Tão amigos que nós éramos

 

O que aqui tinha escrito recentemente confirma-se agora - a maior ameaça a Putin é o seu cão de fila Evgeni Prigozhin.

O líder do grupo Wagner fez-me recordar o que ouvi muitas vezes quando era garoto e que é afinal um axioma universal - querer tacho e penacho.

Prigozhin tem acesso a dinheiro fácil, senta-se à mesa farta dos cleptómanos, tem tacho.

Mas não tem estatuto, não tem poder.

E quer esse poder, quer o penacho.

Ser carne para canhão, ele e os assassinos desgraçados que lhe entregam, e não ter Poder, é algo que Prigozhin não aceita.

As declarações públicas do líder do grupo Wagner deverão efectivar o que já se vinha antevendo - o fim do relacionamento de Prigozhin com o Kremlin.

Quando dois assassinos temporária e convenientemente aliados se digladiam, normalmente um deles é eliminado pelo outro.

A concretizar-se a saída de Bakhmut do grupo Wagner, ainda para mais coincidindo com as comemorações do Dia da Vitória, estará consumada a ruptura entre Putin e Prigozhin (a trégua temporária soa a falso, a puro ganhar tempo).

E poderá ironicamente começar nesse dia a tão ansiada derrota de Putin e dos seus aliados nesta guerra inqualificável que criaram nas suas mentes pérfidas.

Putin sente o perigo muito perto, cria manobras de diversão (aquela encenação dos drones no Kremlin é surreal), estrebucha sabendo que o fim está próximo.

Quiçá às mãos do assassino impiedoso que contratou e fortemente armou.