O fantasma da crise

E, de repente, o fantasma da crise regressou.

E Março de 2023 reviveu o ano de 2008.

Primeiro, a falência do Silicon Valley Bank; dias depois a falência do Signature Bank.

Alarme no sector financeiro, as lideranças políticas a tentarem apelar à calma, a garantirem que os riscos para o sector financeiro são mínimos.

Ainda assim, os depositantes a correr aos bancos para levantarem as suas poupanças porque o pânico é irracional.

As semelhanças com o que aconteceu em 2008 são mais que muitas.

Desregulação do sector financeiro americano, que tinha sido apertada a seguir a 2008 mas que o desvairado Trump reverteu; capital de risco; juros altíssimos; inflacção galopante.

Tudo agravado por uma guerra a Leste na Europa e o fortíssimo investimento em produtos financeiros de risco e em startups.

O sonho tornou-se realidade, dizia Michael Douglas no mítico Wall Street.

Na actualidade, o sonho foi talvez demasiado longe.

Porque a economia não só não produz nada como passou a confiar na ilusão, a investir no que objectivamente não existe.

"Minerar" moeda virtual é investir num produto financeiro imaginário.

Um investimento que resulta na prática no consumo de quantidades obscenas de energia (a "mineração" consome o que poucas cidades consumirão) e na criação de produtos financeiros baseados em coisa nenhuma.

Quando se acorda de um sonho muitas vezes há suores frios, medo.

Terríveis quando se fala de economia, da economia real, não da virtual.

Um Mundo assustado com uma guerra no Leste da Europa treme agora com a possibilidade de novo terramoto no sector financeiro.