Pobretes mas alegretes?


A liberalização do Jogo em Macau (Singapura é outra conversa!) seria presumivelmente acompanhada de uma nova dinâmica na cidade, de maior empreendorismo, de maior imaginação, de grandes realizações para além do gaming propriamente dito.
Passados todos estes anos, o que é que vemos?
Macau tornou-se na capital mundial do Jogo, em termos de receitas, mas todas as promessas que foram feitas ficaram por cumprir.
Lembrei-me especialmente desta realidade nas celebrações de final do ano.
O glamour de Las Vegas, as grandes realizações que as operadoras de Jogo ali levam a cabo, arriscaria que, em boa parte, com dinheiro ganho em Macau, estiveram ausentes na RAEM.
O mesmo kitsch que se vê ao longo do ano, o pastiche de anos anteriores (fogos de artifício, vedetas de terceira categoria) tudo embrulhado sem o mínimo bom gosto, sem a miníma imaginação.
E faites vos jeux mesdames et messuieurs que isso é que é realmente importante.
Porque quem vem a Macau não quer festa, quer jogatana.
Pura e dura.
E é isso que lhes é dado.
Para quem é bacalhau basta, diz o povo português!
E, quem aqui vive, como é que é encarado pelas operadoras?
Infelizmente, e perante o silêncio cúmplice das autoridades, e da   própria população, exactamente com a atitude que dá título a este post - pobretes mas alegretes.
Uma realidade bastante triste, confesso.

Comentários

  1. Estimado Amigo Pedro Coimbra,
    Estou totalmente de acordo com suas sábias palavras.
    A população de Macau nada ganha com tudo isto, antes pelo contrário, o custo de vida sobe de dia para dia, o que era tradicional está morrendo e as ruas pacatas de Macau se tornaram em mar de gente.
    Enfim!...
    Abraço amigo com votos de óptima saúde

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  2. É mesmo isso Pedro. Na noite de passagem de ano nem sequer saí de casa pois parecia-me tudo deprimente.
    Bom 2013

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  3. Amigo Cambeta,
    Eu sinto que esta malta está a gozar connosco.
    E a chamar-nos burros.
    Enchem-se de dinheiro aqui, fazem uns arraiais meio pirosos, e depois pegam na massa e vão fazer as grandes realizações que prometeram fazer aqui (contratualizaram?) em......Las Vegas.
    A nós, sobra-nos a porcaria, a floresta de gente (feios, porcos e maus) uma cada vez mais deteriorada qualidade de vida(??).
    Revolta, é isso que sinto!


    Hugo,
    Eu também não queria sair.
    Por insistência da minha mulher e das minhas filhas, saí.
    E arrependi-me tanto!
    Acabei a passar a meia-noite, sozinho no meio da multidão, no lobby do Venetian.
    Uma coisa que nunca mais vou esquecer.
    Mas que julgo terá servido de lição para futuros eventos semelhantes.

    Aquele abraço e votos de um Fantástico 2013 para ambos!!

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  4. O jogo ou jogatana sempre serviu para depenar uns para enriquecer outros. Infelizmente sei o que é viver com alguém que todo o vencimento era derretido no jogo casino, Bingo etc... e eu ficava à rasca. Uma das dívidas foi negociada/trocada pelo divorcio pois eu já não suportada créditos para tapar "dinheiro perdido" que nunca vi. Já passou e inclusive o pobre já morreu. Jogar???? é um vício dantesco e nocivo como o alcool e drogas.

    Enfim... BOM ANO para ti e todos os teus!

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  5. Caro amigo Pedro Coimbra!
    Muito oportuna esta publicação que deixa patente o viés de um habitante de Macau, que não vê cumpridas as promessas feitas na ocasião que a jogativa tornou-se legal.
    Caloroso abraço! Saudações atuantes!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  6. Quando leio/ouço o termo "presumivelmente" fico com 'a pulga atrás da orelha'.
    Análise feita ao texto e exercitada a sua interiorização, conclui-se o evidente.

    Vamos à festa? Não, vamos a jogo.

    Bom ano e aquele abraço.

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  7. Fatyly,
    O Jogo e um vicio terrível.
    Que destrói vidas.
    Mas eu nao posso ser hipócrita e negar que o meu salário e pago pelo Jogo.
    A economia de Macau centra-se no Jogo.
    O que eu questiono e o facto de, aquando da liberalização do sector, nos terem sido feitas promessas que caíram em saco roto.
    Já nem vou abordar o aspecto legal da questão.
    A pura mentira e para mim suficiente para me revoltar.
    Beijinhos e votos de bom ano!

    Caro Prof. João Paulo de Oliveira,
    Macau e, desde há décadas, a única cidade chinesa onde o Jogo e legal.
    Foi explorado em regime de monopólio até 2002 mas, a partir de então, foi liberalizado o sector.
    Essa liberalização veio acompanhada de muitas promessas que nao vejo cumprir.
    O que se tornam ainda mais irritante quando os concessionários estão, mais e mais, obscenamente ricos.
    Números de hoje relativamente ao ano de 2012:
    Receitas apuradas ( e nao, nao e erro!!) - 304 mil milhões de patacas (para converter em euros basta dividir por 10)!!!!
    Aquele abraço e votos de Bom Ano

    António,
    No processo de liberalização, ficou prometida uma diversificação na exploração - espaços de retalho, de restauração, grandes espectáculos, grandes realizações culturais e artísticas.
    Enfim, Las Vegas a Oriente.
    Continua-se no jogo puro e duro.
    Se Singapura torceu estes tipos, porque e que Macau nao o faz também?
    Aquele abraço e votos de Bom Ano!

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  8. Amigo Pedro Coimbra,

    Não disponho de informação suficiente para falar deste tema, mas constato que as dificuldades de governar e de cumprir promessas é grande e exige boa capacidade de previsão e de planeamento, qualidade que hoje é muito rara.

    Desejo que tudo melhore e que as pessoas aí residentes consigam uma maneira agradável de viver e de assegurar o futuro. Tenha saúde e muitos êxitos neste ano, nos aspectos profissional, familiar e pessoal.

    Abraço
    João

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  9. Pode ser triste, mas ainda assim insuficiente para tirar de lá os portugueses. :)

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  10. Não tenho conhecimento nem arcaboiço para falar do assunto!
    Se não fosse por não falta de motivação e de alegria, até poderia dizer que a minha passagem do ano tinha sido muito boa, foi feita com o Rodrigo e os nossos gatos, mas com muita tristeza de ambas as partes, por circunstâncias impostas, mas o mais importante é que estamos ao lado um do outro com muito amor, seja em que altura fôr.

    Beijinho e uma flor

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  11. Imagino que seja realmente triste ser visto como cidadão de terceira categoria, pobrete e alegrete! E é um facto que os amigos da jogatina se devem estar mesmo marimbando para os espetáculos, fogo de artifício ou artistas de nomeada ou sem ela - querem apenas jogar e mainada! :P

    Mas enfim, se a população não "chia", é óbvio que as promessas nunca vão ser cumpridas... ;)

    Beijocas!

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  12. Pedro, mas isso é o que a maioria dos portugueses é (eu incluída)... pobre mas alegre!

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  13. Caro João Soares,
    Neste caso, o que se pede é que as empresas concessionárias sejam obrigadas a cumprir o que prometeram.
    Singapura fez isso.
    Pulso, firmeza, é isso que se pede.
    Aquele abraço e votos de Bom Ano!


    FireHead,
    O que é que quer dizer com isso?
    Não percebo.
    Que os portugueses deviam ir embora, ou que, os que estão cá, como eu (residentes permanentes, não se esqueça) deviam estar caladinhos?
    Acha que isso é que é gostar de Macau?
    Ver estragar a cidade e ficar caladinho?
    Com essa atitude é que Macau deixa de existir em muito pouco tempo meu caro.
    Eu, que até gosto muito de Macau, aponto o que acho que está (profundamente) errado.


    Adélia,
    A passagem de ano foi apenas um pretexto para um desabafo.
    Deixar de cumprir o que se promete, e não haver consequências, é algo que não consigo perceber, muito menos aceitar.
    Beijinho e votos de um ano de 2013 muito feliz

    Teté,
    O Jogo está a tornar-se uma sanguessuga, está a ter o efeito eucalipto.
    Seca tudo à volta (o pequeno comércio tradicional, os pequenos negócios) e apenas cria dinheiro e inflacção.
    E é aquilo que diz - se a malta come e cala a situação só pode piorar.
    Eu, que até sou irrequieto e gosto muito de Macau, faço barulho!
    Beijocas e votos de um ano de 2013 muito feliz.

    Su,
    Mas aqui há dinheiro a rodos!!
    340 mil milhões de patacas (34 mil milhões de euros) de receitas só este ano.
    E não há um pinguinho de imaginação, de criatividade, aquele golpe de asa que os singapureanos exigiram a estas empresas?
    Sabe onde é que vão gastar este dinheiro todo?
    Em Las Vegas, que tem uma população e um executivo exigentes.
    E chamam-nos tontos e estúpidos nesse processo.

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  14. Quero dizer que apesar de tudo os portugueses ainda permanecem em Macau porque ainda vai valendo a pena aí estar... o não? Isso do ser residente permanente é o quê mais precisamente? Qualquer macaense tem o direito automático à residência em Macau.

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  15. FireHead,
    Claro que vale a pena aqui estar.
    E não é só na vertente financeira.
    Mas eu, que sou exigente e gosto MUITO de Macau, quero mais.
    Porque Macau pode ser melhor.
    Só se está a pensar em acumular riqueza, mais e mais, como se não houvesse amanhã.
    E, para que uma elite fique despudoradamente rica, a restante população vê a sua qualidade de vida seriamente afectada.
    Macau podia, DEVIA, ter um sistema de saúde, de ensino, de assistência social, de excelência.
    Serviços de internet de ponta.
    Tráfego pensado e controlado, turismo de qualidade.
    Não tem nada disto.
    Tem dinheiro.
    MUUUUUUIIIIIIITO dinheiro.
    Para quê?

    Residente permanente e não permanente.
    Consulte a Lei Básica (é fácil encontrar na Internet) e ficará a perceber melhor.
    Não é a distinção entre nacionalidades que é importante.
    A condição de residente permanente de Macau dá acesso a todos os direitos, e deveres, reconhecidos pela Lei Básica.
    Exceptuam-se os reservados a nacionais chineses e que se relacionam, naturalmente, com a titularidade de altos cargos políticos (Chefe do Executivo, Secretários, Presidente da AL, Comandante dos SPU, dos Serviços de Alfândega, Comissários de Auditoria e Contra a Corrupção).
    Você, que aqui nasceu, e eu, que aqui fixei a minha vida, temos exactamente os mesmos direitos e deveres.
    E exactamente as mesmas limitações.
    Foi esse facto que levou muitos macaenses a optarem pela nacionalidade chinesa.

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    1. E portugueses também, vide Neto Valente. Traidores da pátria, como já falava Luís de Campões...

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    2. Mas, já agora, tenciona viver para sempre em Macau ou deseja, como os portugueses naturais de Portugal, um dia regressar à base? ;)

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    3. Nao tenho a menor intenção de voltar a Portugal, FireHead.
      Entrei para os quadros de Macau em 1999, desde então que estou a descontar para o Fundo de Pensões, e aqui que esta baseada a minha vida e a da minha família.
      E sou muito bem tratado.
      Sempre fui.
      Por isso mesmo me revolto tanto quando vejo fazer mal a Macau.
      Esta terra e magica e da oportunidades as pessoas que nao se encontram noutros locais.
      Mais importante, as minhas filhas adiram viver aqui.
      Portugal, que também esta no coração, só em ferias.

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    4. Pois, eu vivo num limbo. Sendo de Macau e amar tanto Portugal, não sei ainda. Só sei que este ano deverei voltar para Macau e será para ficar uns bons anos. Depois logo se verá. O futuro a Deus pertence.
      O seu caso é compreensível. Afinal de contas já até se considera macaense e é casado com alguém daí e as suas filhas são daí. Certamente não se adaptariam à vida cá de Portugal.

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    5. Eu também tenho o coração dividido, FireHead.
      O que dizia o saudoso Henrique de Senna Fernandes - "Portugal e a minha pátria; Macau a minha matria"
      Quando assim e, tem de ser a razão a falar e nao o coração.
      E a razão levou-me a tomar estas decisões.
      Precisamente por tudo aquilo que diz.
      Até nisso Macau foi excelente.
      Quando aqui cheguei as perspectivas eram sombrias.
      De repente, em 1998, vejo-me confrontado com duas possibilidades de trabalho - ingressar nos quadros aqui ou em Portugal.
      As tais oportunidades únicas e que só Macau da.
      Aquele abraço e votos de bfds

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  16. Exacto, FireHead.
    Mas, no caso do Neto Valente, nem percebi.
    Percebi o Leonel Alves, o Proença Branco,...
    O Neto Valente, ainda nao.
    Talvez venha a perceber no futuro....

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    1. Eu não vou tentar perceber o que quer que seja. Para mim não passam de traidores da pátria. A ver vamos se eles não quererão voltar a ter nacionalidade portuguesa quando alguma coisa acontecer...

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    2. Só digo uma coisa, FireHead - eu NUNCA faria tal coisa.
      Quem tomou essas decisões lá saberá porque o fez e terá reviver com isso.

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