Negócios, prémios e desvario sem fim

Hoje é dia para falar de bola.

De negócios à italiana, realizados em Portugal, dos prémios FIFA, de mais um treinador no Sporting (o quarto da época).

Os negócios

Pela primeira vez em Portugal, dois clubes rivais trocam de jogadores.

Izmailov deixa Alvalade e muda-se para o Dragão; Miguel Lopes segue o caminho inverso.

Estas trocas, com os clubes a permanecerem com uma percentagem dos passes dos jogadores na eventualidade de futuras transferências, é uma prática comum em Itália.

O calciocaos, e a crise financeira europeia, deixaram os clubes italianos, outrora tão gastadores, descapitalizados.

Quando assim é, há que puxar pela imaginação.

E estes negócios de troca de jogadores intensificaram-se.

Uma prática que chega agora a Portugal.

Os clubes portugueses, tecnicamente falidos, vêem-se obrigados a reduzir despesas, a fazer baixar a folha salarial que tanto peso tem no orçamento.

O bom relacionamento que existe entre clubes foi o último passo para a troca agora formalizada.

Uma troca que, à primeira vista, favorece o Sporting.

Os Leões recebem, por cinco anos e meio, um jogador português, de 26 anos de idade, que joga nas duas laterais com o mesmo à - vontade, que não cria problemas no seio do grupo, ou fora dele.

Já os Dragões recebem um jogador problemático, de 30 anos de idade, em duvidosa condição física, por dois anos e meio.

Porquê?

Olhando de relance, para tapar buracos (ausência de Atsu na CAN, previsível saída de Iturbe para o futebol argentino).

O futuro permitirá dissipar dúvidas e verificar se é efectivamente assim.

Prémios

Messi recebeu, pela quarta vez consecutiva, a Bola de Ouro.

Vicente Del Bosque recebe o prémio de treinador do ano.

D. Vicente já merecia este prémio.

Campeão do Mundo e da Europa com a selecção espanhola, que dominou totalmente o Europeu (só sentiu dificuldades no jogo com Portugal) D. Vicente era o candidato natural à vitória.

Mourinho só ganhou o campeonato espanhol e, para agravar, a turbulência recente no Real Madrid e a decepcionante campanha da equipa na liga espanhola, afastaram-no claramente da possibilidade de ganhar o prémio.

Messi vai coleccionando prémios.

Mesmo numa época em que não ganha nada de relevante no seu clube.

O argentino ganhou porque é um fenómeno, porque é simpático (mais vale cair em graça....) e porque, muito recentemente, bateu o recorde de golos de Gherd Muller.

Num caso (treinador), e noutro (jogador), o presente parece ter tido mais peso, mais influência, que o passado recente.

Curioso, no mínimo.

Desvario

Vercauteren foi despedido e Jesualdo Ferreira assume totalmente o comando do futebol do Sporting.

Acaba-se a equipa técnica bicéfala e o Sporting contrata o quarto (!!!) treinador para esta época - Sá Pinto; Oceano; Vercauteren; Jesualdo Ferreira.

Jesualdo Ferreira que, ao aceitar o cargo, mais que perante um desafio, se vê perante um enorme risco.

O clube está à deriva, obra de uma direcção incapaz e incompetente, a equipa de futebol está a realizar a pior época da história do clube, não tem qualquer objectivo claro no horizonte (apuramento para a Liga Europa, talvez).

Pessoalmente, estou convencido que não será Jesualdo Ferreira a alterar este panorama tão negro.

Não porque Jesualdo Ferreira não seja capaz.

Antes porque o problema (sério!) não está na equipa técnica.

Está na equipa directiva.

Que se recusa a assumir erros, responsabilidades, a dar a vez e a voz aos sócios para que outro projecto possa aparecer.

Este, se é que existe, se é que alguma vez existiu, está mais que esgotado.