AL aponta o dedo ao Governo, Governo aponta o dedo à AL, Chan Chak Mo aponta o dedo aos juristas


Ho Iat Seng, Presidente da Assembleia Legislativa de Macau, criticou o Governo pelo atraso na entrega de projectos de lei ao hemiciclo, atraso que fundamentaria a pouca produtividade do órgão legislativo, a demora na aprovação de leis ou de alteração a outras já aprovadas.
O Governo, por sua vez, critica a Assembleia Legislativa por levar uma eternidade em discussões, tantas vezes estéreis, até aprovar os diplomas que lhe são entregues.
Nada de novo a Oriente.
Esta guerra nada surda entre os poderes executivo e legislativo já tem barba e cabelo grisalhos.
Curioso é que, para o observador mais atento e menos comprometido com qualquer das partes em conflito, ambas são vítimas e culpados, que o mesmo é dizer que ambas têm razão nos seus protestos, sendo simultaneamente causa desses protestos.
Se é verdade que o executivo entrega projectos tarde e a más horas ao legislativo, muitas vezes com graves deficiências, e para serem aprovados em prazos muito curtos, também não é menos verdade que o legislativo se perde em longas discussões, tantas vezes laterais ao projecto de lei em discussão, em incontáveis e intermináveis monólogos que raramente auxiliam a discussão e enriquecem o projecto em aprovação.
O que há de novo neste bate-boca é a entrada em cena do deputado Chan Chak Mo e sua decisão salomónica acerca deste diferendo.
Afinal, a culpa para tantos atrasos e dissensões é dos juristas, quer do executivo quer do legislativo, que não se entendem na redacção dos projectos de lei que o hemiciclo tem que posteriormente aprovar.
Tudo simples, tudo claro - a culpa, mais uma vez, é do mensageiro.
Reconheça-se que, no mundo de Chan Chak Mo, de todos os Chan Chak Mo, regido pelo princípio "seja feita a minha vontade", seria efectivamente tudo muito mais simples e claro.
Mas também muito mais perigoso.

Comentários

  1. O busílis está na "Incompreensão dos textos legais" em discussão, conforme foi agora revelado. Ora, isto é mesmo dizer para o povinho que está a trabalhar no Governo ou na AL algum analfabeto, será isto verdade ?

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    1. Que a esmagadora maioria dos deputados não percebe patavina do que está a discutir eu não tenho dúvidas, Anónimo.
      Os assessores, os juristas a quem é apontado o dedo, sem querer ser juiz em causa própria, até não são propriamente incapazes.
      Aponto para os meus colegas que prestam funções na AL e que até são muito bons.
      Uma opinião que não é só minha, longe disso.

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  2. O Oriente tem muito esse pendor para a discussão ou é impressão minha?

    Pedro, é capaz de me fazer o favor de explicar a diferença entre juristas, advogados e solicitadores? Desde já, agradecida.

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    1. Aquilo nem são discussões.
      Maior parte das vezes são longos e enfadonhos monólogos.
      Que não levam a lado nenhum.

      Diferenças:
      Para se ser advogado, é necessário o curso de Direito e a aprovação no estágio de advocacia.
      Só depois é emitida a cédula profissional.
      A minha está suspensa porque não exerço advocacia e não quer pagar quotas nem Caixa de Previdência.
      No dia em que quiser, se quiser, o que muito duvido, é só pedi-la de volta.

      O jurista, ou só tem o curso de Direito e não tem o estágio de advocacia, ou, como é o meu caso, não exerce advocacia e limita-se a trabalhar na área do Direito, normalmente no seio da Administração Pública e com poderes de litigação muito limitador.
      O solicitador não tem o curso de Direito, faz uns trabalhos burocráticos na esfera do Direito sem nunca poder litigar.

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  3. Atrevo-me a dar um título: ao sabor da confusão.
    E não me parece que haja necessidade.
    Abraço

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  4. Atrevo-me a dar um título: ao sabor da confusão.
    E não me parece que haja necessidade.
    Abraço

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    1. O que é engraçado é que acabam por arranjar sempre um "bode respiratório", à moda do Jorge Jesus, António.
      São os juristas esses malvados.
      Não há cu que aguente!!
      Aquele abraço

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  5. A "Lei do empurra" sempre deu muito jeito nas políticas ! É a "lei do menor esforço" ! Fica-se com a ideia que quando se atiram as culpas para "o outro" é como que um "lavar de mãos" !

    Sempre muito fácil criticar do que realizar e finalmente quando se realiza, "cai o Carmo e a Trindade" ! Quem te mandou a ti "mensageiro" fazer o que estás a fazer ? ... "Deixa correr" que é isso que nós queremos !!!

    Abraço !

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    1. Às vezes parece mentira, Rui.
      E irrita até à medula.
      Aquele abraço

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  6. É preciso paciência, Pedro. Não sei é se de oriental ou de ocidental. ;)

    Abraço

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  7. O jogo do empurra quando não se quer fazer.
    Desejo que o amigo se encontre bem.
    Abraço.
    Irene Alves

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    1. Quando não se quer e quando não se sabe, Irene Alves.
      Abraço

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  8. O jogo do empurra? Onde é que eu já vi isto?

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  9. ~~~
    Pois, todos ralham e parece que ninguém tem razão.

    E não comem pão...

    ~~ Beijinhos. ~~
    ~~~~~~~~~~~~~

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  10. A fogueira estava branda e deitou-se mais uma achazinha para acordar o fogo... Há alguns para quem o jogo de atirar culpas é o desporto que mais praticam. Boa semana!

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    1. A idiotice ainda não paga imposto, M Campos.
      Enquanto assim for vamos ter muitos destes à solta.

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  11. Perigosissimo, Pedro!
    Bom FDS,
    Mor

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