Macau e a divulgação da Língua Portuguesa em Macau vão ficar mais pobres

Se é verdade que de insubstituíveis está o cemitério cheio e que somos todos iguais, também não deixa de ser verdade que há pessoas que dificilmente se pode substituir e que há mesmo alguns mais iguais que os outros.
Macau e a divulgação da Língua Portuguesa vão sentir isso com a saída da Região Administrativa Especial de quatro pessoas que sinto ter que destacar neste espaço.
Simplesmente porque pelo seu trabalho e personalidade o merecem inteiramente.
Sem qualquer ordem de precedência, começo pelo ainda Presidente do Instituto Politécnico de Macau, o Professor Lei Heong Iok.
Resido em Macau há quase vinte e três anos.
E, neste tempo todo, nunca ninguém trabalhou tanto, tão afincadamente e com tanto gosto, com tanta paixão, na divulgação da Língua Portuguesa em Macau e no interior da China como o Professor Lei Heong Iok.
Um trabalho há muito a merecer devido reconhecimento por parte do Estado Português.
Neste trabalho, e nos anos mais recentes, o Professor Lei Heong Iok, que sempre se soube rodear de excelentes colaboradores, teve no Professor Carlos André um cúmplice precioso.
O crescimento brutal do número de instituições de ensino superior que ensinam a Língua Portuguesa na China, e a Língua Chinesa em Portugal, está intimamente relacionado com o trabalho desenvolvido pelo Professor Carlos André e a sua equipa de colaboradores.
Professor Carlos André que ainda teve tempo para a intervenção cívica quando o julgou pertinente e para nos deliciar com as suas conversas com o jornalista Carlos Picassinos na Rádio Macau.
Neste trabalho de divulgação da Língua Portuguesa em Macau não podia faltar uma referência também ao Director do IPOR, Dr. João Laurentino Neves.
Com a sua dinâmica, a sua capacidade, o seu profissionalismo, o IPOR deu um salto qualitativo unanimemente reconhecido.
Mesmo em tempo de “vacas magras”.
E, por falar em vencer os tempos de “vacas magras”, a inevitável referência a quem revitalizou o Consulado de Portugal em Macau conforme prometeu à sua chegada.
O agora Embaixador Vítor Sereno, meu conterrâneo, amigo de amigos comuns, fez um trabalho notável no Consulado.
Um trabalho que permitiu reconciliar os portugueses de diferentes origens com a representação consular em Macau e que é por todos reconhecido e louvado.
Um trabalho de grande dedicação e profissionalismo que ainda permitiu ao agora Embaixador Vítor Sereno deixar em Macau uma imagem de simpatia, de facilidade de aproximar as pessoas e de se aproximar das pessoas.

Não, não há insubstituíveis.
Mas há gente que faz muita falta quando a vida lhes coloca outros desafios e têm que deixar as funções que tão brilhantemente exerceram.
À semelhança do Embaixador Vítor Sereno, eu também detesto despedidas.
Apenas deixo o meu bem haja a todos os que agora seguem outro rumo nas suas vidas pessoais e profissionais e cito o Embaixador Vítor Sereno para lhes dizer simplesmente “até já”.

Comentários

  1. Vale a pena referenciar quem o merece, e pelo que diz esse quarteto fez jus aos elogios.
    Abraço e saúde

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    1. Merecem inteiramente, Elvira Carvalho.
      E o Prof. Lei Heong Iok há muito merece uma honraria do Estado Português.
      Abraço

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  2. Bom dia, Gostei de o ler. Obrigada pelo texto. :))

    Hoje; Contrabalanço de nuvens densas

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça - Feira

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  3. Ainda há gente que merece o lugar que ocupa...

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  4. Gostei de saber que há sempre alguém longe de Portugal que se vai interessando pela nossa história em Macau e pela língua de Camões e estou certo que alguém irá dar continuidade à nossa história difícil de apagar.

    O MEU ABRAÇO

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    1. Acredito que haja gente preparada para dar continuidade ao trabalho, António querido.
      Mas vai ser muito complicado substituir estas pessoas.
      Aquele abraço

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  5. Realmente, pessoas existem que são absolutamente marcantes.

    Parabéns aos homenageados e a quem os homenageou

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    1. Merecem, São, merecem.
      Não sou de bajular ninguém.
      Por isso esperei até agora para escrever o que já há muito tempo sentia e pensava.
      Gente especial que vai fazer falta a Macau.

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  6. A lígua mater cada vez mais pobre.
    Abraço

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    1. O Professor Lei então é um caso de paixão pela Língua Portuguesa e pela sua divulgação, António.
      Chega à idade (tal como o Professor Carlos André) em que supostamente se é velho.
      Quer se queira ou não.
      Conheço jovens com muito menos garra e energia que eles.
      Aquele abraço

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  7. Muito bem, ás que enaltecer quem merece! Pena saírem!

    Olho a candura das ondas bravias

    Beijo e um excelente dia.

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    1. Motivos diferentes, Cidália Ferreira.
      lei Heong Iok e Carlos André porque chegaram ao limite de idade para o exercício de funções públicas.
      João Laurentino Neves e Vitor Sereno porque têm novos desafios profissionais.
      Que vão de certeza vencer.
      Beijo

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  8. Peço antes de tudo pela minha ignorância. Ainda há alguém que fale português em Macau. Com excepção dos portugueses como é óbvio.

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    1. Há muita gente, Pedro Dinis.
      Quando se refere a portugueses refere-se aos originários de Portugal.
      Mas há aqui muita gente originária de Macau (chineses e macaenses) que falam português.

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  9. Não sabia que o professor Carlos André estava em Macau.
    Filho de uma localidade vizinha, foi governador civil de Leiria.

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    1. Esse mesmo, Magui.
      Está de partida.
      Esteve aqui cinco anos e fez um excelente trabalho.
      Vai deixar saudades.

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  10. Pedro, e o Sr Lei diz que volta
    a casa para cuidar dos netos.
    Eu acho, pelo que li, que o velho
    português está deixando o cargo
    por não encontrou suporte longe
    desses outros três que, como ele,
    tentam mudar a coisa.

    Abraços, muitos.



    .

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    1. O problema não é esse, silvio afonso.
      Lei e Carlos André atingiram o limite de idade para o exercício de funções públicas.
      os outros dois têm novos desafios pessoais e profissionais à espera.
      Aquele abraço

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    2. Tá respondido, mas foi o velho
      que falou dos netos...

      Um abração e boa noite.


      .

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    3. O que é que ele podia dizer, silvioafonso?
      Tenho 65 anos e sou considerado demasiado velho para trabalhar?
      Curiosamente, acabo de ler uma notícia de primeira página de um jornal e 1904 que falava na morte de um velhinha de 44 anos :))
      Será que hoje em dia faz sentido encostar uma pessoa de 65 anos contra sua vontade???
      Aquele abraço

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  11. Ninguem e insubstituivel com diz Pedro, mas realmente por vezes e quase impossivel substituir alguem ou arranjar quem faca o mesmo trabalho tao bem ou melhor que o que saiu.

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    1. Precisamente a sensação que tenho relativamente a estas pessoas, Sami.

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