A beleza da pastorícia


Era uma vez, um pastor que tinha, naturalmente, um rebanho de ovelhas e o respectivo carneiro para assegurar a continuidade do rebanho.

Ora aconteceu um dia uma fatalidade ao carneiro.

Deu-lhe uma doença qualquer e morreu, facto que deixou o pastor muito aflito.

Foi então ter com um pastor vizinho e contou-lhe o sucedido:
 

- Pois amigo, nem queira saber, estou muito preocupado pois morreu-me o meu carneiro e está a aproximar-se a época do cio por isso vim falar consigo a ver se me emprestava o seu carneiro para fazer a cobrição das ovelhas senão fico desgraçado.
 

- Ó compadre, pois não precisa ficar assim preocupado.

Olhe não lhe posso emprestar o carneiro porque também não o tenho nem preciso.
 

- Não precisa? Então como é que faz?
 

- É muito simples: Quando chega a época agarro nas ovelhas, levo-as para o monte, para um sítio assim a modos que isolado, que não tenha ninguém à volta, entende? E depois sou eu próprio que faço a cobrição, simples!



- Não me diga, compadre! E resulta? Como é que sabe depois quais são as ovelhas que estão cobertas?



- Se resulta! É muito simples: De manhã levanto-me e vou à janela. As ovelhas que estiverem ao sol, não ficaram cobertas. As que estiverem à sombra, ficaram!



E o pastor, acreditando naquelas tangas todas, assim fez. Meteu as ovelhas todas em cima da camioneta e levou-as para o monte onde ele próprio se dispôs a fazer o serviço que deveria ser feito pelo carneiro...

Chegou a casa estafadíssimo e tarde, já se vê e nem quis comer nem nada. A mulher ficou um pouco admirada mas não disse nada. Até que no outro dia de manhã mais admirada ficou quando já manhã ia avançada e o marido ainda a dormir, nem tinha feito a ordenha nem nada:



- Ó Maneli! Acorda hóme que já é tarde! - Ó Maria já vou. Olha faz-me um favor, vai ali à janela e diz-me quantas ovelhas estão à sombra!



- Olha, à sombra não está nenhuma. Estão todas ao sol.



Não tinha dado resultado. De modo que, toca a carregar novamente as ovelhas para cima da camioneta monte acima até um sítio isolado e toca de ... bem, já sabem a fazer o quê às pobres das ovelhas. Volta a casa ainda mais fatigado; chegou e pôs-se logo a dormir, a mulher já começava a desconfiar, mas mesmo assim não se manifestou. De manhã, já tarde, meio ensonado, diz para a mulher:



- Ó Maria, vê-me lá se está alguma ovelha à sombra e vem-me dizer.



- Ó Maneli, não está nenhuma nem à sombra nem ao sol! Estão todas em cima da camioneta!

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