Que tal alargar a outras áreas o conceito 'terra de Macau destinada a residentes de Macau' ?


O conceito 'terra de Macau destinada a residentes de Macau' vem a significar, na prática, uma política de reserva de terrenos para residentes de Macau.
Lembrei-me deste conceito várias vezes nos últimos dias.
Concretamente, sempre que se fazia referência à escassez de leite em pó em Macau, consequência da insegurança sentida no interior da China relativamente ao produto.
Compreensivelmente, a confiança do consumidor chinês nunca mais se recompôs depois do escândalo que foi a descoberta de leite em pó contaminado com melamina e da(s) tragédia(s) daí resultante(s) em termos de perda de vidas humanas.
Depois dessa tragédia, os visitantes chineses que se deslocam a Macau têm mais um item no topo da sua agenda de compras - latas de leite em pó.
Para consumo próprio, ou para revenda, são compradas aos magotes pelos visitantes do interior da China que se deslocam a Macau.
No passado domingo, numa conhecida farmácia, entrou um indivíduo em correria quando eu lá estava, dirigiu-se ao local onde estavam as latas de leite em pó, apontou uma marca, e pediu dez embalagens.
Esta perfeita loucura resultou na falta do produto para os residentes de Macau que pretendem adquiri-lo para alimentar os seus bebés. 
Uma situação tanto mais complexa quanto, como afirmava o pediatra Jorge Humberto, as mães chinesas, por uma combinação de tradição e de falta de tempo, não têm o hábito de amamentar os seus bebés.
E o que é que ouvimos das autoridades oficiais?
Que não há falta de leite em pó em Macau, que é fácil encontrar o produto, que o problema está a ser empolado.
Curioso, no mínimo, quando amigos, que foram pais recentemente, me afirmam precisamente o contrário.
Isto é, que eles próprios e a restante família, têm de andar a calcorrear a cidade para encontrar leite em pó para os seus bebés.
E que, mesmo que não andem à procura, se por acaso virem, adquirem imediatamente com receio de se verem confrontados com a inexistência do produto.
Esta situação aberrante leva-me a formular aqui uma sugestão - que tal alargar o conceito 'terra de Macau destinada a residentes de Macau' a outras áreas?
Para já, por exemplo, ao leite em pó.

Comentários

  1. O açambarcamento é próprio da espécie humana nas horas de "afição". Mas há que sermos racionais... coisa que parece que os humanos não são. :((
    Aquele abraço

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  2. O que me mete mais impressão é esta malta fazer negócio com o leite em pó (chegam a pagar mil patacas/cem euros por uma lata segundo confissão de um farmacêutico).
    Não porque precisem desse leite mas, muito mais provável, para o revenderem a preços especulativos do outro lado da Porta do Cerco.
    Terceiro-mundista é muito pouco para qualificar uma situação como esta.
    Aquele abraço

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  3. Bem se eu corresse o risco de ficar sem leite para o meu bebé também não sei como reagiria :/ Esta situação ainda que em conceito diferente faz-me lembrar dos preços que foram praticados pelo gel e toalhitas desinfectantes no tempo do medo da Gripe A... Vendeu-se ao preço que se quis, e esgotaram-se stocks por mais do que uma vez.

    Um bom dia Pedro, ou será altura de desejar boa noite? :)))

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  4. Mas aqui estamos perante uma situação insustentável, Poppy
    Macau, na sua pequenez, nao pode sequer sustentar a província de Guangdong.
    Como e que vão proceder os pais de Macau se ficarem sem leite em pó para os seus filhos?

    Por aqui já e boa noite, Poppy (oito horas a mais)

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  5. Não fazia ideia dessa falta de leite na China ! ... mas qual é a razão ?... Não há vacas leiteiras para tanta gente ? ... Será isso ?
    Será que seria interessante para o mercado exportador português ?
    (O meu filho tem estado por aí, em trabalho (mercado financeiro), há 1 semana e meia e vai estar outro tanto (Ningbo, Macau, Hong Kong, Ningbo, Shangai e Pequim !)
    .

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    1. Nao há falta de leite na China, Rui.
      Começa a haver falta de leite em pó em Macau porque os chineses do interior da China que aqui vem açambarcam o que encontram.
      Porque tem medo do que se vende no interior da China apoa as mortes causadas pela melamina no leite em pó há alguns anos.

      O seu filho esta a gostar?
      E um périplo bestial!

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  6. Seja em Macau, em Portugal, nos Estados Unidos ou até na Alemanha ( imagine-se!) as reacções são sempre iguais. Há uma coisa que é comum a todos os países e a todas as raças: salve-se quem puder!

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    1. Mais do que salve-se quem puder, Carlos, que até entenderia, é a ganância do dinheiro, a especulação que se consegue com a revenda do outro lado da Porta do Cerco.
      E isso é nojento.

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  7. Os açambarcamentos de qualquer produto são sempre difíceis de controlar. Mas porque não estabelecer um limite das latas que cada um pode comprar? Sempre se evitava que uns levassem uma data de latas e outros não as encontrassem nas prateleiras vazias...

    Beijocas!

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    1. Teté,
      Essa é exactamente a pergunta que eu faço - a mim próprio e a terceiros.
      Ainda não recebi a resposta.
      Beijocas!

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  8. Poderia ser uma óptima oportunidade de negócio para se criar uma grande indústria de produção e venda de leite em pó em Macau e para a China!

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    1. Gábi,
      Durante 450 anos nem faço ideia de quantas oportunidades de negócio como esta deixámos fugir!!

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  9. Têm que arranjar uma alternativa para os residentes. Quando a minha filha era de colo tive que encomendar leite de singapura pois a marca que bebia ficou esgotada meses em Macau.
    Um banco de leite, uma resteva, o que quiserem, desde que assegurem que os locais tê, leite q.b. para alimentar os filhos bebés.
    Até breve,
    Mor

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  10. Um sistema de quotas, Mor.
    Porque não?
    Não vejo quaisquer obstáculos, em termos jurídicos, que impeçam esse objectivo.
    Deixe-me ir visitar o seu blogue que não conhecia :))

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  11. Não sei porquê, mas sempre pensei que nesta altura Macau já não é um bom lugar para ter filhos... e digo isso mais a pensar na poluição e na qualidade de vida.

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    1. Ainda é, FireHead.
      Mas há coisas que não se compreendem.
      Esta é uma delas.

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