José Sócrates em prisão preventiva
"Platão considerou que Sócrates foi condenado por questões evidentemente políticas. Por seu lado, Xenofonte atribuiu a acusação a Sócrates a um facto de ordem pessoal, pelo desejo de vingança. O propósito não era a morte de Sócrates mas sim afastá-lo de Atenas e se isso não ocorreu deveu-se à teimosia de Sócrates." (Jornal Nordeste, A Morte de Sócrates, por José António Ferreira, Arquivo, Edição de 29-03-2011, Secção Opinião).
Sócrates, o filósofo, que era teimoso e graças a essa teimosia criou inimizades, acabou por ser julgado, guardado por 30 dias sob custódia de onze magistrados encarregues da polícia e da administração penitenciária em Atenas, até beber o veneno (cicuta) que o mataria antes de ser executado pelos atenienses.
José Sócrates, o político, profundamente teimoso como o seu homónimo, ficou ontem a conhecer as medidas de coacção que lhe foram aplicadas pelo Tribunal Central de Instrução Criminal - prisão preventiva (guardado por funcionários encarregues da polícia e da administração penitenciária em Portugal) por lhe ser imputada a prática dos crimes de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.
À semelhança do filósofo grego, será este também um processo político?
É muito arriscado fazer este tipo de afirmações.
Principalmente no quadro de um processo que tem seguido todos os trâmites legalmente previstos.
Que terá uma conotação e consequências políticas, disso não tenhamos dúvidas.
Motivação política?
Com tanta poeira no ar, com uma constante actividade de (des)informação e bufaria (José Sócrates só confirma a regra, não é excepção), mais afirmações bombásticas destituídas de uma sólida base factual são de todo de evitar.
Sócrates, o filósofo, ouviu da voz de Meleto a acusação de ser culpado do crime de não reconhecer os deuses reconhecidos pelo Estado e de introduzir divindades novas e de corromper a juventude.
José Sócrates ouviu da voz do juiz Carlos Alexandre acusações muito concretas.
Que devem basear-se em factos e na sua gravidade para que a Justiça não sofra mais um golpe profundo.
Todos nós que como os atenienses assistimos ao julgamento devemos adoptar a filosofia e o método socrático e perceber que a nossa sabedoria é limitada pela nossa própria ignorância.
A partir do momento em que tomei conhecimento da detenção de José Sócrates, e até que sejam tornados públicos os factos que hipoteticamente sustentam essa detenção e as medidas de coacção agora decretadas, seguirei escrupulosamente Sócrates, o filósofo - "só sei que nada sei".
Um excelente post que subscrevo inteiramente e junto este caso a outros e aguardo pelas conclusões e sentenças...mas devo esperar sentada porque demoram anos e anos.
ResponderEliminarOntem perguntei a alguém...quem serão os senhores e senhoras que se seguem? E fomos nós povo que vivemos acima das possibilidades e como tal temos de pagar, sem dó nem piedade, os desvarios transversais A TODOS OS PARTIDOS POLÍTICOS!!!!
Beijocas
Fatyly,
EliminarSe há podres a limpar, estejam onde estiverem, doam a quem doerem, devem ser limpos.
Mas com maior recato, diria eu.
Justiça não é circo, não é para ser feita com alarido e na praça pública.
Aguardemos serenamente.
Beijocas
Independentemente de Sócrates ser inocente ou culpado, o que se tem visto é um espectáculo degradante em que os juízes nada respeitam: nem o antigo Primeiro-Ministro nem nós!
ResponderEliminarComo é que Felícia Cabrita sabe vastos pormenores de um processo em segredo de Justiça? Que autoridade moral tem de julgar seja quem for quem trai a própria Justiça?!
Como é possível que falam esperar hora e horas por um comunicado oífio que nada acrescenta ao que já se sabia e não explica as fundamentações. das medidas de coacção?!
Sou obrigada a dizer que tudo quanto Marinho Pinto tem afirmado dos juízes é pouco!
Tudo de bom.
Culpabilidade ou inocência é algo que a Justiça terá que averiguar, São.
EliminarCom todas as pessoas.
Já aqui referi várias vezes que sou adepto do recato no seio da Justiça.
Não gosto nada de misturar circo e tribunais.
O que se passou com a detenção de Sócrates não e mais nem menos do que o que se tem passado com muitos outros casos.
Chegámos ao ponto de saber que um dos arguidos no caso Casa Pia tinha um sinal no rabo, caramba!
Péssimo caminho.
Coisa bem diferente, em termos estritamente jurídicos, é não serem comunicados os fundamentos que estiveram na base da decisão tomada, das medidas de coação aplicadas.
Não há nada na lei que obrigue a que os mesmos sejam tornados públicos.
Depende da ponderação que o juiz faça
Era bom é que esta conduta se estendesse ao resto do processo.
Tudo de bom também
Não é obrigatório? Tudo bem , então.
EliminarMas se respeitam a lei quanto a esse ponto, então respeitem.na integralmente !!
Não me pronuncio sobre inocência ou culpa de Sócrates , obviamente. Porém, acho indecente a falta de recato de tudo quanto se tem passado.
Esperemos que as coisas melhorem
Essa é a questão fundamental, São - pôr fim a esta bufaria nojenta!
EliminarSeja com que for.
E deixar que a Justiça funcione.
Porque, no dia em que não acreditarmos que o sistema, com as suas válvulas de segurança, funciona, temos que fechar a porta e começar tudo de novo.
Faço meus os seus votos - que as coisas melhorem e que deixemos de ver estas devassas indecentes a toda a hora.
O meu direito à informação não se pode sobrepor ao direito à reserva de vida privada de seja quem for.
O circo mediático só podia "desaguar" em prisão preventiva!
ResponderEliminarPara a turba não existe presunção de inocência!
Não quero acreditar que seja assim Rosa dos Ventos.
EliminarNão quero acreditar que haja um único juiz que julgue com base do que se diz na rua.
Muito mais num caso tao mediático.
No dia em que isso acontecer, se acontecer, perco a fé em todo o sistema
Muito bem, Pedro. Se me permite, apenas acrescento que é lamentável não sabermos os fundamentos da prisão preventiva. Em nome da transparência, os portugueses mereciam isso.
ResponderEliminarComo respondi à São, em nome da transferência?
EliminarPodemos argumentar que sim (prós e contras)
Legalmente nada obriga a essa divulgação, Carlos
Assino por baixo!
ResponderEliminarO espectáculo é que não tem sido nada bonito nem edificante, Timtim Tim
EliminarOlá Pedro Coimbra, não são só as suas anedotas que cativam o meu gosto, este texto sobre os "Sócrates" no meu tempo de estudante tinha um 20.Haverá coincidências? Carregamos determinados nomes que muitas vezes nos saem bem caros? Assesti ao circo que o "sinhor" juiz permitiu ....dando-lhe continuidade com o tempo que levou a deitar cá para fora as penas dos arguidos!! Estranhamente deixámos de ouvir falar nos cartões dourados, que ainda têm muito para explicar.....
ResponderEliminarUm abraço da Celene
Celene,
EliminarEu ainda acredito na Justiça.
Tantas vezes maltratada, tantas vezes criticada (com e sem razão) ainda é um pilar essencial do nosso sistema de vida.
Com defeitos que precisam de ser corrigidos, sem dúvida.
O maior de todos, talvez, esta mediatização americanizada que abomino e que contradiz o recato que devia ser regra no exercício da função judicial.
Um abraço e obrigado pelas suas palavras tão gentis
~ Estamos todos de acordo: Portugal ficou atónito com o inusitado circo montado pela comunicação social.
ResponderEliminar~ Também não estamos habituados a que se faça justiça... Neste país, todos os grandes crimes praticados políticos prescrevem, como aconteceu com o de Alberto J Jardim.
~ Entretanto, ninguém fala da suspeição de fraudes por parte do PSD e as projeções de resultados para as legislativas 2015, devem estar muito diferentes.
~ Mesmo que Sócrates saia incólume, muito estrago já foi feito.
~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~
Majo,
EliminarDe circos montados pela comunicação social estamos todos fartos.
E Sócrates não foi excepção.
Infelizmente, foi regra.
Vamos aguardar serenamente pelo desenrolar das investigações.
Beijinhos
Estamos na presença de um caso político. Aproveitado à exaustão pelos eternos inimigos de Sócrates.
ResponderEliminarA confusão, talvez intencional, lançada em torno desta situação, não ajuda em nada a não ser toirnar o acontecimento cada vez mais um exercício de pirotecnia.
Não dizer nada, em face das circunstâncias, recomenda-se.
Um abraço.
Não consigo ser tão assertivo, António.
EliminarEstamos em presença de um processo judicial.
Que pode ter contornos e consequências políticas.
Assim já concordo.
E agora vamos deixar o homem e a Justiça em paz por uns tempos.
E não esquecer os outros processos todos.
Os que já existem e os que deviam existir.
Aquele abraço
Não sei a história.Ouvi apenas de um lado.
ResponderEliminarEspero que se faça justiça.
Na mouche, luis!!!
EliminarVai dedicar-se à leitura da filosofia...
ResponderEliminarTempo e tranquilidade não lhe devem faltar... :)))
EliminarAbsolutamente de acordo.
ResponderEliminarBeijocas
Beijocas, Teté
EliminarNão gosto de Sócrates, nunca gostei, pelo que nunca votei nele. Isto porém não faz dele inocente, nem culpado, santo nem demónio. É que eu tenho uma coisa parva de gostar ou antipatizar com pessoas que nem sabem que eu existo.
ResponderEliminarPosto isto, estou à vontade para dizer que como portuguesa, me sinto envergonhada da maneira como ele foi preso,e de todo o circo armado à sua
volta, que não teve outra intenção que não a humilhação publica. Caramba não podiam prendê-lo em casa? Ainda se ele fosse partir, podia alegar perigo de fuga, mas o homem estava a regressar, e quase de certeza absoluta sabendo que os outros já tinham sido presos. Parece-me que esta prisão foi muito conveniente para calar o escândalo dos vistos GOLD. E o BES?
Não encaixa na minha cabeça que o senhor que levou à falência o BES, e com ele tanta gente, esteja cá fora. Parece que em Portugal a Justiça é mãe para uns e madrasta para outros.
Um abraço
É bom que não se esqueçam todos os outros processos, Elvira Carvalho.
EliminarOs já instaurados, os que o deviam ter sido.
Sem espavento, sem espectáculo, circo.
Um abraço
Também eu , tal como o filósofo Sócrates, também digo "Só sei que nada sei ! "
ResponderEliminarFico aguardando o desfecho deste triste caso de corrupção !
Vamos aguardar com serenidade, helia
EliminarÉ essa a postura correcta
O politicamente correto é dizer isso, Pedro, e dizer que «as instituições estão a funcionar» e que «ninguém está acima da lei» e assim. Mas eu digo que as instituições só estão a funcionar para um lado (uns são mais iguais do que outros - Orwell dixit) e que ninguém está a cima da lei à excepção de Ricardo Salgado, Paulo Portas, Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima (...) para enunciar apenas alguns - que por acaso são todos do "outro lado"....
ResponderEliminarGraça,
EliminarNão uma questão de seguir o politicamente correcto.
É apenas o (ainda) acreditar no meu País.
No dia em que eu acreditar, com provas!!, naquilo que a Graça escreve, deixo de acreditar no meu País.
Espero que esse dia nunca chegue.
Esses trastes todos que menciona já deviam estar todos guardados a sete chaves?
Já.
E tenham esperança que para lá caminhem.
Um texto muito bom. Parabéns, Pedro.:))
ResponderEliminarBj
Obrigado, ana.
EliminarÀs vezes sai bem :))
Beijinhos