Do livro da terceira classe do meu pai
Em tempo:
Fica o poema completo.
Que me foi enviado pela minha prima, que já aqui referi várias vezes, a minha irmã de coração, que me acolheu aqui em Macau e cujo aniversário deixei passar em claro este ano.
Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha
Os ternos pombos arrulham
Geme a rola inocentinha
Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo,
Os elefantes dão urros,
A tímida ovellha bala,
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves,
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas
Apenas sabe chiar.
O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintainho,
Cucurica e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros
O cordeirinho balidos,
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
Se encontra em pobre rima
As vozes dos principais.
Fonte
In Elementos para um tratado de fonética portuguesa, de Rodrigo de Sá Nogueira (Imprensa Nacional de Lisboa, 1938).
Lembro-me muito bem deste texto e achoq ue o cheguei a saber de cor
ResponderEliminar"Roubei" do Facebook do meu pai, Manu.
EliminarEstá muito engraçado e faz-nos reviver outras épocas.
Bom dia
ResponderEliminarLembro-me perfeitamente , pois fui obrigado a decorá-lo e ir ao quadro dize-lo em voz alta para toda a sala.
JAFR
Outros tempos que convém não esquecer.
EliminarLindo relembrar! Belo achado,Pedro! abraços, chica
ResponderEliminarFoi o meu pai, quem achou foi o meu pai.
EliminarEste texto disparou a memória e veio á tona com uma facilidade que me espanta, decorei-o em 1960 e ficou. O que fiz á três dias ou oito "já foste"!
ResponderEliminarA nossa memória é selectiva, álvaro silva.
EliminarMesmo que a gente não tenha consciência disso.
Também foi o meu e ainda sei de cor este poema:)))
ResponderEliminarBeijocas
Eu não conhecia e achei o máximo, Fatyly.
EliminarBeijocas
Muito giro. :)
ResponderEliminarPara relembrar outras épocas, outros tempos, luisa :)
EliminarE do meu. Lembro-me bem.
ResponderEliminarAbraço
Este roubei no Facebook do meu pai.
EliminarAbraço
do meu livro da primária...que saudades!
ResponderEliminarHoje vou completar, Dulce Oliveira.
EliminarEstes versos não são de Afonso Lopes Vieira?!
ResponderEliminarNão, Teresa, hoje vou completar.
EliminarComo foi possível que eu tenha deixado passar esta preciosidade, ontem? Ou à hora que comentei ainda não estava aqui, Pedro?
ResponderEliminarSei este poema de cor e também foi este um dos meus livros de leitura da primária. Este e outros poemas sei-os de cor.
Obrigada, Pedro! :)
Beijinhos
Roubei no Facebook do meu pai, Janita.
EliminarE completei hoje com a contribuição da minha prima.
Beijinhos
Thank you very much
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