Homem Rico, Homem Pobre


Homem Rico, Homem Pobre, era o título de uma série televisiva exibida no final da década de 70 do século passado, baseada no livro Pobre Homem Rico, de Irwin Shaw.
Recordei o título desta série depois de ouvir a confirmação da notícia de construção de um complexo de habitação económica nos terrenos onde deveria ser erguido o projecto habitacional La Scala.
Envolvidos em fenómenos de corrupção de todos conhecidos, aqueles terrenos, com uma localização privilegiada, e supostamente reservados para ali ser construída habitação de luxo, passam agora a ser um dos extremos de habitação económica (o outro é o complexo habitacional de Seac Pai Van) do muito luxuoso e caro Cotai.
Um complexo de habitação económica vizinho pobre do também muito luxuoso e caro One Grantai, assim como o complexo habitacional de Seac Pai Van é o vizinho pobre do muito luxuoso e caro One Oasis e do 13, supostamente o hotel mais caro e luxuoso do Mundo.
Homem Rico, Homem Pobre.
Não sou urbanista, não sou, nem pretendo ser, um expert em planeamento urbanístico.
Mas confesso que, enquanto cidadão, não consigo perceber esta salada, esta mistura do luxo ostensivo, muitas vezes quase ofensivo, com habitação económica.
E não consigo perceber que condições (escolas, supermercados, restaurantes, ...) poderão ser proporcionadas aos moradores nestes complexos de habitação económica, famílias presumivelmente de baixos rendimentos, quando inseridos na zona mais cara de Macau.

Comentários

  1. Li esse livro.

    Planos urbanísticos muito estranhos. Essa sociedade não se desvia muito do muito que se lê sobre ela.

    Catarina

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    1. O problema é que não há planeamento urbanístico, Catarina.
      Zero!

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  2. Pensar a cidade é coisa que não se faz.
    Remenda-se novo em cima do velho, improvisa-se e, assim não se prevêem ou previnem problemas futuros.
    As pessoas são colocadas em bairros que surgem de um dia para o outro, desenraizadas, sem história comum, sem sentido de comunidade.

    Abraço, Pedro.

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    1. É assim mesmo que está a ser feita a habitação económica aqui, Agostinho.
      Já tinha sido assim em Seac Pai Van, é agora outra vez em terrenos que eram destinados a habitação de luxo.
      Aquele abraço

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  3. Encomenda sádica dos mais ricos?
    Um abraço e bom feriado

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    1. Nem é sadismo, Elvira Carvalho.
      É mesmo só incompetência e falta de bom senso.
      Um abraço

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  4. Concordo contigo e por cá existe essa realidade. Não deveriam construir guetos mas por todo o mundo os poderosos conseguem sempre o que querem.

    Para mim e uma vez que vivi no BRasil e olhando de baixo para cima em pleno centro do Rio de Janeiro, pensei e ainda hoje penso quando vejo imagens...a cidade rodeada de favelas tal ninhos construídos e habitados "sabe Deus como" no dia em que descerem os morros abafam a cidade.

    Lisboa é o que é, uma reconstrução necessária mas desenfreada e nos arredores há locais que metem medo ao susto.

    Enfim Pedro a construção que referes, que será para muitos, mas que irá encher os bolsos de alguns!

    Beijocas e um bom dia

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    1. Isto é a resposta populista à febre da construção económica, Fatyly.
      Sem qualquer sentido, sem qualquer planeamento, sem nada.
      Beijocas

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  5. Ui, isso coloca n questões.
    Abstraindo-me do aspecto relativo ao planeamento urbanístico, posicionando-me só no social, interrogo-me sobre o que será melhor: viver em guetos ou nessa pretensa "miscelinização"?
    Se desejamos que marginalização não, nunca, guetos nem pensar, o caminho não será ir por aí?
    Em termos práticos, nivel de vida, poder de compra, etc., essas pessoas não poderão abastecer-se de todos os bens necessários ao seu dia a dia em locais mais acessíveis?
    Pedro, não me parece fácil, ou melhor, não consigo opinar sobre esse problema.
    Sabes? É que por aqui - e penso não termos a exclusividade - a "história" dos bairros sociais e quejandos nem sempre corre bem. É que, quer queiramos quer não, a marginalização está lá, não sejamos hipócritas.

    Beijinho, Amigo.

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    1. Marginalização que se intensifica quando se colocam as pessoas em locais a que não têm acesso.
      É mostrar o doce e não deixar o menino comer.
      Beijinhos

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  6. Realmente , é uma mistura que faz lembrar o Brasil...

    Agora vou ler Anselmo Borges

    Boa semana, Pedro

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    1. Até irrita, São.
      Leia Anselmo Borges que vale a pena.
      Boa semana

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  7. Parece-me que nem uns nem outros ficarão satisfeitos!
    O critério é muito estranho...

    As casas de luxo ficam desvalorizadas e as económicas mais caras...

    Será interessante ver quem escolherá viver lá!!!
    Bjs

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    1. É uma opção completamente sem sentido, papoila.
      Quem é que lá vai viver?
      Quem não tem mesmo outra possibilidade.
      Porque muitas das já construídas noutra urbanização ou estão vagas ou são objecto de negócios totalmente à margem da lei.
      Bjs

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  8. Olá Pedro
    começo por lhe pedir desculpas da minha ausência
    mas...
    tenho estado pouco pelo computador
    ...
    Hoje feriado, cá vim.

    Pois...
    fenómenos de corrupção é o que mais há por aí e aqui
    ou seja, pelo Mundo todo.

    Como não sou uma expert em planeamento urbanístico
    pouco posso dizer sobre o assunto.

    Uma coisa lhe posso dizer:
    dei tanta gargalhada com a história do Centro de Saúde de Olhão....

    Se quiser visitar-me, tenho 3 blogues activos
    em cada um deles há temas bem diferentes.
    Vi que já foi ao do Pub
    é verdade, muito british mesmo.

    Obrigado pela visita e comentário.

    http://pensamentosimagens.blogspot.pt/
    o tema aqui é:
    Homenagear a Câmara Municipal da Moita, pela iniciativa que teve, no "Mês do Idoso"

    http://tempolivremundo.blogspot.pt/
    passeio pela Serra da Arrábida, com uma amiga virtual do Brasil
    que veio a Portugal e naquele dia ficamos amigas reais
    levei-a a conhecer toda esta zona lindíssima

    Um abraço e boa semana!

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    1. Visitarei esses seus espaços a partir dela amanhã, tulipa.
      Hoje é para relaxar.
      Um abraço, boa semana

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  9. Será que pretendem fazer como nas novelas brasileiras onde ricos e pobres convivem e se tratam como amigos? Segundo os actores, é para dar ao povo a ilusão de que não há preconceitos. O tanas!!

    Lembro-me bem dessa série televisiva, Pedro.
    O homem pobre era o Nick Nolte. O rico, estou a visualizar-lhe o rosto mas não me ocorre o nome.
    Acho que houve uma segunda série, mas já não agradou tanto.

    Beijinhos

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    1. Não, Janita.
      Aquele hotel estupidamente caro, que ainda não abriu e já fez a maior encomenda de Rolls Royce da história da marca, todos personalizados e postos ao serviço dos hóspedes do hotel, terá clientela seleccionada até para os espaços de restauração.

      O actor que não se recorda fez suspirar muitas meninas - Peter Strauss.

      Beijinhos

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  10. Fico na dúvida, um pouco como a GL.

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    1. Não vai haver aqui qualquer integração, luisa.
      Isso ainda é mais chocante.
      É o que comentava - mostrar o doce à criança que sabe que nunca o irá provar.

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  11. olá Pedro, pontos de interrogação não faltaram a quem para um pouco para pensar ?!
    até amanha
    Angela

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    1. Eu não tenho dúvidas, Angela - é uma ideia estapafúrdia, estúpida.
      Até amanhã

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  12. O Pedro não percebe e eu também não, porque em certas zonas de Lisboa também fazem essa amálgama. Não me parece que lucre nenhum dos residentes, quanto ao resto para mim também é um mistério...

    Beijocas

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    1. Não lucra ninguém e os residentes que vão ser colocados nestes complexos de habitação económica vão ficar a olhar para os palácios, sem terem acesso aos mesmos, e sem terem condições para viver ao pé das próprias casas.
      Saem tarde dos locais de trabalho e vão comprar uma refeição rápida onde??
      A um hotel de luxo??
      E os filhos vão estudar onde?
      Longe do local de residência.
      Quem os leva e quem os vai buscar?
      E por aí fora.
      Beijocas

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  13. Também não entendo de urbanismo...
    Mas não vejo "mal" nisso. Talvez seja melhor que o total separatismo das classes em áreas sociais distintas.

    Sabes o que provavelmente é? As «senzalas». O alojamento da «mão de obra». Afinal todos esses ricos vão precisar de empregados. Baratos, de preferencia, mas seguros. Se já viverem por perto melhor, não têm de os colocar a viver dentro de casa, arriscando colocarem alguem perigoso.

    Não sei se faz sentido..

    E o pobre fica a ganhar também, pela localização privilegiada, que um dia subirá de valor. Embora não deixe de ser sempre explorado. Se pagar renda pode ser despejado a qualquer instante, basta os interesses economicos falarem mais alto.

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    1. O oposto, Portuguesinha.
      Em vez de integrar as pessoas, separa-as.
      E separa-as mostrando-lhes a riqueza, o fausto, sem lhes dar acesso a tal e criando-lhes sérias dificuldades no dia-a-dia.
      Puro populismo.
      Está na moda fazer habitação económica.
      Sem nunca intervir no completamente desregulado mercado da habitação que isso é que não interessa porque equivaleria a matar a galinha dos ovos de ouro para fazer canja.

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  14. Que falta de senso :(.... Por acaso lembro-me dessa série eram dois irmãos: um loiro e um moreno (do moreno recordo-me e bem, é obactor Peter Strauss).

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  15. A incongruência dessas decisões é que me deixam banzado, Pedro. Porém, se isso o deixa mais descansado, esse fenómeno passa-se não só na China, mas em todo o mundo, com honrosas excepções.

    Aquele abraço, Pedro.

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    1. Aqui dá para fazer tudo porque pura e simplesmente não há um Plano Director para a cidade, Ricardo.
      Parece impossível, é a mais pura verdade.
      Aquele abraço

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  16. Ele há coisas que custam a compreender mesmo tendo as melhores intenções e quase de certeza que vai ser um foco de atrito.
    Um abraço e boa semana.
    Andarilhar

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    1. Nem quero pensar na confusão que ali se vai criar com a construção de 8000 unidades, Francisco.
      Um abraço

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  17. Mais confusão, mais problemas?
    O que se passa por aí, Pedro?
    Abraço

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    1. A loucura parece não ter fim nem conhecer limites, António.
      Aquele abraço

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  18. Não existe planeamento, pura e simplesmente. É a lei do construir e desenrasca sem pensar na envolvente...
    Beijinhos

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  19. Talvez a intenção seja a de inclusão, talvez nem tenham pensado nisso sequer, talvez existam "outros" interesses ... Na Alta de Lisboa que tentaram fazer esta inclusão, está uma bela confusão instalada. Conheço quem comprou lá casa e só não sai, porque não consegue vender. Apesar da alta de Lisboa não ser para "homem rico" era para "homem remediado" :)
    beijinhos

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    1. Nem lhes passou tal coisa pela cabeça, Isabel.
      Está na moda, dá popularidade e votos, defender a habituação pública.
      Quando o que devia ser construído era exactamente mais habitação dirigida à classe média, a chamada classe sanduíche, constituída por aqueles que têm rendimentos acima dos previstos para aceder a habitação económica, social, mas não têm rendimentos suficientes para adquirir no caríssimo mercado privado.
      Beijinhos

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  20. É sem dúvida, estranho.
    Mas aquilo que os políticos decidem,
    quase nunca nos é compreensível.
    Abraço amigo e boa semana.
    Irene Alves

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    1. Só é compreensível à luz de critérios simplesmente populistas e da pura caça ao voto, Irene Alves.
      Um abraço

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  21. Caro Coimbramigo


    DROGADO JOVEM OU JOVEM DROGADO
    Acabo de publicar na NOSSA TRAVESSA um novo textículo de minha autoria que tem como título DROGADO JOVEM OU JOVEM DROGADO que se passa num RESTAURANTE-BAR (tasco) no qual retomo a linha neorrealista que tantas/os leitoras/es apreciam. Oxalá o mesmo se passe com este. Nela, e como lhe compete, o vernáculo reina, sem pejo, nem falsos pudores.

    Henrique, o Leãozão



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    1. Vou lá ler daqui a bocado, FerreirAmigo.
      Ontem foi feriado, foi dia de descanso.
      Aquele abraço para ti, beijinhos para a Raquel

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  22. Bom dia
    Lembro-me desta história. Diferenças sociais.
    Será que estamos voltando ao mesmo???

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    1. Um pouco por toda a parte é essa a ideia que fica, Luis :(

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  23. Respostas
    1. Passou-se do projecto de luxo à habitação pública, económica.
      Vá o Diabo entender...

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  24. Pedro veio lembrar uma séria já esquecida e que eu não perdia.
    Quanto a essa construção, parece-me que cada vez mais separam as classes sociais.
    O ser humano é muito estranho.

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    1. Ficam os mais desfavorecidos, ou supostamente mais desfavorecidos, a olhar para os ricaços, Maria Araújo.
      Uma espécie de cinema ao vivo.

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