lhe abrigo, mas o gato estava sempre desconfiado com ele.
E arranhava -o.
Também acho. O Reino Unido apenas limitou-se a ser o Reino Unido.
ResponderEliminarPara mim a União Europeia já devia ter acabado há imenso tempo porque já está farta de dar cabo das identidades nacionais dos países que as compõem. Os sonhos dos fundadores do projecto europeu há muito que foi traído pelas actuais elites reinantes europeias de forma completamente anti-democrática. Os desentendimentos já são mais do que muitos sobre a livre circulação, sobre a imigração, sobre a produção, etc. É isso que o povo quer? Eu não.
O descalabro da moeda única poderá conduzir ao fim dessa falhada união.
Os Britânicos são desconfiados por natureza, desconfiam até da própria sombra. São calculistas. Obviamente que continuam na União Europeia porque lhes convém e o inverso também é verdadeiro, mas não deixam que nada nem ninguém belisque a sua soberania. E quem não estiver bem...
ResponderEliminarAbraço
Totalmente de acordo, Pedro. Cameron já percebeu que a derrocada está próxima e não vale a pena andar a fazer fretes. E depois, ainda temos aquele episódio da confiança da Inglaterra na palavra de Hitler, cuja traição os ingleses não esquecem. O que não percebo mesmo, é a reacção de Nick Clegg.
ResponderEliminarPedro
ResponderEliminarComo diz a Catarina politiquices não percebo eu nada, não sei se eles mesmos percebem, mas pronto.
Deixo o meu beijinho e uma flor
Coimbramigo
ResponderEliminarO senhor David Cameron - e é preciso, antes do mais, dizer que não gosto nada, mesmo nada do gajo - é o exemplo vivo de um pé dentro e o outro de fora. O Reino (Des)Unido é o continente, o resto da Europa são as ilhas. Nem o TGV sob a Mancha conseguiu que assim não fosse. O nosso Baptista Pereira bem o tentou, nadando. Mas, nada.
Um dia, já lá vão uns largos anos, durante uma entrevista que me deu, disse à Dama de Ferro esta do nadador de Alhandra e ela, não gostou. Naturalmente. Carregou o cenho. «Mr. Ferreira it's to much. I can't bieleve you said it.»
Não me disse que me proibiria de repetir a graça (se assim fosse, vinha-me embora, fuck you Mrs Thatcher, and this interview, thank you very much). Mas, não ficámos amigos; nem eu queria.
O senhor Cameron podia ter batido com a porta; mas, teve medo de o fazer. Preferiu a teoria geral do cravo e da ferradura; é óbvio, ele nunca está quieto com os pés...
Mas, se o euro for ao ar, a libra também perderá a esterlina - e a estrelinha. E o dólar; e o yen. O yuan, esse, baterá palmas e oferecerá as coroas de flores.
擁抱
FireHead,
ResponderEliminarNão acredito no fim da moeda única.
Acredito que haja países que sejam "convidados" a sair.
O fim da moeda única, sem que haja qualquer projecto político válido a unir os países da UE, seria o fim da própria UE.
E ninguém quer isso.
A começar pelos chineses e pelos americanos.
Aquele abraço
Filipe,
A desconfiança começou com o processo de adesão.
O orgulho inglês, que é imenso, ficou ferido pelo chauvinismo francês.
E o que nasce torto...
Aquele abraço
Foram muitos desaforos, Carlos.
Mas não acredito numa derrocada nem do euro nem da UE.
Volto ao que comentei com o FireHead - acha que os próprios chineses e americanos iam deixar cair a UE?
E o que é que lhes acontecia a eles a seguir?
A reacção de Clegg é também ela tipicamente britânica.
Esqueça a política interna, Carlos.
No frentismo europeu, os britânicos unem-se.
Aquele abraço
Adélia,
Um beijo também para si
FerreirAmigo,
ResponderEliminarSó agora apareceu o teu comentário.
"se o euro for ao ar, a libra também perderá a esterlina - e a estrelinha. E o dólar; e o yen. O yuan, esse, baterá palmas e oferecerá as coroas de flores."
Aqui é que está não o busílis da questão.
É um verdadeiro basílio da questão.
Rebentava a UE e as ondas de choque levavam a China e a América.
E por aí fora.
E os chineses e americanos iam mesmo ficar quietinhos a ver este fim.
Nem pensar nisso.
Aquele abraço
Pedrinho, pedrinho, tu e o casamneto. És um pateta apaixonado.
ResponderEliminarMas aqui o casamento é outro.
ResponderEliminarE os valores que envolve também.
Uniões complicadas :))