In Memoriam


Henrique de Senna Fernandes faleceu esta manhã.

Gravemente doente há já algum tempo, o escritor, advogado, professor, contador de histórias, o bom compincha, como era descrito pelo seu filho Miguel, partiu.

Fica a sua obra.

Ficam Amor e Dedinhos de Pé; A Trança Feiticeira; A-chan, a Tancareira; Contos de Mong-Ha; Nam Van.

Fica sobretudo uma maneira única de olhar e descrever Macau.

A cultura, a miscegenação, a História, as histórias.

Henrique de Senna Fernandes era, acima de tudo, um contador de histórias.

Um homem que, se adorava escrever, tinha igual paixão pela conversa, pela papiaçam.

Sendo um admirador da obra literária de Henrique de Senna Fernandes, tive o grato prazer de o conhecer pessoalmente numa Feira do Livro, no Largo do Senado, poucos dias depois de chegar a Macau.

Conversámos um bocado, sobretudo sobre Coimbra, a cidade onde cursou Direito e de onde eu acabava de chegar.

Autografou-me dois livros de sua autoria que tinha naquele momento comigo enquanto íamos conversando.

Livros que guardo ciosamente.

Já "conhecia" Henrique de Senna Fernandes, através da sua obra literária, intensamente auto-biográfica, antes de vir para Macau.

Curiosamente, no dia em que cheguei, Henrique de Senna Fernandes, mandatário local da candidatura presidencial de Cavaco Silva, debatia com Jorge Neto Valente, mandatário local da candidatura de Jorge Sampaio, as presidenciais que se iriam realizar proximamente.

Nunca mais esquecerei aquele debate.

Vinha habituado a agressividade, a falta de educação até, nos debates políticos a que assistia em Portugal.

Aquele duo foi o oposto.

O debate foi um momento de boa disposição, um peleja animada entre dois amigos, circunstancialmente em campos opostos.

Foi um bom sinal para logo ali perceber que estava perante uma nova realidade.

Aos 86 anos, Henrique de Senna Fernandes partiu.

Que esteja em Paz.

À família enlutada, os meus sentidos pêsames.

Comentários

  1. Um final de vida atribulado merece agora paz, repouso.
    Bjs

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  2. Um Grande Homem, um Romamcista, um Humanista, Um Amigo, que muito fez por Macau.
    Partiu, mas sempre estará presente.
    à família enlutada os meus pêsamos.
    Descanse em Paz no Reino dos Céus Amigo Henrique.

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  3. Caro Cambeta,
    Uma das minhas primeiras memórias de Macau, como aqui deixei escrito, ficou ligada a Henrique de Senna Fernandes.
    Um conversador e contador de histórias ímpar.
    Um abraço

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