Antecipando cenários para as próximas eleições para a Assembleia Legislativa em Macau
Não possuo dotes divinatórios, não sou oráculo, muito menos pitonisa.
Como tal, o que se segue é apenas um exercício lógico, o raciocínio possível, lendo e interpretando os sinais que vou recolhendo dia-a-dia tendo em vista as próximas eleições para a Assembleia Legislativa em Macau.
Quando o painel de candidatos parece estar já praticamente definido (qualquer candidatura que possa aparecer não deverá alterar muito o cenário) podem fazer-se já algumas projecções com relativa segurança.
Começando pelos candidatos que terão um eleitorado mais ou menos fidelizado e que terão, por via disso mesmo, a eleição garantida.
Estão nesta situação os Operários, os Moradores, Chan Meng Kam, Pereira Coutinho, Angela Leong, os denominados pró-democratas.
As dúvidas que se levantam relativamente aos Operários e Moradores, a Chan Meng Kam e aos pró-democratas são as mesmas - quantos deputados conseguirão fazer eleger?
Pereira Coutinho, assim como Angela Leong, muito dificilmente farão eleger o número dois da lista.
O universo do funcionalismo público, muito dividido, e o universo da SJM/STDM, respectivamente, não serão suficientes para fazer eleger mais do que um representante.
Já a lista de Chan Meng Kam deverá manter os actuais dois; os Operários e os Moradores, três no total.
O eleitorado que os apoia estará consolidado, será suficiente para eleger estes cinco deputados, não acredito que sofra grandes alterações.
Aqui chegados, e se estas projecções não andarem muito longe da realidade, já estarão reservados 7 lugares no hemiciclo (metade).
Começam agora as grandes interrogações.
A dinâmica da Associação no Novo Macau, a ascensão de Jason Chao, a separação em três listas, serão suficientes para chegar aos quatro deputados?
Os pró-democratas terão que fazer um grande trabalho, terão que ter uma grande capacidade de organização e uma grande capacidade de fazer passar a mensagem para conseguirem tal desiderato.
Complicado, mas perfeitamente possível.
Sobretudo atendendo ao aumento do número de deputados eleitos por sufrágio directo.
A ser assim, já são 11 lugares ocupados.
Ficam a faltar três.
Dois dos quais deverão ser ocupados pelas listas dos actuais deputados Mak Soi Kun e Melinda Chan, também estas com um eleitorado algo fidelizado.
E, para ficar o cenário completo, Agnes Lam, depois do excelente resultado conseguido há quatro anos, é provável que agora consiga a eleição.
Ligada a um eleitorado mais culto e mais jovem, a professora da Universidade de Macau apareceu tarde e tem como grande obstáculo à sua eleição a grande dinâmica junto do eleitorado mais jovem que a dupla Jason Chao/Scott Chiang está a ter.
Ainda assim, atentas as particularidades do sistema leitoral em Macau, onde o método do Hondt dá lugar a um sistema em que a conversão dos votos em mandatos se faz de acordo com regras muito peculiares - o número de votos obtidos por cada candidatura é dividido sucessivamente por 1,
2, 4, 8 e demais potências de 2 até se registar o número de mandatos a
distribuir, sendo os quocientes alinhados pela ordem decrescente da sua grandeza
numa série de tantos termos quantos os mandatos, prosseguindo o processo de
divisão até se esgotarem todos os mandatos - das listas mais votadas só os pró-democratas terão sérias possibilidades de ver o número de deputados eleitos crescer.
E é assim bem provável que Agnes Lam consiga a eleição.
Isto apesar do timing da sua candidatura e da dinâmica de outras já há muito no terreno.
Atendendo a que Pun Chi Meng também tem o seu eleitorado muito restrito, muito contado, muito fidelizado, mas nunca se aproximará sequer dos números suficientes para a eleição, podendo sim ser a chave para a eleição de um quarto deputado dos pró-democratas, estará completo o hemiciclo que sairá das eleições para a quinta assembleia.
Que apresentará como novidades um quarto deputado dos pró-democratas (Jason Chao), a académica Agnes Lam e o abandono de alguns deputados mais velhos, incluindo o actual Presidente da Assembleia Legislativa.
Caras novas, uma Assembleia rejuvenescida?
No sufrágio directo é essa a ideia que fica.
Nas nomeações e no sufrágio indirecto, who knows?!
E assim, com as restantes listas já apresentadas a representarem apenas um valor residual, sem qualquer peso ou impacto nas contas finais, fica a previsão para a constituição do próximo hemiciclo por via do sufrágio directo.
E você, Pedro, para quem se "inclina"? (pergunta indiscreta)
ResponderEliminarAbraço
Com toda a sinceridade, ainda não decidi o meu sentido de voto, Ricardo.
EliminarQuero ver o que me reserva a campanha eleitoral, as propostas que são apresentadas.
Quero ver se há uma visão para Macau, para o futuro de Macau.
Porque votar em alguém só porque sim não é nada o meu feitio.
Aquele abraço!!
Estimado Amigo Pedro Coimbra,
ResponderEliminarComo sempre e uma vez mais estou fora destas guerras, nem sequer estou recenciado.
Abraço amigo
EliminarEu estou, Amigo Cambeta.
E vou votar.
Mas ainda não decidi o sentido do meu voto.
Aquele abraço
Li, mas fiquei um pouco a Leste como deve imaginar.
ResponderEliminarNão sei se sabe, mas a Orquestra Gulbenkian irá dar um concerto aí em Macau, mas não sei a data.
Quanto ao Acordo Ortográfico acho-o uma aberração e continuarei a escrever como sempre escrevi!
Tenha um bom resto de dia, Pedro
EliminarEsteve cá esta semana Sequeira Costa.
Agora a Orquestra da Gulbenkian
Estou a gostar.
Não, não sabia que estava programada a vinda.
Festival de Música (Outubro)?
É provável
Então e com tanta reflexão, já decidimos para que sítio vamos votar?
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EliminarA campanha eleitoral é que vai desfazer as minhas dúvidas
Por enquanto, só umas pistas.
Muita gente, não é Pedro?
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Eliminar14 deputados eleitos directamente, António
Os nomeados e os eleitos indirectamente excedem este número.
Dizia um homem muito sábio -" os chineses nunca organizam umas eleições sem saberem quem as vai ganhar"
Aquele abraço!!