Macau e o Jogo, um relacionamento envergonhado


Sempre me intrigou este relacionamento envergonhado de Macau com o sector dominante da economia.
Ao contrário de outras especificidades da Região, esta já vem de longe.
Toda a gente conhece a relação, toda a gente sabe que é muito profunda e muito forte, mas procura-se, tantas vezes de forma patética, negar o relevo que a mesma tem.
Olhá-la na vertente pecaminosa.
E aponta-se para o lado.
Para as "sete maravilhas de Macau", as "indústrias criativas", o "turismo".
Mais recentemente, numa mistura sempre perigosa de paternalismo e populismo, discute-se com grande ardor a possibilidade de elevar o limite mínimo de idade para entrada nos casinos dos 18 para os 21 anos.
Não vou aludir à vertente jurídica da questão (se os 18 anos são a idade em que se atinge a maioridade porque é que os espaços de jogos de fortuna e azar terão que ser uma excepção?).
O que me mete impressão é esta constante negação de todas as evidências.
Macau vive do Jogo.
Emprega a grande maioria da população em actividades económicas ligadas, directa ou indirectamente, ao Jogo.
Consegue ter receitas descomunais com a actividade.
Consegue fama à volta do Globo exactamente por causa do Jogo.
No entanto, de quando em quando, insiste na ideia do tal relacionamento envergonhado, pecamionoso, e, como tal, quase mantido em segredo.
Que me recorda sempre um momento memorável do filme Casablanca.
Este:

Comentários

  1. Pedro
    Não vou fazer comentar o post, não tenho cabeça para tal, quero agradecer suas palavras de conforto e carinho que deixou no meu cantinho. Tenho o meu "folha seca" que é incansavel, tenho amigos, até os virtuais, mas a minha dor!!! Por vezes intorrogo-me se a blogosfera ou o meu blog serve para isto? Mas acho que sim, não me vou anular.
    Beijo

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  2. Aposto que as receitas são enormes.

    Alto lá! O termo apostar não faz parte do jogo?

    :D

    P.S. - À atenção da "Flor de jasmim": não se anule. Tenha força, por favor.

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  3. Claro que não, Adélia.
    Tem o Rodrigo, tem a sua família e os seus amigos.
    Até estes amigos virtuais.
    Um beijo

    Observador,
    São brutais!!
    E a bater recordes todos meses.
    Já chegamos a perto de 1.5 biliões euros/mês.
    Mais uma razão para eu não perceber esta vergonha.
    O Jogo tem os seus males, todos sabemos isso.
    Mas é de uma hipocrisia tremenda estender a mão ao dinheiro e fingir que se detesta o Jogo.
    Como naquela sequência de Casablanca.
    Não jogo, não gosto de Jogo.
    Mas sei que é o Jogo que me paga o salário.
    E sei que é muito feio morder a mão que nos dá de comer.

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  4. Deve ter sido um gene tuga que ficou por aí esquecido e se desenvolveu com o tempo, Pedro

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  5. Muitas vezes na vida jogamos, até com o querer jogar e parar, ou com o jogar e jogar sempre, até com o não jogar nunca. Assim, como faz parte do livre arbítrio de cada um, o jogo não deve ser uma vergonha. Afinal somos livres para escolher
    Gostei do espaço e fico. Sigo-te
    Um beijo querido amigo

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  6. Carlos,
    É bem provável.
    Já durante o período de administração portuguesa, falar do Jogo era quase um insulto.
    Não se podia.
    Era segredo.
    Uma coisa feia.
    Mas Macau vai buscar receitas onde?
    Aos visitantes que vêm ver as Ruínas de São Paulo?
    Até irrita.

    Olá Gisa,
    Bem vinda.
    Cada um é responsável pelos seus actos, não é?
    E, neste caso, a hipocrisia é terrível.
    É o Jogo que faz Macau viver.
    E viver com muito dinheiro.
    Passei pelo teu espaço e fiquei.
    Um beijo desde Macau

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