Barco à deriva

 

Não tenho filiação partidária, não tenho outra obediência que não seja à minha consciência, ao meu sentido de justiça.

Por isso mesmo estou particularmente à vontade para criticar quem quer que seja.

Desta vez o Governo português.

Já aqui tinha referido que as maiorias absolutas em Portugal me assustam.

Infelizmente, sem uma única excepção, deram origem ao disparate absoluto.

A actual maioria absoluta está exactamente a trilhar o mesmo caminho.

Vejo António Costa envelhecido, cansado, quase farto.

E percebo porquê.

Não há uma semana de sossego, uma semana em que não haja os tais “casos e casinhos” que o próprio António Costa dizia que o entediavam.

Num momento essencial para o futuro do país, saído de uma pandemia devastadora e confrontado com uma guerra que a todos afecta, o Governo português perde imenso tempo a tratar os tais “casos e casinhos”.

Quase sempre criados por figurinhas que querem ser figurões.

A imagem externa é péssima, a confiança interna é abalada quase todos os dias, o barco dá a ideia de ir à deriva.

E não se vislumbra solução ou alternativa no horizonte.

A geração que supostamente era a mais bem preparada desde a Revolução está a revelar-se uma enorme desilusão, um grupo de fedelhos com um umbigo enorme e uma visão muito limitada e afunilada.

Festejámos o quadragésimo nono aniversário da Revolução com um país triste a assistir a um triste espectáculo.

Ainda vamos a tempo de festejar alegremente o cinquentenário?