Um Parlamento a celebrar simbolicamente os 50 anos do 25 de Abril

O Parlamento saído das últimas eleições é quase uma celebração simbólica dos cinquenta anos de Abril.

Um Parlamento que abrange uma diversidade de opções e ideologias como nunca tinha sido visto em Portugal.

E que exige debate, diálogo, negociação.

Tão complexo quanto rico.

Vivemos demasiado tempo a ouvir um samba de uma nota só.

Cinquenta anos depois de termos tido a oportunidade de dizer nas urnas o que queremos, e vindo de quem, o Parlamento em Portugal é o maior símbolo de uma democracia viva e vibrante.

Os militares de Abril tiveram a visão e a generosidade de devolver o poder ao povo.

Cinquenta anos depois, o povo, os eleitores, agradeceram essa generosidade manifestando nas urnas a vontade de dar voz a praticamente todo o espectro político existente na sociedade.

Espero que os eleitos saibam honrar o mandato que lhes foi conferido.

E que, em última análise, devem aos que arriscaram a vida dentro e fora das fronteiras do país para que todos pudéssemos ter voz.

Essa é a melhor celebração de Abril.

Aquela que os muitos que combateram e tombaram nas antigas colónias, os presos e torturados por delito de opinião, os impedidos de ter acesso à saúde e à educação, tanto desejaram e viram negada.