O Governo Central e as fábulas de Esopo
As fábulas de Esopo mantêm uma actualidade incrível.
E uma susceptibilidade única de serem adaptadas às mais diversas situações da vida.
Lembrei a famosa fábula da rã e do escorpião na sequência da interpretação da Lei Básica de Hong Kong feita pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular e das suas conclusões, consequências e fundamentos.
Se é inegável o poder da Assembleia Nacional Popular de interpretar a Lei Básica de Hong Kong (é o único órgão que pode fazer interpretação autêntica da mesma), também julgo ser evidente que esta interpretação, nos moldes e no timing em que é feita, constitui um tremendo golpe no conceito “um país, dois sistemas”.
Dois deputados eleitos, por mais idiotas que sejam foram eleitos, são impedidos de repetir o seu juramento e tomar posse no Legco?
E quantos mais se seguirão a estes dois?
Tudo isto com base numa interpretação autêntica da Lei Básica, feita à margem do sistema judicial da RAEHK, e condicionando a decisão que os tribunais de Hong Kong possam vir a tomar no futuro?
A independência do sistema judicial de Hong Kong foi mandada às urtigas e Pequim aproveitou o ensejo para castigar Hong Kong por todos os embaraços que tem causado ao Governo Central e por não ter regulamentado o célebre artigo 23º da Lei Básica.
Precipitação, como já foi dito, ou, tal como o escorpião na fábula de Esopo, porque é essa a natureza que não se consegue evitar?
Seja qual for a resposta a esta pergunta, quem diria que seriam dois fedelhos disparatados a estar na base da mais visível erosão do princípio “um país, dois sistemas” à beira de se completarem 20 anos do retorno de Hong Kong à Mãe Pátria?!
Aludo apenas às fábulas de Esopo. Não deve haver uma que eu não tenha já contado centenas de vezes. E depois há a moral da estória.... que dá pano para mangas!
ResponderEliminarEsta noite (manhã) publicou mais cedo! Assim, já não "entro" como anónima. : )
Eu reconheço sempre a anónima, Catarina.
EliminarO teor do comentário, a linguagem utilizada, são suficientes para saber quem se trata.
Enfim, as grandes tragédias começam , muitas vezes, por motivos fúteis ( ou quase)
ResponderEliminarTudo de bom
Nunca pensei que Pequim fosse cometer um erro destes, São.
EliminarNão deixa os tribunais de Hong Kong, aos quais foi pedida urgência na avaliação da matéria, pronunciar-se e dá ordens?
Onde é que estão os dois sistemas?
E estes disparates (os localistas e independentistas são outros tontos) ainda só agora começaram.
Nem quero pensar onde irão parar.
Tudo de bom
Muito sinceramente, nunca acreditei muito nessa coisa dos dois sistemas...
EliminarO regime comunista chinês não tem flexibilidade para tanto
O escorpião, não é, São? :(
EliminarComo o tempo passa depressa e já lá vão vinte anos de tropelias da Mãe Pátria.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
1 de Julho de 2017 completam-se os 20 anos, Francisco.
EliminarPara celebração antecipada vamos por muito mau caminho.
Aquele abraço, boa semana
As fábulas de Esopo são fabulosas, sempre com conclusões e lições de moral que devíamos decorar e aprofundar.
ResponderEliminarPequim cometeu um erro, e agora?
Beijinhos
Quem me dera ter a resposta para essa pergunta, Chic'Ana.
EliminarA única certeza que tenho é que os tribunais de Hong Kong agora vão ser obrigados a seguir esta interpretação da Lei Básica que não solicitaram.
Beijinhos
E agora pergunto eu: havia necessidade?
ResponderEliminarUm abraço, Pedro.
Não, não havia, António.
EliminarHong Kong tem um sistema jurídico consolidado, tribunais independentes, uma excelente comunidade jurídica.
Parece que é isso que mete medo a Pequim...
Aquele abraço
Estou absolutamente de acordo com a São . Às vezes é assim que elas começam.
ResponderEliminarOxalá não seja o caso.
Um abraço
Essa é a esperança de todos nós que vivemos nas Regiões Administrativas Especiais, Elvira Carvalho.
EliminarMas mentiria se não dissesse que há um certo receio do que poderá seguir-se.
Um abraço
Começo a estar preocupado pelo futuro dos amigos ( alguns quase familiares ) que aí estão a trabalhar.
ResponderEliminarUm abraço e GOD SAVE MACAU !
Imagine o que sentimos nós, os que vivemos aqui nas duas Regiões Administrativas Especiais, João Menéres.
EliminarDevo ser muito ingénuo.
Porque nunca pensei que Pequim chegasse a estes extremos.
Aquele abraço
Caro Amigo Pedro Coimbra.
ResponderEliminarO que seria das nossas existências sem as fábulas que se encaixam como uma luva nos cruciantes problemas da contemporaneidade?
Caloroso abraço. Saudações inquiridoras.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
A actualidade e a adaptabilidade destas fábulas é impressionante, não é, Amigo João Paulo de Oliveira?
EliminarAquele abraço
Não haverá na ideia dos sr.s de Pequim uma solução simplificadora do tipo "dois em um"? Rasgam-se os tratados...
ResponderEliminarAbraço.
Este caso em Hong Kong em nada honra a palavra dada, Agostinho.
EliminarAquele abraço