O manifesto dos políticos e a camisa de forças da AD




Mais uma vez, a semana política vista de longe.
Com dois temas essenciais - o manifesto dos 50 e o entendimento parlamentar entre PS e CHEGA relativamente às Scut.
O primeiro é um exercício de hipocrisia dificilmente aceitável.
Cinquenta personalidades, que apenas terão em comum o facto de terem exercido cargos de grande responsabilidade dentro do aparelho de Estado, aparecem agora inopinadamente a assinar um manifesto que se reduz a uma colecção de panfletos vagos, típicos de uma boa conversa de café.
Nem uma medida concreta, apenas um conjunto de slogans, de intenções avulsas, vindo de quem teve poder para reformar a Justiça e nunca o fez.
Por incapacidade ou falta de vontade é outra conversa.
Um exercício hipócrita, repito, vindo de quem vê o Ministério Público cada vez mais afoito nas investigações a uma classe política que se continua a julgar uma casta de privilegiados inatingível.
Na Assembleia da República, entretanto, o xadrez político mexia todas as suas peças.
O entendimento parlamentar entre PS e CHEGA (não é o primeiro e não será o último…) não será uma coligação negativa como tantos a têm caracterizado.
Muito menos um entendimento estratégico em medidas pontuais em que os dois partidos convergem.
PS e CHEGA convergem sobretudo na estratégia política de colocar a AD num verdadeiro colete de forças.
O PS a tentar forçar um entendimento entre a AD e o CHEGA; o CHEGA a tentar chegar ao poder por esse caminho.
Será muito difícil a Luís Montenegro e à AD governar se estes entendimentos entre quem está à sua esquerda e à sua direita se repetirem.
E, assim sendo, as alternativas são óbvias - ou a AD e o CHEGA se coligam; ou o Governo cai e vamos para mais umas eleições (um Bloco Central com estes PS e AD está fora de questão).
Novas eleições, com as Europeias como antecâmera, não desagradam ao PS.
O acesso ao Governo à boleia da AD é o sonho de André Ventura e dos seus compagnons de route.
É o Parlamento a funcionar, diz-se nos comentários no espaço público.
E é o País à espera, acrescento eu.

Comentários

  1. Teresa Palmira Hoffbauer

    Novas eleições, com as Europeias como antecâmera, não desagradam ao PS, porque sonha com uma maioria absoluta, mas vai-se lixar, disso tenho eu a certeza, embora não perceba nada de política.

    Quanto às cinquenta personalidades concordo absolutamente com p Pedro. A hipocrisia no seu melhor.

    O Pedro Nuno Santos e o André Ventura ambos sedentos de protagonismo fazem na Assembleia uma triste figura.

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    1. Aquelas 50 personalidades o que é queriam com este manifesto, Teresa??
      Confesso que há coisas que me tiram do sério.
      PS e CHEGA estão em pré-campanha.
      Para as Europeias e para umas possíveis Legislativas antecipadas.
      Mas o Pedro Nuno Santos é melhor olhar bem pelo retrovisor.
      Se leva outra sova nas Europeias tem que ir procurar outro poiso.

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  2. Não me pronuncio sobre o Manifesto, pois não li. Porém, penso que algo tem que ser feito mesmo.

    Creio que o Ministério Público (MP) não tem actuado correctamente.

    Como é possível , só para exemplificar, quatro anos de escutas telefónicas a uma pessoa? Muito do material dum processo são páginas de jornais? As gravações das declarações de um suspeito são passadas num canal de televisão? O segredo de justiça é sistematicamente desrespeitado e existe sempre um espalhafato com cortejos de funcionários e meios , que , afinal, sempre existem.

    Só para acabar com chave de ouro : a máxima responsável do M.P., Lucília Gago, afirma não ser responsável de nada. Que faz então ? Só recebe o salário ?

    Desnecessário reafirmar que a classe política deve ser escrutinada, mas o MP também.

    Na Assembleia , espero que haja responsabilidade tanto do Governo como da oposição.

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    1. Completamente de acordo, São.
      Seremos muitos a pensar assim.
      O problema é que este manifesto não só não propões nada de concreto como soa a muito a tentativa de condicionamento.
      Antes que me batam à porta...
      Não serão todos, mas serão muitos a pensar assim.

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  3. Que que país este, ou melhor, que políticos estes...
    Agora que parece não faltar dinheiro, faltam políticos de qualidade.
    Que treta de país.!
    Beijo.

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    1. Nesta geração a qualidade efectivamente não abunda, teresa
      Beijo

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  4. Concordo com o 1° item.
    Quanto ao 2° vejamos.
    O PS limitou-se a apresentar uma medida que tinha no seu programa eleitoral e com cabimento no Orçamento, estou a falar das SCUT.
    Só faltava ir perguntar ao Chega se concordava, para recuar e não ser acusado de coligação negativa.
    Está a fazer o seu papel de oposição e não à procura de eleições e de uma maioria.
    Só que o Governo já entendeu que a maioria está na oposição e quer forçar eleições armando-se em vítima.
    Montenegro nunca devia ter pronunciado aquele, " Não é Não ", aliás como alguns "chefes" do PSD disseram.
    E quem é que foi o construtor deste cenário?
    Mais ainda, PORTUGAL não é uma treta, está apenas a passar por uma situação que decorre de mudanças sociológicas que 50 anos de Democracia e perturbações de ordem mundial trouxeram para o xadrez político.

    Abraço

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    1. É a sua opinião.
      Que alinha com o discurso oficial.
      Mas eu acho que é mais para além do discurso.
      Basta pensar que o PS era poder até há pouco tempo.
      E o líder até tutelou aquela área
      Agora é que se lembrou?
      Abraço

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    2. O Governo de Costa focou-se no défice.
      O PS tem que mudar de estratégia, afinal as eleições mostraram que tinha de mudar de caminho.

      Abraço

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    3. Já esqueceram o há vida para além do défice?? :)))
      Abraço

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  5. Alguém que diga àqueles gajos que isto é, por enquanto, um País e não Portugal dos Pequeninos.
    Mais uma prova de que este Governo está a prazo. Pelos vistos, cada vez mais curto.
    Abraço

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    1. Ou a prazo curto ou a cair nos braços do CHEGA, António.
      Uma ou outra.
      Venha o demo e escolha.
      Abraço

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  6. Eu sempre disse que este governo não iria longe ! Enfim aguardemos!
    Beijos e uma boa tarde

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  7. Que a vida não lhes vai ser fácil, ai isso não vai.
    Eu limito-me a aguardar, pois me parece tudo muito frágil, pouco consistente.
    O que desejo acima de tudo é que o Chega leve um forte "chega pra lá" e fique reduzido à ínfima expressão.
    Para o próximo Domingo desejo-vos um muito feliz Dia das Mães.
    Uma semana feliz.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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    1. Com estas diatribes o CHEGA cresce, Mariazita.
      De certeza.
      Até nisso, PS e PSD estão a ser BURROS.
      Beijinhos, boa semana

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  8. Não confio em qualquer dos três líderes. Dali não me parece que saia boa coisa.

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    1. Junte-lhe o Nuno Melo e tem ali um lindo ramalhete, bea.
      Infelizmente.

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  9. hypocrisy is bigger weapon of politicians after black money
    public is aware of everything ,but honestly do they have any other option except continue to be part of this mechanism

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