O discurso de Cavaco


Ontem, nas comemorações do 101º aniversário da implantação da República, o Presidente da República deixou uma série de recados ao país.
Ao mesmo tempo que puxava as orelhas a tutti quanti.
Com algumas frases fortes ("a cultura republicana implica uma reforma profunda do exercício de funções públicas"; "mudança profunda na acção política"; "acabaram os tempos das ilusões"; fim da "letargia do consumo fácil"; defesa do "valor republicano da austeridade") Cavaco Silva quis associar-se à cultura de exigência que se pede ao país.
Ao ouvi-lo, não posso deixar de concordar com as ideias que defende, com as bandeiras que empunha.
Mas, e há sempre um mas, não me posso esquecer que este facilitismo, esta ilusão do europeu rico, dos direitos adquiridos e irrenunciáveis, do viver o dia de hoje, acima das possibilidades e como se não houvesse amanhã, teve a sua origem e o seu apogeu com Cavaco Silva no poder.
O "cavaquismo", e as figurinhas que protagonizaram esse período, foram e fizeram precisamente o contrário do que agora apregoa o Presidente da República.
E foram e fizeram precisamente o contrário do que é a vida privada, pelo menos no que é do conhecimento público, do cidadão Aníbal Cavaco Silva.
Não admira que, ao ouvir o Presidente da República, uma frase martelasse constantemente o meu subconsciente - Bem prega Frei Tomás.....


Comentários

  1. Pedro,

    concordo em absoluto com a analise que faz, "Bem prega Frei Tomás"...

    E por onde andará Dias Loureiro? E os outros amigos?

    Abraço e bom resto de semana!

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  2. O Presidente da República esquece-se com facilidade.
    O que politicamente deixou para trás, contrasta com o que agora sugere.
    Dir-se-á que só os burros não mudam de ideias.
    Mas aqui, este termo não encaixa.

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  3. Ricardo,
    Exactamente as tais figurinhas a que me refiro.
    Que, de um momento para o outro, ficaram podres de ricos.
    E se piraram.
    Aquele abraço e bom resto de semana também

    Observador,
    Aqui é mais um bom bocado de pouca vergonha.
    Quem se esquece do regabofe que foram os anos do cavaquismo?
    Eu, não!!
    Um abraço

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  4. Cavaco já se esqueceu do reparo que o Pedro faz e com o qual concordo inteiramente. Mas há outra passagem do discurso, que amanhã realçarei no CR, que me encanitou. O nosso PR além de desmemoriado, tem uma grande lata!

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  5. Pedro
    O galo canta de olhos fechado por saber a cançõ de cor.
    Beijo e uma flor

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  6. Carlos,
    Latosa.
    Das grandes
    Foi isso exactamente que pensei também.
    Vou espreitar o Rochedo.
    Abraço

    Adélia,
    Não conhecia a expressão.
    É bestial!!
    E adapta-se perfeitamente a esta situação.
    Bjs

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